As 6 provas (de paciência) de Roronoa Zoro - Parte 1

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Era seu quinto copo d'água, mas Zoro ainda sentia sua boca queimar. Já tinha escovado os dentes e gargarejado com enxaguante bucal sabor melão, mas o sabor forte da pimenta ainda permanecia em cada canto de sua língua. Ele tinha plena certeza que se pudesse provar lava recém saída de um vulcão sem ser corroído até os ossos no processo, teria sentido esse exato sabor pungente e ardido. Será que Sasuke se sentia assim quando soltava Katon Goukakyuu no Jutsu durantes as lutas? Não era surpreendente, então, que vivesse com a cara de quem comeu e não gostou.

Olhou para seu reflexo suado no espelho, sentindo-se um pouco como uma sujeira indesejada em meio ao ambiente resplandecente do banheiro muito limpo. (Teria Sora compulsão por fazer tudo refletir limpeza?) Talvez não tenha sido uma boa ideia ter feito questão de terminar de comer o conteúdo no prato, só para não ferir os sentimentos culinários de Sora. Mesmo sentindo a pele transpirar e a boca quente, Zoro engoliu tudo. Depois, inventou uma desculpa qualquer e correu para o banheiro, felizmente acertando a porta logo de primeira.

A suas costas, a porta se abriu e Sanji entrou no banheiro também. Encararam-se pelo espelho, Sanji com uma sobrancelha arqueada e Zoro com o cenho franzido.

— Soube que você adorou o toque apimentado que Ichiji deu em seu prato. — sorriu ele, fechando a porta atrás de si. — Como está a boca?

— Ardida. — franziu ainda mais o cenho quando Sanji riu baixo. Por que é que ele quem tinha que sofrer naquela relação mesmo?

— Certo, certo. Venha aqui — disse Sanji dando um puxãozinho em seu ombro para que ele virasse e ficasse de frente para o loiro. — Você tomou algo pra cortar o efeito? Aquele molho é realmente forte, pois é feito com pimentas especiais cultivadas por um tio meu.

Zoro teve certeza que esse cultivo ocorria aos pés de um vulcão ainda ativo.

— Tomei água, escovei os dentes e usei enxaguante bucal.

— A água não ajuda, mas os outros dois devem ajudar a diminuir a sensação de ardência já que limpam. — deslizou a mão do ombro dele até a nuca, enquanto que com a outra, deslizava o polegar sobre o lábio inferior do Roronoa. — Mas tem algo que é mais efetivo do que esses métodos...

Avaliando a expressão do homem próximo a si, Zoro ergueu uma sobrancelha.

— E o que seria?

Sanji sorriu travesso.

— Leite.

A resposta intrigou Zoro, que imaginou significados nada pudicos sobre ela. Porém, diferendo do esperado, Sanji contornou mansamente os lábios dele com os seus num beijo simples, antes de avançar para um beijo de língua. A primeira coisa que Zoro percebeu foi o sabor adocicado presente na boca em contato com a sua. O sabor lhe pareceu nostálgico, provavelmente de algo que gostava durante a infância, mas não lembrava do que exatamente. E o segundo detalhe que percebeu foi a balinha mastigável que lhe foi empurrada pela língua do outro de modo casual, como se fizessem isso sempre.

Ah, então era de uma balinha de leite que ele estava falando? É, Zoro deveria ter suspeitado que Sanji não faria uma proposta de boquete no banheiro de sua mãe.

— Um copo de leite seria melhor, mas essa balinha serve por hoje. — disse Sanji se afastando, lambendo os lábios, aparentemente sem suspeitar das ideias do noivo. — Ah, e vou ajudar minha mãe a preparar o jantar, então você ficará por sua conta e risco durante o resto da tarde. Mas não se preocupe, meus irmãos são fáceis de serem dobrados. Só precisa encontrar algum ponto em comum entre vocês.

Zoro deslizou a balinha por todos os cantos de sua boca, por garantia, antes de terminar de mastigar e engolir.

— É Sora quem vai cozinhar? Mas não é ela a aniversariante?

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