Vidas Associadas

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A mãe achou o que procurava; o endereço de seu amigo que possivelmente seria de grande ajuda ao resolver a questão que lhe assombrava. Victoria é uma mulher de personalidade, ela cresceu no centro da cidade em Londres, quando conheceu o Roger, que era um dos funcionários da empresa de seus pais, ela se apaixona e  Roger mostra o mesmo interesse por ela e ficaram a namorar as escondidas. Fruto desse relacionamento Victoria engravidou e depois de uns meses os pais dela descobriram e a expulsaram de casa, pois, para eles aquilo era uma desilusão já que tinham planos melhores para a vida dela. Roger foi brutalmente espancado e humilhado, tratado como um animal sem direito de se defender. Victoria foi  obrigada a escolher, continuar com a vida de uma princesa ou ser expulsa junto com o namorado? Victoria escolheu o namorado e o pai dela lhe dirigiu as palavras " amaldiçoado seja o dia em que você nasceu, você sofrerá muito, viverá como ré, nunca mais procure os seus pais, pois a nossa filha morreu, que a desgraça cai sobre a tua casa e te tire a paz ". E assim Victoria partira com o Roger para casa dele e não parava de pensar sobre as palavras de seu pai.

Victoria escreve uma carta para o seu amigo dizendo:

"— Olá Richard, espero que estejas bem, estou escrevendo porque preciso de sua ajuda urgentemente. Têm acontecido coisas estranhas na minha casa com a qual não estou conseguindo lidar sozinha. escreveria se não fosse um caso de vida ou morte, espero por notícias o mais breve possível. —"

Ela se apronta e desce as escadas com a carta na bolsa para levar ao correio que ficava no centro da cidade, pois onde eles viviam não havia serviço algum.

André já tinha terminado a refeição e ficou sentado em frente a casa olhando seu ferimento que estava a piorar a cada hora que passava.

Ana lavava a louça do pequeno almoço quando a mãe que já estava na cozinha diz que estava a sair e queria que a Ana cuidasse de André.

— Sim mãe pode deixar, eu cuido dele. - Falava sorrindo.

— Está bem Filha eu não demoro nada. - Falava saindo da cozinha.

— Vai descansada. - Gritou para a mãe e continuou lavando a louça pensando no seu ex namorado.

A mãe sai pra fora e encontra o André mexendo no ferimento e ela pergunta porque que ele estava fazendo isso.

— Mamãe eu acho que não estou nada bem. - disse o André meio desanimado.

— O que tá sentindo filho? conta para a mamãe. - Falava sentando ao lado do menino.

— Eu não sei oque é sabe, é que tô sentindo raiva e angústia, estou com dores no braço e essa coisa preta tá se espalhando e a cada vez que cresce eu sinto uma dor no coração que eu não consigo explicar estou com medo e sinto que está crescendo um sentimento que não consigo controlar mamãe oque eu faço ? - Falava enquanto olhava para mãe com lágrimas nos olhos.

— Vai ficar tudo bem, a mamãe dá um jeito. - Falava com um ar sério enquanto abraçava o seu filho.

Após deixar o André mais calmo seguia em direção a cidade mais determinada que nunca a mudar essa situação e a descobrir porque que isso estava a acontecer com a sua família.

Ao chegar na cidade, ela consegue respirar um ar mais leve ainda parada na entrada, ela respira fundo e volta a caminhar até ao correio. A cidade estava animada parecia que tinha um festival. Pessoas dançando e outras bebendo, um clima de festa que ela não entendia mas gostava da sensação de ter em volta pessoas alegres e sorridentes. Ela passava no meio deles e em cada rosto ela via felicidade, ela deseja isso, ela queria isso mais do que qualquer outra coisa, então ela se revolta com a situação de sua vida e pensa "A uma luta a ser travada eu não posso me dar ao luxo de querer estar bem sem que primeiro eu resolva essa situação". Então tentou ignorar o máximo possível o festival, deixou a carta no correio e suspira alegre.

Antes de voltar para casa decide passar na mercearia e comprar alimentos, ela compra lamparinas e velas diversas, compra azeite e por um acaso comprou petróleo também e assim seguiu para sua casa.

— Mamãe. - Gritou o André vendo ela a vir já com o sol se pondo.

Ana estava no quarto vendo o seu diário, lendo as primeiras páginas e pensando no John o ex namorado que morreu na luta que houve entre bruxas e entidades religiosas. Ela ficou lendo o diário com o rosto triste.
Ana conheceu John numa festa que os aldeões realizavam todos os meses para fazer oferendas aos deuses, além das oferendas normais que todo mundo entregava, havia as oferendas de sangue que as bruxas faziam no oculto, todos os meses depois da grande festa alguém desaparecia sem deixar rastros e ninguém se importava em perguntar. Roger o pai da Ana desapareceu também depois da última festa, antes do ocorrido que acabaria com a vida naquele local. John já olhava para a Ana com desejo faz tempo, mas não conseguia falar nada pois o Roger o pai da Ana não aprovava essa relação e queria que o John ficasse longe de sua filha. O problema não era com a rapaz, mas sim com a família do mesmo. Roger conhecia que tipo de família o John tem e o que eles fazem, pois a família de John era a única que tinha assumido que fazia práticas de exorcismo na aldeia, eles não eram os únicos dentro dessa prática satânica, mais eram os únicos que já não escondiam. Embora John pertencer a essa família, ele se recusava a praticar tal coisa, e por isso ele era dado como um doente mental pois a Charlote a mãe dele brincava com a mente dele tentando ele fazer mudar de ideia mexendo com o psicológico todas as noites enquanto ele dormia. John era um jovem bonito e formoso, e as raparigas da aldeia todas queriam que John olhasse para elas mas ele só tinha olhos para a Ana. Na mesma festa ele tomou coragem e foi ter com Ana para falar sobre os seus sentimentos mesmo depois de ser ameaçado pelo Roger o pai da Ana, ele apenas foi até ela e disse o que sentia e a beijou. Aquele foi o primeiro beijo da Ana e do John também. Ana sai correndo para casa sem dizer alguma palavra sobre a declaração de John. Roger assistindo tudo de longe, segue o John até uma árvore que ele costumava passar o tempo e lhe dá uma surra deixando o rosto dele cheio de sangue. Aquilo foi um aviso para o John se manter longe de sua filha. Sem querer Roger ficava parecido com o seu sogro, ou será que ele só estava a ser protetor! Quando a Ana ainda ficava a revirar as páginas do seu diário ouviu uma voz sussurrando o seu ouvido. A voz vinha com muita angústia e uma raiva tremenda que deixou a Ana toda arrepiada e com medo, joga o diário e tenta correr para fora do quarto, quando a porta a sua frente se fecha. Ela fica batendo a porta e gritava por ajuda mais eram gritos vazios, parecia que a voz dela tinha sumido e foi quando ela ouviu:

— Tá arrependida! - Uma voz que parecia carregar a própria morte com ela, voz tremenda que carregava raiva e ódio.

Ana sente o toque de alguma coisa estranha no seu ombro. Era uma mão meio húmida que arranhava a sua pele e parecia sugar a sua vida. Ana sentia arrepios por todo o corpo, sentia medo já não pensava direito, foi quando decidiu olhar para o rosto do ser que estava a lhe perturbar, ela vira lentamente e vê a coisa mais horrível que ela viu, volta a gritar e o ser reage como se estivesse marcando ela, deixa um ferimento na sua barriga, some quando vê a Victória e o André entrando do quarto.

— Ana! Minha filha oque houve querida? - perguntava enquanto segurava a Ana que estava já desmaiada por casa do susto.

— André ajuda a mamãe a levar sua irmã até ao meu quarto hoje passaremos a noite juntos. - falou segurando a parte superior do corpo da Ana.

André ajuda a mãe levar a Ana até ao quarto, a coloca na cama e a deixa descansar. Para deixar o André mais animado, ela pega a sua bolsa a tira um pacote de biscoitos, e ficam comendo e sorrindo um para o outro e foram para cama e dormiram os três.

A carta de Victória chegou até ao seu destino, Richard leu e decidiu ajudar a Victória e seus filhos.

Richard prepara a sua viagem para a aldeia junto do seu sobrinho Mateu e seu amigo e companheiro Henrique no mesmo dia que a mensagem chegou, eles partiram de madrugada e estava previsto que chegariam no dia seguinte pela tarde.

O Menino Sem RostoOnde histórias criam vida. Descubra agora