Retorno - Parte 3 - Reconciliação

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VICENTE

- Vó, vai demorar muito? Estou cansado, só quero ir para a minha cama e dormir até esse pesadelo acabar!

-Pesadelo? Ah, isso tá me cheirando  Gabriela! Algum problema meu amor?

Suspirei, olhando fixamente para a janela. Minha avó me conhecia tão bem ...

- Sim. Digamos que eu levei um fora daqueles .... e ela nem pra dizer que não ia me encontrar no aeroporto. Pelo visto o Patrick  tá fazendo ela mais feliz ... eu perdi , perdi o  meu amor.

Meu coração estava partido em mil pedacinhos, e nunca mais seria capaz de se recuperar sem Gabriela. Eu pertencia a ela, de corpo e alma.

- Não diga isso meu neto, que tudo pode acontecer. Tudo tem seu tempo, e algo me diz que seu logo logo vai chegar!

Respirei o fundo ao perceber que o carro finalmente havia parado em um prédio enorme, recoberto por vidros espelhados e com uma portaria incrivelmente sofisticada.

Subimos até o oitavo andar e paramos diante de uma porta branca grande.

- Aqui está meu neto - ela destrancou a porta. - Você pode entrar, que eu preciso buscar uma coisinha minha que deixei na portaria.

- Quer que eu vá com uma senhora?

- Imagina, sou velha mas não aleijada! Vai lá, tenho uma surpresinha pra você no último quarto à esquerda do corredor. Sinta-se em casa!

Sorri enquanto entrei no enorme apartamento. Era muito maior o que eu esperava, mas resolvi deixar a apreciação para outra hora e ir  direto para o "meu" quarto, já que pelo menos a surpresa poderia melhorar um pouco o meu dia terrível.

Assim que abri a porta do quarto, uma luz forte que vinha da varanda praticamente me chegou, fazendo com que eu fechasse  os olhos por um momento para me acostumar à claridade.

Fui abrindo os olhos lentamente após alguns segundos, procurando evitar olhar para a  claridade  e observando ao redor de mim. Era um espaço grande, como uma enorme cama de casal e decoração de basquete. O tapete no chão era macio e cobria quase todo o piso, já  as paredes eram de um azul escuro tão forte que pareciam quase pretas. Aquele lugar com certeza seria um excelente refúgio para minha dor, onde eu não seria  incomodado.

E uma surpresa? Dei mais uma olhada no quarto, mas não encontrei nada diferente, então meu olhar parou na porta da varanda.



E tudo parou.



Sua silhueta era impossível de não reconhecer, seus cabelos presos em um rabo de cavalo não me permitiam enganar. Os olhos esverdeados estavam parados na minha frente, e não era coisa da minha cabeça.



Gabs? - minha voz mal saiu. Eu estava paralisado, perdido.

- Vicente ....



Minhas pernas não saíam do lugar, mas as de Gabriela sim, e quando eu dou conta, ela praticamente corre na minha direção, com o rosto recoberto de lágrimas. Eu mal conseguia acreditar.

Assim que chegou até mim, Gabriela simplesmente pulou no meu colo, envolvendo seus braços em meu pescoço, suas pernas em minha cintura e enterrando seu rosto em meu ombro. Cambaleei um pouco com intensidade dela, mas quando me dei conta de que era ela, minha Gabriela, ali, em meus braços, não exitei em envolver seu corpo com o  meu. Seu calor era como um delírio para mim, algo que não parecia real ...

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