Capítulo 4

110 11 17
                                    

Estados unidos havia fugido de seu quarto de novo, pelos tubos de ventilação. Mesmo quando acorrentado, ele fugia, era astuto e esperto. Ele possuía um lugar para o qual ia em suas fugas, para ajudar um "amigo" russo. Lembrava de quando o conhecera:

***

Seu objetivo inicial era ver sangue de alguém esparramado no chão, e então vira Rússia, com olheiras, bebendo vários copos de Whisky e Vodka, tentando esquecer de algo provavelmente. "Uma vítima perfeita, eu diria", pensava o americano, já lambendo os lábios por conta de seu desejo repentino de ver uma faca atravessando o garoto

Estados Unidos era um demônio calculista e bonito, com olhos bicolores e gélidos, com uma camiseta colada ao corpo junto com uma calça preta extremamente agarrada, das quais destacavam perfeitamente seu corpo diabolicamente divino, mas o tricolor não se importava com nada disso. Ele apenas queria sufocar sua dor com algo físico, abafar a voz de sua consciência que berrava cada vez mais alto para que colocasse um ponto final em sua trágica história de vida.

O rapaz se aproximou do eslavo e o mesmo, sem se preocupar muito com o que o americano iria pensar dele, deixou seus pulsos repleto de cicatrizes descuidadamente descobertos. Os olhos azul e vermelho passaram a encarar o pulso repleto de pele sensível e chegou até a se atrever a passar os finos dedos por elas, sentindo a mesma textura que a do seu pulso, consequência de quando se forçou a sentir algo, aos oito anos, mergulhando suas mãos até a altura de seus pulsos em água fervente

- Pode parar com isso, por favor? - disse o eslavo recolhendo os pulsos

- Pode ficar tranquilo Rússia, esse é mais louco que você, não é Estados Unidos? - perguntou o barman, chamado Sebastian, vendo o americano se divertindo por ver que o russo possuía coisas em comum com ele.

- Você sabe que sim, Sebby.- Respondeu o americano como se estivesse se divertindo com a sua loucura - Lembra do meu "incidente"? - disse demonstrando os pulsos queimados.

- Seu pai deveria ser um louco para deixar você sozinho com uma chaleira de água fervente.

- O único louco em casa sou eu, e você sabe disso. - disse logo depois de dar algumas risadas de modo insanamente anormal - Me vê dois copos do de sempre, sebby! E por favor, já traga a conta, não pretendo beber muito hoje. - completou a frase com uma piscadela

***

Poucos meses depois, lá estava ele, quase chegando no quarto de um certo russo, pronto para começar a se divertir com seus brinquedos contrabandeados. Dessa vez seriam lâminas compridas e suaves, que fariam um estrago e tanto se não soubessem como manuseá-las.

Eram lâminas desenhadas justamente para tortura, apesar que a maioria das pessoas considerassem aquilo um instrumento de culinária. Podia sentir a sensação de ver o manequim de tortura na sua disposição, sorrindo com ele e selando os lábios enquanto o líquido carmesim escorria por sua pele e a sua dor interior abafava.

O sangue presente em sua mão aliviava ambos, trazendo paz para o torturador e para o torturado. Os cortes não podiam ser fundos, no entanto, estavam espalhados por seu corpo inteiro, esvaziando tanto sua dor, como sua angústia. O maior prazer do americano, era ver as mordidas em sua pele, como forma de agradecimento por o ajudar a se livrar do peso do eslavo.

- Você não pode perder muito sangue, honey.- disse o psicopata se divertindo com as mãos grandes apertando seu corpo, sujando sua camisa com um pouco do líquido citado. - Você não quer me deixar aqui sozinho, né?

- Só mais alguns, Ame - o eslavo finalmente se sentia bem, com a sensação do calor o percorrendo, não queria que acabasse tão cedo.

Ame tapou a maioria dos ferimentos com curativos que trouxera, para que não houvesse uma hemorragia, tendo a oportunidade de fazer um dos seus shows particulares para Rússia, fazendo alguns passos de Strip dance, mexendo o corpo de uma forma sedutora. E então se sentou no colo de Rússia, pegou uma de suas mãos e passou em seu rosto.

"Uma mão tão grande e bonita" pensava enquanto trocava a lâmina por um estilete novo em folha. Com o cabo de plástico, ergueu o queixo do maior, deu um sorriso perverso enquanto a cara de Rússia estava séria, esperando por uma única frase para retribuir o sorriso doentio.

- Why are so serious? - Disse o garoto que arranhava a pele do russo com a lâmina e ameaçava morder a orelha do maior, fazendo referência a um vilão tão louco quanto ele. Dito isso, o maior retribuiu o sorriso, sentiu sua pele sendo rasgada pelo estilete e o menor mordeu sua orelha.

A libertação era o cheiro presente no quarto, junto com um amor insano, mas belo. Um psicopata que matava por seu amor e um suicida que morreria por sua paixão. Não havia como existir algo tão belo, doentio e dolorosamente bonito quanto o divertimento de ambos.

Mas havia alguém disposto a acabar com essa diversão...

A porta abriu com tudo, e o olhar verde logo se dirigiu para EUA que foi rápido o suficiente para jogar a sacola de facas debaixo da cama junto com o estilete da forma que ninguém havia percebido. ONU estava presente na sala junto com os guardas do hospício, sorrindo em sinal de vitória. Algo acertou o americano na nuca e ele desmaiou, viajando para a terra dos pesadelos

Romance entre loucos- um conto um pouco clichê Onde histórias criam vida. Descubra agora