Cap.III

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Depois do desjejum ,enquanto Emily e Louis foram lá para fora olhar a neve,William sentou se à mesa para falar com Matthew.Eles eram grandes companheiros e William estava presente desde que Matthew nasceu.Durante tantos anos de reclusão ali,William nunca o deixou.
__Não fique tão perturbado meu filho._ele disse_Amanhã os dois irão embora.
__Não estou tão incomodado assim com a presença deles,Will.Mas sim com o que o Duque de Serzom está tramando.
__Ele não pode prejudica-lo meu filho.
__Não mais do que já me prejudicou, eu sei.Mas ele quer a propriedade.Conhecendo aquele assassino como eu conheço,ele vai tentar de tudo.
__Essas terras são propriedade de sua família à muitos anos meu filho.Levam o seu sobrenome!Somente o rei poderia tira-la de você e ele não fará isso porque  é um grande aliado.
__Eu sei que tem razão William,mas tem outra questão.Ele é um assassino cruel como você sabe.E também é um homem muito seguro, não consigo crer que ele enviou sua neta sozinha depois do nosso juramento.Ele tem cartas na manga. 
__Acha que ele pode estar usando a moça como vítima?
__Ele é capaz de tudo.Mas não descarto também que ela seja cúmplice e creio ainda mais nisso.Pode estar tentando descobrir uma forma de me convencer.Eu não sou cego,Edgar deve te-la instruído para me seduzir.
__É plausível.
__Mas ele está muito enganado!Aliás,Wiliam, não quero que sejam muito agradáveis com ela.O idiota do meu irmão esqueceu de tudo, enfeitiçado.
__É claro,filho.A propósito, vais responder a carta?
__Não, meu amigo.Nem conseguiria.Porque o dia que eu tiver de me dirigir àquele homem, será para manda-lo aos infernos depois de mata-lo.
William cruzou os braços sobre a barriga e suspirou:
__O senhor não seria melhor que ele ao fazer isso.Ele pagará por tudo o que fez Matthew,e Clara nunca deixaria isso acontecer,ela faria isso sozinha.
__Aah,minha Clara...Eu não passo um dia ,sem me lembrar dela.Todos os dias eu me levanto na espera de que ela esteja aqui comigo...
Matthew puxou debaixo da gravata a corrente delicada e feminina que usava no pescoço e fechou as mãos sobre ela com pesar.
__São oito anos não é mesmo? Oito anos...
__Tão nobre moça! Ainda lembro da bondade dela.Este Palácio era cheio,as festas dela e suas tardes de chá...encantaram até um velho rude como eu.Todos nós sentimos muito a falta daquele anjo, filho.
__Eu a amava tanto ,mas tanto que nem podes imaginar William!!
Matthew estava com a voz embargada,os olhos marejados.Guardou a corrente de novo e debruçou -se na cadeira, com a mão nos cabelos:
__Eu ainda a amo...eu não suporto a ausência dela..
Em pouco,estava chorando e logo depois foi procurar um pouco de espaço e também uma garrafa de uísque.
À noite,depois do jantar,enquanto escrevia no quarto,não pode deixar de ouvir risos e um diálogo animado no corredor.Para ouvir o que diziam ,se aproximou da parede e sentou-se no chão.
Ouviu Louis:
__Levo -te comigo para Londres amanhã mesmo!
__Fale baixo...!_ a moça o repreendeu.Depois riu:__Seu irmão pode nos ouvir...
__Matthew é um monge!Ele nem compreende os prazeres da vida!
__Ah se é assim,ele não tem nada a ver com você não é? 
__Não mesmo querida...
Matthew ouviu sons abafados e risos.
Levantou -se e até perdeu a vontade de terminar seus escritos.
Não bebeu mais.Agora ,refletia tristemente sobre a sua vida.Se enganara também com Louis.Pensou que tivesse enfim conseguido se aproximar do irmão.Mas se enganara,mesmo depois de ter aberto seu coração para ele, Louis continuava o mesmo.Não o podia culpar,seu irmão não vivera com ele tempo suficiente para que se entendessem.Mesmo assim, sentia-se traído.Ao que lhe pareceu,a mulher era uma pervertida como ele.Mas felizmente,iriam embora na manhã seguinte.
Logo cedo,ainda de roupão,Matthew despediu -se friamente do irmão.A moça porém não veio.
Louis foi chamá -la mas voltou cabisbaixo.
___Ela já foi.Sem mim.
Ele se foi também.Depois do chá, Matthew respirou fundo,de volta à sua paz sombria.
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Um mês depois 
Terras de Serzom 
Salão de Edgar Saint Mourté.

Edgar ,o velho alto e esguio ,de cavanhaque e calvo na fronte,de olhos pequenos e escuros ,olhava para Emily com ódio.
__Porque é que veio me procurar somente agora?
__Eu temia sua ira vossa graça,peço que me perdoe.
__Você falhou desprezivelmente.Eu deveria matá-la.
A jovem se encolheu perante ele.
__Uma Boa surra lhe mostrará melhor meu descontentamento no entanto.Escreverei outra carta e você me trará respostas dessa vez.

Ele ordenou a seu guarda que levasse Emily.Ela estava até mesmo acostumada a estes corredores sombrios em que era espancada desde a infância por erros que ela nem compreendia cometer.As marcas em seu corpo eram prova disso.Mas agora,tinha que conseguir o que seu cruel avô queria, que eram as terras e o palácio dos Derick.Ele a mataria se não conseguisse.Passou a vida a vê -lo matar qualquer um que não fizesse suas vontades.Sua infância foi marcada por sangue inocente derramado pelas mãos daquele homem desprezivel.

O DUQUE VON DERICK_ (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora