Capítulo 11

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Tive a oportunidade de ir para a América. Antes de ir embora, queria vê-lo mais uma vez, de qualquer jeito. Eu não sabia se iria voltar, ou quanto tempo levaria até que eu voltasse. Também não sabia quando esse dia chegaria ou se, então, o tempo já teria apagado minha existência nesta cidade que nunca muda. No geral, eu previ que seria muito difícil para mim vê-lo novamente. Eu tive alguns problemas e descobri por alguém que ele, na verdade, estava trabalhando em uma cidade próxima. Era apenas uma viagem de duas horas. Quando me sentei no carro, suspirei. Por que eu estava sempre tão perto dele e tão distante ao mesmo tempo?

Eu finalmente o vi novamente.

O encontro não foi tão embaraçoso quanto eu havia imaginado que seria, as palavras que trocamos eram vagas e insignificantes. Fiquei pensando, já fazia tantos anos desde que seu ódio por mim surgiu, me perguntei se havia diminuído com o tempo. É claro que era impossível esquecer, ou talvez ele já tivesse me rotulado como um viajante apressado passando em sua vida, ou talvez apenas uma pessoa a quem ele nem sequer olhou de relance. De qualquer forma, eu não sabia dizer se havia algo incomum nele quando estávamos juntos sozinhos. Ele era muito indiferente e parecia um pouco vago. Era como se nosso relacionamento fosse muito normal entre dois estudantes que não se viam há muito tempo.

Naquele dia, olhei em volta da casa dele, percebi que ele morava sozinho, era muito limpo e arrumado, assim como ele. Eu falei sobre as dificuldades de conseguir um visto, para ele eram todas palavras sem importância. Ele ouviu em silêncio, não se importava muito com isso, mas também não estava divagando. Quando terminei, ele perguntou:

— Você ainda voltará futuramente? — Uma onda de calor explodiu em meu coração, mas acabei dizendo sem querer.

— Há mais de cinquenta por cento de chance de eu não voltar. Estou finalmente saindo depois de muita dificuldade, seria chato voltar novamente. É também por isso que vim vê-lo, quero me encontrar com todos os meus velhos amigos novamente. Felizmente, você estava perto de mim. — Ele não disse nada, sua cabeça estava levemente inclinada para baixo.

Eu olhei para o cabelo dele descansando contra sua testa, ainda era uma visão muito palpitante. Hesitei por um momento antes de perguntar baixinho:

— Você tem namorada? — Ele ficou calado no começo, mas ainda assim respondeu.

— Não, eu nunca arrumei uma. — Não me pareceu certo forçar ainda mais, seria estranho se algumas coisas fossem discutidas profundamente.

Minha expressão era muito calma, mas havia uma tempestade de ondas por dentro. Olhei para o sorriso um tanto existente no rosto dele e de repente me senti triste. Ele apenas conhecia a minha crueldade para com ele, ele não sabia quantas noites sem dormir eu tive nesses anos por pensar nele a noite toda. Ele não sabia quantas vezes eu perdi toda a vontade de comer e beber por ele, nem quando encontrei consolo no álcool. Quando eu estava com febre alta e conversava nos meus sonhos, o nome dele era tudo o que eu dizia. As pessoas ao meu redor me disseram tudo isso. Uma vez eu tentei de todos os modos encontrar o número de telefone dele, mas parei depois de discar metade do número. Em conclusão, por ele, eu vivi muitos anos enlouquecendo.

Às vezes eu também pensava que, se o visse novamente, contaria tudo isso. Eu sabia que ele me desprezaria, me detestaria, mas pelo menos ele saberia que alguém em sua vida o amava tão profundamente. No entanto, naquele exato momento, ele estava sentado na minha frente e eu recuei novamente. Eu não tinha um pingo de coragem, esse segredo apenas será conhecido por mim. Eu não diria uma palavra mesmo se eu morresse. Eu não diria a uma única alma, mesmo que eu falecesse.

Ele continuou a me olhar em silêncio, sua expressão era muito complicada, carregava uma leve depressão, como se ele tivesse algo em mente. Eu pensei que deveria ir embora no final das contas, já que eu não tinha coragem de dizer isso em voz alta, então eu deveria ir mais cedo e não o incomodar mais. Logo quando eu estava me preparando para ir, ele de repente chamou meu nome suavemente e disse:

— Posso te fazer uma pergunta? — Meu coração batia rápido e alto enquanto eu tentava manter a calma, seu rosto de repente ruborizou, como se ele se arrependesse de fazer a pergunta. No entanto, ele não poderia voltar atrás. Apenas o ouvi continuar a dizer. — Há muito tempo, Xiao Li jogou minhas roupas fora. Eu sabia disso no dia seguinte porque ele me contou. Por que você as procurou e as lavou antes de devolvê-las para mim?

Depois que ele terminou de falar, foi quase como se sua respiração parasse. Ao mesmo tempo, pensei que o céu fosse cair.

Uma frase tão simples. Nós dois entendemos as consequências claramente, mas nós dois não entendíamos o que o outro estava pensando. Minha natureza me fez esconder, me fez recuar mais uma vez.

Se apenas o tempo parasse no momento em que nos conhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora