Oitavo

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“Ajude o seu próximo, independente de quem seja, um dia quem pode precisar da ajuda dele é você.”

Zayn Malik

Vestiário feminino. Cassie. Maiô. Tinha como esse dia piorar? Além de ter acordado com uma ressaca das piores, fui praticamente obrigado a trazer Cassie comigo para o clube, coisa que eu nunca faria. Fala sério, só passei por vergonha até agora. Tive de explicar para todas os doze monitores que passaram por mim meu motivo de estar ali, com uma garota, no vestiário das garotas. Algumas pessoas até fizeram piada, dizendo “Moço, se você for gay, nós entendemos, mas os homossexuais não são permitidos na ala feminina. Por favor, se dirija à masculina”. Como se não bastasse.

A Maluca entrou em um dos compartimentos, mais considerados um cubículos, do qual  era escondido por uma cortina de plástico transparente. Na realidade, eu não entrei com ela, quis ficar no pequeno corredor, assim ela esqueceria essa frescura de ajudá-la, etc. Não conti minha curiosidade e dei uma breve espiada. Cassie colocava sua mochila em cima do tapete, com um ar triste. E quando a garota segurou a barra de seu vestido amarelo canário, pronta para despi-lo, torci para que ela estivesse usando calçolas ou fraldas geriátricas gigantes, pelo menos não teria problemas com meus hormônios. Não que eu me sentiria atraído, caso contrário. Desviei meu olhar e fingi observar as horas no relógio. Escutei um barulho vindo de Cassie.

─ Zayn, m-me ajude aqui – ouvi um grunhido e tive de levantar o olhar. A cortina transparente do vestiário estava entreaberta, e aproveitei para encaixar minha cabeça por entre ela. Arregalei os olhos ao ver uma figura magra toda enroscada no próprio vestido, tombada para o lado enquanto se debatida. Minha primeira reação foi entrar ali e segurar seu vestido, ajudando a retirar por completo. O resultado foi uma Cassie toda descabelada, vermelha e ofegante.

─ O que aconteceu? Ficou maluca? – “e olha que você já é”, meu subconsciente zombou. Ela ofegou mais uma vez, se apoiando na parede.

─ Eu tentei me vestir sozinha, e... não deu muito certo – pegou o sua tiara caída e sentou-se no pequeno puff. Só então percebi que ela vestia uma calcinha estilo short, rendada e rosa-chiclete. Seu sutiã era da mesma cor, porém com rendas brancas enfeitando as alças. Um corpo pequeno, poucas curvas, mas ainda sim conseguia ter uma aparência definida. O aroma de morango era mais intenso, causando-me arrepios totalmente involuntários. Minha respiração já estava sufocada só pelo fato de aquele perfume se ter instalado ali e pelo pouco espaço oferecido. Passei a mão sob minha testa, ignorando as reações desnecessárias do meu cérebro.

─ Será que você poderia me ajudar? – perguntou cabisbaixa, talvez envergonhada por eu estar a encarando por no mínimo dois minutos.

─ Tá, é... é... – gaguejei. Droga! – Bom, vamos lá. Le-levante-se e...

Ela não me esperou completar a frase, já foi se levantando. Ficou de costas para mim.

─ O que eu devo, hum, fazer? – questionei meio receoso.

─ Me ajude a vestir-me – respondeu obvia.

─ Isso eu sei, mas... como? – suspirei, impaciente.

─ Minha mãe te disse, não se lembra?

Oh, sim. As malditas instruções.

“Para ajudar ela a se vestir, primeiro você deve prender os cabelos de Cassie. Não o puxe, muito menos arranque algum fio. Ela pode querer puxar o seu.”

Certo. Prender os cabelos. Tudo que eu preciso é de paciência e um elástico. Elástico.

─ Onde está o elástico?

Starry Sky | z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora