34° Capítulo

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"Então Melody, que estás aqui a fazer?" O meu primo perguntou-me ao me ver sozinha na sala a olhar pela janela para o jardim.

"Estou só a ver o jardim." Respondi-lhe sem desviar a atenção do jardim.

"O jardim ou o Harry e a Lindsay?" Ele juntou-se a mim a observar-los.

"Talvez seja eles. Eles estão ali há tanto tempo Dylan!" Sai da janela e fui até ao sofá sentando-me neste. "E eu nem sei o que se passa"

"Como assim não sabes o que se passa?" O meu primo sentou-se ao meu lado.

"Não sei, o Harry esta estranho, um pouco antes do almoço ficou assim e nem percebo o porquê"

"Pensava que sabias porque é que ele está assim contigo"

"Eu não sei, tu sabes?"

"Ele pode ter comentado comigo qualquer coisa..."

"O que Dylan?!"

"Melody, eu não sei bem o que dizer" Ele virou a sua cara olhando noutra direção sem ser a minha face.

"Dylan, não temos segredos, e eu preciso de saber o que se passa com ele"

"Mel, ele está, como hei de dizer, triste? Porque, pelo que ele me contou"

"Podes dizer em vez de estares ai a enrolar?" Interrompi-o

"Pronto, ele está triste com as tuas mudanças de humor repentinas"

"Como assim?"

"Ele contou-me que tu num momento tanto estás bem com ele como não estás"

"Nós estamos sempre bem, somos amigos, nunca nos zangamos"

"Melody, não é como amigos, ele diz que tu por vezes, como hei de explicar, mostras que gostas dele e que parecem bastante chegados e por vezes não"

"Não estou mesmo a perceber." Levantei-me do sofá e comecei a caminhar pela sala.

"Por exemplo, ele contou-me que foste bastante ciumenta quando ele conheceu a Halley e a Ashley mas depois hoje ao almoço, quando fomos todos ao restaurante e encontrámos a Ruby tu, opah não sei explicar! Tens de falar com ele Mel"

"Se calhar vou lá" Fui em direção a janela e ia já pronta para abrir a porta porém o meu primo parou-me.

"Espera, não vais lá do nada, e ele não pode saber que te disse isto"

"Então arranja um plano Dylan." Só queria ir lá fora, interromper a conversa e pedir ao Harry que me explicasse o que o Dylan não conseguiu fazer.

"Já sei Mel, vais lá e dizes a Lindsay que eu quero falar com ela e depois ficas lá com o Harry"

"Ok ok" Sem dizer mais nada ao meu primo sai para o jardim e fui na direção deles os dois. Estavam sentados na escadaria.

Eles não deram pela minha presença e quanto mais me aproximava mais nítida era a conversa para mim. Conseguia ouvi-los. Fiz barulho com os pés de modo a que eles se apercebessem que eu estava a chegar ao pé deles. Ambos viraram o rosto na minha direção e pararam de falar. Olhei para o rosto do Harry, para os seus olhos que continham lágrimas, se bem o conhecia ele devia estar a fazer de tudo para não chorar. Esboçou um sorriso quando se apercebeu que eu olhava para os seus olhos, tentando assim fazer com que a minha atenção fosse desviada para o seu sorriso fechado, os seus lábios que faziam com que o meu coração começasse a bater mais de pressa.

"Olá Melody!" A minha prima disse contente. Devia estar a tentar fazer com que parecesse que o tema de conversa deles não era eu. Porém eu sabia que era de mim que estavam a falar, sabia isso apenas por ver a expressão do Harry. E pela tentativa, falhada, da minha prima com a sua voz de que está a esconder algo.

"Olá, Li, o Dylan chamou-te" Disse fazendo-me de desentendida, se era isso que eles queriam.

"O que é que ele quer?" Ela preparou-se para se levantar

"Não sei ele não me disse"

"Então eu vou lá" Ela levantou-se e abandonou aquele lugar.
Sentei-me onde ela estava a pouco, ao lado do Harry.

"Vou lá dentro buscar o meu telemóvel" Ele disse segundos depois de eu me sentar.

