Tudo flui como um rio - Part. 1

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Resumo: guiado pelo sentimento de injustiça, Felipe Prior tenta cortar todos os laços que o une à Gizelly Bicalho e a tem como carta fora do baralho. No entanto, alguns anos depois, seus caminhos voltam a se reencontrar e todas as suas certezas sobre ela são postas em dúvida.

Tags: angústia, desenvolvimento lento, problemas de comunicação e passagem de tempo.


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Felipe não estava à procura de um amor quando a conheceu; portanto, estava totalmente despreparado quando Gizelly entrou em sua vida como uma força da natureza.

Gizelly tinha um humor tão bobo quanto o seu e uma visão de mundo igualmente semelhante. Ela era tudo o que ele nunca soube que desejava.

Ele queria apresentá-la aos seus amigos e tomar uma breja com ela.

Ele queria apresentá-la a sua mãe e vê-las cozinhando juntas.

Ele queria conhecer seus amigos e testemunhar em primeira mão seu desempenho no Tribunal.

Ele queria levá-la para ver suas obras, todos os cantinhos de seu apartamento e os jogos do Corinthians.

Ele queria que eles fossem amigos, sobretudo, porque ele conseguia imaginá-la como parte de sua vida.

Foi o que ele pensou no início, pelo menos.

Quando ela passou a antagonizá-lo, ele se sentiu injustiçado; e todo e qualquer afeto foi substituído pela repulsa e pela certeza de que havia sido enganado e usado por ela.

"Ela faz tudo por um milhão e meio", ele diria a qualquer um que estivesse disposto a ouvir suas queixas.

O que ele não verbalizava era o sentimento de traição e o quanto ela mexia com ele, pois ele nunca conseguia ser racional quando se tratava dela. Com ela, ele era sempre – inconscientemente – passional. Essa era a razão pela qual ele respondia que não tinha mágoa dela e que gostava de todo mundo, mas era rápido em categorizá-la como primeira carta fora do baralho.

Os toques nos primeiros dias de programa, o beijão de cinema, o buquê de flores e, posteriormente, as brincadeiras e os flertes inocentes eram genuínos da parte dele, mas um mistério quando se tratavam dela.

Ele foi apenas um peão que Gizelly estava disposta a sacrificar para ativar outras peças do tabuleiro? Ela era realmente capaz de desumanizá-lo ao ponto de não enxergar sua humanidade? Ela não percebia que ele tinha tantos medos, dúvidas e sonhos quanto ela?

Felipe não conseguia digerir a situação.

Para ele, era inconcebível que ela fosse capaz de humanizar um suposto criminoso, defendendo seus direitos à vida, à dignidade e ao justo julgamento, mas fosse incapaz de vê-lo além de seus supostos erros.

Havia, obviamente, a possibilidade de Gizelly estar interpretando alguém incapaz de enxergar a paleta cinzenta do mundo. Talvez ela fosse apenas covarde ou fútil demais, preterindo a autenticidade e escolhendo a efemeridade do mundo do entretenimento.

Ele preferia a primeira opção, pois pensar que ela se venderia por um programa de TV, uma amizade com alguém famoso e alguns minutos de fama significaria que ele sempre esteve enganado sobre ela. Significaria que a mulher autêntica, engraçada, "braba" e atenciosa que ele conheceu no programa era, na verdade, uma personagem.

Mas pensar que ela seria capaz de testemunhar uma injustiça e continuar em silêncio também não era uma boa opção.

Quem ela era, afinal? Quem era esta mulher que conseguia fazê-lo sentir-se em casa, como foi o caso do quarto branco, e ao mesmo tempo o fazia questionar-se se estavam certos quando o chamavam de vilão?

Alguém que provocava tais sentimentos e questionamentos era alguém que merecia estar em sua vida? Era alguém que ele queria em sua vida? Hoje, a resposta é "não" para ambas as perguntas.

É por isso que ele ignora a parte de seu fandom que o faz lembrar-se dela, que o faz lembrar-se do que ele perdeu quando seus pés foram para caminhos diferentes e "Céu" passou a ser somente o no nome de um dos quartos, pois o local estava longe de ser digno dos Anjos.

É a negação que guia seus passos, agora.

Ele não quer saber de quem não acredita em suas boas intenções e no amor que ele sente por seus familiares e amigos, ele não quer saber de quem não se sensibilizou pelo momento difícil pelo qual ele está passando e nada fez para controlar sua torcida raivosa.

Ele próprio não está sendo um exemplo de bom comportamento e pouco fez para tentar entender o outro lado da história, mas a pausa para autoanálise irá demorar um pouco mais para acontecer.


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Avisos:

- Tenha em mente que você está diante de uma obra de ficção e não necessariamente a opinião exposta é a da autora. Nessa primeira parte, mais especificamente, a história é narrada pelo ponto de vista do Felipe e a opinião apresentada é a de alguém ferido e, portanto, tendenciosa.

- "Tudo flui como um rio", supostamente, é um aforismo de Crátilo, discípulo de Heráclito de Éfeso, a quem devemos à doutrina do movimento – "não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio". Essa informação é importante, na medida em que é essa máxima que guia meu processo de escrita. Quando Felipe e Gizelly se reencontrarem, eles não serão mais as pessoas que se conheceram no BBB20 e o recomeço será, literalmente, um novo começo, uma nova experiência, uma nova primeira vez. 

- O capítulo não foi revisado e foi escrito no fluxo da consciência, agora à noite, então é muito provável que tenha erros ortográficos e gramaticais. Publico mesmo assim, pois não gostaria que a nota fosse a única coisa que vocês receberiam de mim depois de tanto tempo rsrs. 

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 07, 2020 ⏰

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