Capítulo 2: A Viagem

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     As quatros sereias nadavam o mais rápido possível para longe do ouro cintilante do castelo de Atlântida, agora era tarde demais para voltar atrás. Ariel as guiava em direção a uma montanha submarina feita de rochas escura e um vermelho rubi entre as pedras, o que atemorizou Aristta que grudou em Allana, que também encarava o quanto as águas estavam escuras naquela parte do mar. Elas entraram e ao final da caverna, Ariel sorriu para uma sereia de cauda negra, que olhou para as três irmãs mais velhas da ruiva.

    - Ah, vocês chegaram.- disse ela se virando de costas e pegando alguns frascos de vidro.

    Attina olhava com medo ao redor, era uma caverna grande e cheia das mais variadas coisas esquisitas e mortas, havia um cheiro estranho na água e alguns esqueletos de peixe estavam decorando a parede junto as prateleiras com poções multicoloridas, no centro havia um caldeirão que borbulhas algo como um líquido roxo gosmento, que fez Attina tampar o nariz.
   
     - Está tudo pronto para a Viagem...- disse Syn, se virando com um casco de tartaruga vazio.

     - Ariel, vamos embora!- disse Attina, que já não gostara da face medonha da bruxa de cabelos de polvo, e quando viu o casco da pobre tartaruga, pensou em desistir.

     - O quê?- disseram Allana e Aristta.

     - Mas...- disse Ariel. E foi interrompida, quando Syn, deixou o casco na mesa ao lado e nadou até Attina.

      - Eu sei que isso lhe dá medo, mas acredite em sua irmã, o que a espera daqui poucos dias não será o que você vai querer viver.

     - Como tem certeza que vai dar certo, e se isso for algo que planeja para tirar nosso pai do trono? E se isso nos matar?- disse Attina, irritada.

     - Se eu quisesse o trono de Tritão eu o mataria quando Poseidon me deixou incumbida de protegê -lo e guardar as passagens para o Reino de Atlântida. Eu poderia abrir a passagem para monstros cruéis atacarem o castelo dourado onde vocês vivam, mas não o fiz.

     Attina olhou nos olhos azuis e grandes da feiticeira e aceitou. A sereia virou as costas e jogando um pedaço de alga marinha no caldeirão, fez com que uma fumaça verde explosões e para cima.

    - Veja você mesma o que te aguarda.

     E a imagem de Attina infeliz em seu próprio casamento lhe foi mostrado, assim como o sereiano esnobe que ele se casaria. Attina marejou os olhos e se virou para o lado, evitando ver novamente. Syn abaixou a fumaça com as mãos, olhando para Attina, e disse as demais:

     - A viagem que farão vai mexer com a cabeça e o sentimento de vocês, uma vez lá estarão por sua conta e responsabilidade. O mundo fora de Atlântida é perverso e mal, terão grandes desafios que mudarão vocês para sempre. Preciso do colar de concha de vocês.- disse ela estendendo a mão, e cada uma retirou o colar e lhe entregou.

    Syn os reuniu dentro do caldeirão e proferiu algumas palavras mágicas que os fez pular para cima, com um brilho violeta dentro de cada um.

    - Para se encontrarem ou conversarem uma com a outra, precisaram abrir o colar e chamar pelos seus nomes.- então um a um, os colares voltaram para os pescoços das princesas.

     A feiticeira pegou o casco de tartaruga e o rachando com suas próprias mãos, jogou no caldeirão o que fez a cor mudar para um azul negro cintilante. A Feiticeira pegou quatro frascos pequenos de vidro e com uma concha os preencheu do líquido de dentro do caldeirão e estendendo as mãos, disse:

    - Bebam...

    - O que é isso?- perguntou Allana cheirando  o líquido e fazendo uma careta.

     - A poção que fará com que se tornem humanas, já que não poderão cair na água do mar, em hipótese alguma! - alertou Syn.

     - Por que não?- disse Ariel.

     - Porque o mar as trará de volta imediatamente.- e bebendo elas a poção fizeram a mesma careta. - Agora, sigam-me.

     As princesa seguiram a feiticeira ao fundo da caverna, onde estava cada vez mais frio e estreito. Syn empurrou uma rocha que tampava uma fonte de brilho forte, o qual se via ao redor da rocha enquanto estava ali. Syn rolou a pedra e mostrou a passagem que havia ali, era um branca cintilante e parecia pulsar a cada segundo. As quatros fixaram o olhar na passagem e imóveis esperaram as ordens da Feiticeira.

    - Prestem atenção. - disse ela gritando, já que agora a passagem emitia redemoinhos fortes.- Uma vez na superfície poderão voltar apenas uma vez, precisam escolher muito bem o que vão querer. Para onde vocês vão poderão me encontrar, onde o céu azul encontra o mar negro é onde estou, procurem por algo que não é notado pelo povo lá de cima, assim como eu sou aqui embaixo. Boa sorte a vocês.

    Ariel olhou para Attina e gritou:
 
    - Vá você primeiro!!

    Então Attina concordou e nadou até o final, desaparecendo por completo, em seguida foram Aristta, Allan e Ariel que ao sorriu para Syn, disse:

    - Eu voltarei...

    - Não, não acho que volte. Nenhuma de vocês.- e em seguida apontou para a passagem.

    Ariel franziu as sombrancelhas e seguiu até nadar para algo tão claro que a sugou para dentro do redemoinho.

    
     Attina abriu os olhos e estava debaixo d'água, tudo girava e parecia que a vida marinha era sufocante demais para respirar, ela bateu as barbatanas quando viu o reflexo da luz do sol sobre a imagem de galhos tortos acima da água. Ela colocou a cabeça para fora e respirou fundo, tomando fôlego. Tossiu um tanto de água que agora era expelido de seus pulmões e nariz e enfim, abriu os olhos. Estavam num lago dentro de uma floresta, atrás de si, a água ainda rodava pelo redemoinhos que a trouxe para ali. Mas o que era exatamente ali? Não sabia, e muito menos sabia onde estavam suas irmãs.

    - Ariel?? Aristta? Allana??- chamou por três vezes e nada aconteceu.

   Estava sozinha e num lugar desconhecido, e de repente, sentiu sua cauda formigar até ficar difícil demais de nadar, ela alcançou a beira do lago e deitando de barriga para cima, viu que suas escamas de cor coral em sua cauda agora caíam, uma a uma, e a pele branca e lisa se mostrava. As barbatanas se transformavam em dedos e depois em pés humanos. Era assustador, mas não mais do que ver a cauda única se dividir em duas e formar pernas humanas. Attina respirava rápido demais, estava apavorada e tentou tocar as pernas, mas era estranho. Quando finalmente tocou-as, tentou mexer as pontas dos dedos. Ela olhou para os lados e depois para os dedos que se movimentava de novo.

    Attina era uma humana.

As Filhas do Tritão e a Viagem ao Mundo DesconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora