Acordar.

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Acordo. Despertador não se enrola na cama. 08:30. 09:30. 10:30. 10:45. Eu sim. Atire a primeira pedra quem conseguiu levantar na hora em um domingo preguiçoso. E depois se livre da preguiça para ir buscá-la. 

Toda vez que meus olhos se abrem vejo o braço del@ me envolvendo em um abraço que sai das cobertas enroladas em seu corpo. Sinto o cheiro do suor de nossos corpos. Cheiro abafado e luz amena. Um abraço sonolento me arrasta para o sono outra vez.

E a gente fica nessa dança de lençóis até que uma vontade súbita de ir ao banheiro chega. Levanta. Joga a primeira pedra. Volta.

El@ deitad@ entre cobertas, travesseiros e vontade de ficar mais 5 minutos me faz querer voltar. O estômago pesa. Vou para a janela. O ar do lado de fora tem cheiro diferente. Cheiro de chuva e de coisa ruim. Abrir a janela e sentir o vento na cara é descobrir o mundo de novo.

Vou para a cozinha encher os potes. Lá três serpentes peludas se enroscam em minhas pernas, mesmo eu não sendo a comida. 

Pego pão, manteiga, queijo e frigideira. Corto banana em rodelas e coloco no iogurte que está na caneca. Arrumo o balcão de café da manhã, almoço e janta. Na sacada pego duas flores que coloco em cima da toalha xadrez minada de migalhas de pão. 

- Amor, acorda, tenho uma coisa para te mostrar… 

E el@ coloca a mão na boca de bocejo e de surpresa boa. 

...

De barriga cheia, depois do almoço disfarçado de café da manhã, sentamos e deitamos na cama. Derrubados pelo vento que entra pelas frestas da janela e pela preguiça do domingo. 

Encaramos o teto em branco como o resto de um dia que tem preguiça de se ocupar. Vamos nos arrastando linha por linha como hora por hora. Os imprevistos são os gatos que pulam na cama e os abraços del@ que vem pelas costas e me levam para o próximo parágrafo do dia.

Descrição preguiçosa que se enrola e desenrola na coberta não arrumada da nossa cama. 

Coloca no celular aquela música agitada que fala sobre calmaria e aceita a contradição, da mesma forma que somos descrição calma no meio do caos do mundo de fora da cama, de fora do quarto. 

E aos poucos a gente vai aceitando que o dia acabou e as linhas dele também.

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