"Espera, fica aqui" Impedi-o de se levantar "Queria falar contigo."

"Sim? Sobre o que?"

"Ah, que tens? Estás estranho comigo"

"Estou normal"

"Vamos passar a parte do 'estou normal' e de mim a insistir para me contares o que se passou, o que é que eu fiz, para a parte em que realmente contas e esclarecemos as coisas." Disse bastante seria, sabia a razão e não queria estar a engonhar.

"Melody, estou apenas triste" Ele disse encarando uma planta distante de nós que se movimentava com o vento. "A razão, não te sei bem explicar, talvez seja de mim, talvez esteja a inventar coisas na minha cabeça, mas as vezes, quando estamos com pessoas, parece que não queres estar comigo, apenas quando estamos sozinhos me dás, atenção, e pode parecer que não, mas isso magoa-me, porque eu gosto mesmo muito de ti, e não sei se gostas de mim o quão eu gosto de ti, não sei se queres que me afaste ou apenas me queres quando estás sozinha" Sinceramente, não sabia o que dizer, não sabia que o deixava assim, eu também gostava dele. Ia a falar mas ele interroupeu-me. "Não sei se fui muito claro, mas por exemplo, hoje de manhã, no quarto, tivemos aquele momento, aquele momento nosso. E tu sabendo que gosto de ti, sabes que aquilo me cria esperanças, mas depois saímos de casa, e durante o almoço não me dirigiste a palavra, nem te quiseste sentar ao meu lado, talvez pode parecer uma coisa insignificante mas para mim não é." Olhei para ele, não o queria deixar assim, não queria magoa-lo.

"Harry, desculpa, não queria que pensasses nisso, eu se faço isso nem me apercebo. Eu gosto muito de ti, e as vezes não me apercebo dessas coisas"

"Deixa estar Melody" Ele levantou-se. Eu levantei-me e puxei-o pela sua mão impedindo-o de ir embora.

"Harry, eu não me apercebo dessas coisas, eu sou estranha, tu sabes isso, eu pego-me demasiado as pessoas mas também tenho um muro a minha volta que construí ao longo destes anos com as desilusões que foram postas na minha vida. Eu não te quero afastar, mas também tenho medo de te ter muito perto. Tenho medo que me magoes. Tenho medo de te magoar. Parece que já o fiz, desculpa, eu só faço isso porque é a minha auto-defesa a falar por si própria." Desabafei tudo com ele. Sem deixar algo por dizer. Agora apenas podia esperar pela sua resposta.

Ele aproximou-se de mim, agarrando na minha mão que estava prestes a larga-lo. Não falou durante algum tempo. Apenas ficou a observar-me durante uns segundos.

"Mel, deixa-me entrar nesse muro e ficar ai contigo." Apenas pronunciou isto, nada mais.

"Estou aqui sozinha a demasiado tempo Harry. Sou apenas eu contra todos. Apenas eu a segurar os tijolos que me separam de me magoar, não à nenhuma porta, ninguém sai, ninguém entra. Não há maneira de me magoar assim."

"Constrói uma porta então, e deixa-me entrar. Depois derrubamo-la os dois. Deixa-me entrar e ficar ai contigo, seguro esses tijolos contigo, somos nós" Ele deu um pequeno ênfase neste 'nós' "contra o mundo, depois ninguém precisa de entrar, tudo o que precisarmos construímos juntos, ai, sozinhos."

Não pude evitar o meu sorriso, as suas palavras eram algo que eu precisava a muito tempo mas algo que eu nunca tinha tido.
Não sabia o que dizer ou fazer agora.

"Que fazemos agora?" Ele perguntou-me, estava tão confuso como eu. Talvez tivesse que ser a dar o próximo passo.

"Não sei, mas Harry, acho que, os pedaços todos do meu coração, já estão juntos de novo." Não sabia mais o que dizer. Ele esboçou o maior sorriso que eu alguma vez tinha visto.

"Quer dizer que já posso estar desse lado do muro?"

"Quer dizer que estamos juntos agora, contra o mundo, como disseste"

Roller-Coaster//h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora