Reencontro?

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Depois do nosso encontro tão esperado de amigos, todos nós voltamos a rotina normal de estudos ou trabalho. Consegui terminar todas as provas do semestre do cursinho, o que me deixou muito aliviada. Por algum tempo depois do meu "fica" ( pode ser considerado assim?) com o Yuta, esperei que ele mandasse alguma mensagem ou até ligasse, mas isso não aconteceu. Por alguns dias me senti ansiosa pois ele havia me cativado, seu olhar, sorriso e voz havia deixado uma marca registrada em minhas lembranças, era algo doce e caloroso que eu queria guardar e experimentar novamente. Cheguei a perguntar a Sam, se ela havia ouvido falar dos estrangeiros que havíamos conhecido, mas ela negou e disse que não sabia mais nada sobre eles. Havia passado dois meses desde aquele dia, havia recebido uma oportunidade do cursinho de passar alguns dias em Kyoto, uma cidade no Japão conhecida pelos seus templos e monumentos antigos chegando a ser considerada patrimônio da Unesco, na verdade era pra participar de uma pesquisa, onde iriamos trabalhar e receber uma bolsa financeira e ajuda de custos para ir. Era uma boa oportunidade, e eu queria muito conhecer o Japão, seria ótimo ter essa experiencia no currículo, então aceitei. Cerca de 20 pessoas iriam para Kyoto, seriam estudantes, professores e organizadores. Dois dias antes da viagem, minhas malas já estavam prontas, na verdade era um pequena mala e uma mochila, no regulamento eles haviam deixado explicito que não poderíamos levar bagagens acima de duas ou três. 

Templo 清水寺

Nossa primeira parada foi o Templo Kiyomizu-dera, que ficava no topo de montanha no leste da cidade, pegamos um ônibus que chegava próximo ao templo, precisávamos andar e subir um caminho por 10 a 15 minutos até chegarmos no templo

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Nossa primeira parada foi o Templo Kiyomizu-dera, que ficava no topo de montanha no leste da cidade, pegamos um ônibus que chegava próximo ao templo, precisávamos andar e subir um caminho por 10 a 15 minutos até chegarmos no templo. ( Não preciso dizer o quanto foi difícil né?). Segundo o folheto turístico no salão do templo havia uma vista linda para a cidade. O que percebi depois foi que haviam muitas mulheres sozinhas, em grupos ou acompanhadas, descobri que o templo era dedicado ao amor, na verdade era um templo casamenteiro, fiquei encantada com a cultura.  Depois de andar e ajudar a equipe de filmagem da pesquisa a carregar os equipamentos, tivemos um tempo livre para explorar o templo. Boa parte da equipe foi saber mais sobre a água da sorte das Catarata de Otawa, enquanto eu resolvi descer e dar uma olhada nos jardins que tinham lá. 

Depois de andar e tirar algumas fotos para enviar para o meu pai, percebi uma movimentação próximo de onde estava, havia uma equipe de filmagem e uma massa de pessoas em um círculo, parecia algo importante já que havia muitas luzes e equipamentos de alta qualidade. Cheguei um pouco mais perto, e enquanto eu tentava entender que tipo de filmagem era, o circulo de organizadores se desfez e lá no foco das câmeras, um grupo de rapazes conversavam com um dos lideres do templo, todos pareciam felizes e animados, alguns claramente não entendiam o que o líder queria dizer pois pareciam não falar japonês. Uma figura pareceu familiar, um jovem ao lado do líder parecia ser a ponte de tradução do líder para os outros garotos, ele tinha um cabelo vermelho intenso, que chamava muita atenção. Tentei focar em seu rosto e me surpreendi ao reconhecer, havia encontrado Yuta novamente.  O que ele estaria fazendo ali? Ele trabalhava com tradução? poderia dizer que seu coreano havia melhorado muito desde a ultima vez que nos encontramos. Depois de alguns minutos refletindo se deveria esperar e cumprimenta-lo, recebi uma ligação de um dos estudantes da equipe me chamando para a próxima filmagem.

- E agora? o que vamos fazer? Não tem como filmar sem uma iluminação adequada. - um dos professores convidados dizia, depois que a iluminação da nossa equipe havia queimado mesmo sendo novas. Era 19:00 e iriamos filmar alguns takes do templo a noite. Muitas pessoas haviam descido a montanha e na nossa agenda precisávamos ir embora as 20:00. Toda a equipe estava muito preocupada e apreensiva. Lembrei de Yuta e de sua equipe que haviam muitas iluminações e possivelmente algumas sobrando. Será que eles ainda estariam aqui? seria muito rude pedir emprestado apenas um das suas iluminações. Eu deveria ficar quieta, pois afinal eu não havia sido encarregada em nada sobre algo da filmagem. Nessa hora meus pensamentos foram interrompidos por Paul, que soltou um suspiro cheio de ansiedade e estresse. Ele eram um dos estudantes que eu havia feito amizade na viagem e não queria que ele se metesse em problemas já que ele sim era um dos responsáveis pela filmagem. - Eu vi uma equipe de filmagem a algum tempo atras, eles haviam muitas iluminações e possivelmente eles ainda estejam aqui. Eu posso ir lá perguntar se eles poderiam emprestar por pouco tempo, afinal é só alguns takes que faltam certo? claro, isso é só uma ideia. - falei um pouco relutante. - Não seria rude? - uma professora questionou. - Por mim, tudo bem! Não podemos perder tempo!- o professor convidado falou novamente, ele esbanjava estresse. - Tudo bem, você tem certeza Lizz? - meu professor perguntou cauteloso. Confirmei com um aceno e Paul se dispor a ir comigo até lá. Descemos até o jardim e minha barriga doía de nervoso, a situação toda era constrangedora, se Yuta não lembrasse de mim ou me ignorasse? Se não conseguíssemos a iluminação o que iríamos fazer?. Ao chegarmos no local, uma grande mesa havia sido movida e toda a equipe estava jantando, alguns conversavam baixinho, alguns comiam calados e no canto da mesa o grupo de garotos que havia visto antes sorriam e brincavam uns com os outros, Yuta sorria junto com eles. Paul avançou na frente, pedindo licença a um senhor que estava em pé, ao se aproximar do grupo, alguns levantaram a cabeça e outros não. Me esforcei para não olhar novamente para o grupo de garotos e segui os passos de Paul, o senhor balançava a cabeça enquanto Paul mostrava a carteirinha do nosso grupo com seus dados, mostrei a minha em seguida. O senhor se afastou e foi conversar com outro grupo de pessoas. - Ver eles comendo só piora minha fome. - Paul disse sorrindo, o que me fez sorrir e lembrar que realmente ainda não havíamos jantado.  Depois de alguns minutos de conversa o senhor chamou Paul para buscar o equipamento, Paul achou melhor que eu ficasse no local e esperasse. Depois de uns minutos uma moça da equipe me ofereceu suco, e perguntou se eu queria uma clicpac ( bolsa térmica instantânea) pois estava começando a esfriar bastante, o que eu aceitei grata. Depois de algum tempo esperando resolvi procurar Paul, e ao perguntar ao senhores da equipe sobre ele me apontaram para dentro de templo, parecia que eles haviam deixado todo o material lá. Entrei novamente no templo e ao andar pelo corredor, uma voz conhecida me chamou. 

Um oceano chamado YutaOnde histórias criam vida. Descubra agora