Capítulo Trinta e Um

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Maddie Harris sentia estar perdida e confusa. Ela nunca havia feito nada parecido com terapia. Sempre achou que conseguiria resolver os seus problemas por conta própria, sem precisar contar para alguém, o que era extremamente irônico para ela, já que se sentar em uma sofá branco, em um consultório com cerâmicas e cores pasteis, compartilhando os seus problemas com uma estranha.

O pior de tudo, é que a sua consulta ainda nem havia começado. Era esquisito saber que a sua mãe estava ali fora para perguntar como foi, e ela nem ao menos havia dito uma palavra até aquele momento.

— Maddie Harris, certo?— perguntou enquanto anotava as respostas das garotas na ficha.

Maddie Harris assentiu e se remexeu desconfortável no sofá, olhando rapidamente para a mulher loura,  com um rosto rechonchudo e um óculos preto quadrado que ocupava boa parte de seu rosto.

— Sou Paige Brown, e irei ser a sua terapeuta.

— Certo.

— Sei que a primeira sessão pode ser estranha e desconfortável, mas um dos nosso objetivos é mudar isso. Tudo bem para você?

— É, claro.

Desconfortável era pouco para a sensação que ela tinha. Maddie não era muito acostumada com consultas, quanto mais uma sessão de terapia. Era algo novo e estranho, mas necessário.

Paige Brown sorriu e colocou a prancheta sobre a mesa de centro que dividia o espaço entre a sua poltrona branca e o sofá.

— Então, Maddie. Você andou passando por  muitas situações nas quais se sentiu muito nervosa ultimamente?

Maddie Harris suspirou e assentiu, é ela havia passado, na verdade era o tipo de situação que ela mais passava naquelas ultimas semanas.

— Sim, eu passei, muitas vezes.

— Quer compartilhar uma delas?

— Tudo bem.— concordou e respirou fundo.— As vezes eu sinto que me irrito muito fácil. Nas últimas semanas eu me irritei, e tive raiva de quase tudo, mas teve um dia que eu meio que perdi o controle.

— Então você se descontrolou?

— Sim, eu me descontrolei. Tem esse garoto, eu não gosto muito dele, nunca gostei, e a minha melhor amiga, Louise, me disse que ele havia dito para os outros que eu tentava conseguir notas, dando em cima dos professores, e eu fiquei muito brava.

Maddie não imaginava  mas se sentia um tanto aliviada em compartilhar isso com alguém, principalmente porque a terapeuta não era uma estudante, que havia visto o vídeo e tirado as suas próprias conclusões, a partir do que havia visto, e aquilo poderia ser bom.

— Eu, surtei com ele. Joguei o meu almoço nele na frente de todos no refeitório, e muita gente gravou, depois eu ainda empurrei ele, e eu não sabia o que fazer depois, mas na hora eu agi por impulso.

— Me fale sobre a sua relação com esse garoto.

— Eu nunca gostei muito dele, no começo era implicância mas depois eu comecei a ficar com raiva de muitas coisas dele, e coisas sobre ele. Não que ele seja a pior pessoa do mundo, mas não é alguém que eu realmente goste, e sinceramente eu nem sei como isso começou, e nem o por quê.

A terapeuta Brown assentiu e um silêncio se instaurou na sala por alguns segundos. Até Maddie Harris se sentir confortável para falar mais um pouco.

— Mas acho que eu não gosto de muitas coisas mesmo, é bem estranho. É esquisito estar aqui, eu nem te conheço mas ao mesmo tempo não é.

— Nem tudo sempre faz sentido. Por que você acreditou que o que ele disse, era verdade?

— Eu não sei se é, muitas pessoas dizem que Louise é fofoqueira, ela realmente é um pouco, mas é a minha melhor amiga, e como eu não gosto de Chace Price.— engoliu em seco dando uma pausa.— É o nome dele, do garoto. Enfim, eu preferi acreditar que era real, mesmo sem saber.

A consulta não parecia ter demorado muito para Maddie Harris, mas ela havia compartilhado tanto da sua vida, que se sentia como um ''livro aberto'', mas sabia que ainda tinha muita coisa pela frente. Bem, pelo menos responder as perguntas da sua mãe sobre como havia sido, e se ela se sentia melhor, não foi tão horrível assim.

Saindo de uma sessão de terapia e parando na casa de Lacy Reed, onde uma reunião de família na qual a garota com certeza não queria participar, parecem ambientes bem diferentes.

— Mark! Não diga algo assim, você é o melhor genro que eu poderia querer!— Amalia Reed disse alegremente antes de beber um gole do seu suco de morango.

Lacy não estava interessada na conversa, ela sentia que estava em algum lugar onde só escutava, mas não sabia de fato o que estava ouvindo, já que nunca sabia o que estava acontecendo, sem falar que parecia tudo extremamente sem graça, incluindo Christine Reed e sua ''cara de velório''. Lacy se perguntou se Mark estava fingindo não perceber as expressões descontentes da sua noiva, principalmente quando ele falava uma piada, ou simplesmente pedia para ela concordar em algo.

Aquela reunião era deprimente.

— Que isso! Eu amo a filha de vocês, me sinto o cara mais feliz do mundo.

Mesmo que Lacy não gostasse muito dele, ela se sentia um pouco mal. Christine não falava nada sobre o seu relacionamento, e quando tentou Lacy não quis ouvir. Era difícil saber se Mark era um babaca, ou se estava sendo iludido pela sua irmã, mas ela por alguma razão tinha quase certeza que ele só era um idiota, principalmente pelas piadas sem graça e muitas vezes ofensivas que costumava fazer.

Seria interessante saber se Mark, era só um típico cara com barba rala, pele branca e cabelos pretos, ou um grande idiota.

— Eu realmente quero fazer a Christine muito feliz, ela sabe disso.

— É claro que eu sei.— sorriu e beijou rapidamente a bochechada do noivo.

Os dias na casa dos Reed estavam um pouco mais calmos. Depois que Lacy acompanhou Christine para escolher as flores, a situação na sua casa havia se acalmado um pouco, seus pais pareciam até um pouco menos implicantes nos últimos dias, provavelmente efeito do casamento que estava cada vez mais próximo.

— Eu estava pensando em convidar algumas amigas da Lacy. É um salão muito grande para poucos convidados, o que você acha?— perguntou e direcionou o seu olhar para sua irmã esperando por uma resposta.

Cerimônias de casamento eram demoradas, mas depois teria uma festa, e ficar em uma mesa sem ninguém que ela conheça, tirando os seus pais e tios, não seria nada legal. Convidar algumas amigas era uma ótima opção.

Pelo menos alguma coisa boa veio da reunião.

— Graças a Deus, mas quantas amigas?

— Ah, umas seis, sete?

— Então vou chamar todas.

— Claro, pode ser!

Christine sorriu e mudou de assunto logo em seguida, iniciando uma conversa sobre qual banda escolher, e segundo ela a que Mark queria era ''horrorosa''.

Lacy Reed sorriu, naquela reunião ela havia de uma maneira ou outra tido um momento de paz com a sua família, mesmo que não fosse algo extremamente divertido, mas era um alívio não ser comparada com alguém pelo menos um dia.

Apesar de tudo, havia sido um dia legal

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