O que você (ainda) não sabe

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Resumo: o reencontro de Felipe Prior e de Gizelly Bicalho narrado pela perspectiva dele.

Tags: narrativa em segunda pessoa; desenvolvimento lento; amigos para amantes; final aberto.

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Em seu mundo, Gizelly é o sol.

Às vezes, por ser o ser mais luminoso que você já encontrou em seus 29 anos; outras vezes, por ser o centro de seu universo.

Você ignora esse fato e tenta se convencer de que ela é só mais uma das pessoas que passaram e que passam em sua vida. Ignora também que, na presença dela, seu coração dispara e seu corpo deixa de ser seu.

É uma decisão errada, claro, mas sua teimosia lhe impede de aceitar qualquer cenário em que "estou de boa" não é uma resposta crível.

Afinal, em seu currículo, "negação" é uma disciplina cuja aprovação fora com louvor.

É por isso que você segura uma latinha de Heineken com tanta firmeza, pois prefere culpar o álcool e o clima de baladinha do que reconhecer que ela tem poder sobre você, independentemente do nível de sobriedade e do tempo.

Ela é a força gravitacional que controla seu corpo; ela é a armadilha luminosa que lhe atrai, tal qual uma mariposa que voa cegamente em direção à luz.

Você dá um gole em sua cerveja, apesar de que sua sede só pode ser saciada por ela, e caminha até o outro lado da área VIP em que vocês se encontram.

As palavras que serão ditas para ela ainda não foram pensadas, mas isso pouco importa. Seu objetivo é apenas ser o foco de sua atenção novamente, ainda que por um breve momento, e para isso qualquer assunto servirá.

Gizelly deve sentir que está sendo observada, pois vira o corpo em sua direção e sustenta seu olhar, antes de voltar a atenção para as pessoas ao seu redor e falar algo que foge do seu conhecimento. Como resposta, ela recebe olhares de dúvidas.

— Está gostando do show? — você pergunta, quando finalmente para diante dela. Antes disso, "falta alguém?" foram as últimas palavras direcionadas a ela.

Quando ela escuta sua voz, muitos sentimentos passam por seu rosto e você não consegue interpretá-los.

A conversa que se segue é desajeitada e seu público lhe olha com incredulidade, mas você está ocupado demais bebendo todos os detalhes dela e não percebe o que acontece ao seu redor.

Não percebe como os amigos dela riem de modo conspirativo uns para os outros, pois agora entendem a tensão sexual tantas vezes mencionada ao longo do Big Brother Brasil 20, e como se afastam para dar-lhes um pouco de privacidade.

Percebe, porém, como o corpo dela relaxa à medida que a conversa se estende e como os olhos dela ficam mais suaves. Em resposta, um sorriso discreto faz morada em seus lábios, suas mãos exibem um comportamento inquieto e seu inconsciente nota coisas que você ainda não está preparado para lidar.

Quando a conversa se encerra, você está bêbado como nunca estivera e ri como um homem louco.

Mais tarde, na cama, sua ficha finalmente cai: ela está morando em São Paulo e aceitou conhecer a Salt. Alheio ao real motivo de sua felicidade, você comemora o fato de que conseguiu conversar amistosamente com uma ex-adversária.

"O que aconteceu no jogo, fica no jogo", você diz para si. Em sua cabeça, sua felicidade não tem relação de causalidade com ela. Você não percebe o modo como seu corpo reagiu à presença dela ou como a voz dela embala e embalará seus pensamentos durante as próximas noites insones.

Irei te amar em todos os universosOnde histórias criam vida. Descubra agora