Utópico

Capítulo 2

Jamais imaginou que fosse ter que vê-lo de novo. Havia avisado os amigos que não era para o chamar caso Jimin estivesse envolvido no compromisso, reunião, almoço ou qualquer coisa que combinassem. Mas pelo visto não o levaram a sério.

Assim que o moreno apareceu na porta da cozinha de Taehyung, as risadas e conversas cessaram com a tensão que os olhares se cruzando criaram. Jeon se levantou recolhendo seu celular e chaves indo para a saída.

— Espera... — Jimin foi atrás do mesmo tentando agarrar seu braço. — Jungkook!

— Me esquece, Jimin! — Desviou da mão do outro.

— Vamos conversar, por favor. — Suplicou desesperado.

— Não temos o que conversar. — Chegou ao portão da casa e chutou o mesmo por estar fechado. — TAEHYUNG!

Era clara a raiva que Jungkook demonstrava e, mais que tudo, queria sair dali antes que fizesse alguma loucura por se sentir tão descontrolado.

— Você não vai embora antes de nós resolvermos isso, Jeon. — Sua pequena risada como se tivesse vencido alguma batalha fez o outro rir sarcástico.

— Não existe nós, Jimin, nunca existiu. — Levantou os braços, os deixando cair em seguida em um baque audível. — Procure sua esposa, seja feliz! Viaje para Europa de novo para reacender a chamas de vocês. — Sorriu sínico. — Desejo realmente que fiquem bem..

— Eu não queria... — Começou, mas foi impossível falar.

— O quê? — Bradou nervoso. — Não queria mentir pra mim? Me enganar por um ano? Porque foi você que fez o pedido de namoro, de casamento, que pagou as despesas de todas essas coisas. Foi você que subiu no altar e disse sim vestido de branco como se fosse o homem mais puro do mundo. — Jeon gesticulava e acusava o outro.

— Você sabe que não é simples assim. — Se encolheu tentando se defender.

— É pior que simples. — Apertou suas têmporas dando passos para trás, virando as costa para o Park. — Eu sabia que não ficaríamos juntos, que você era covarde demais pra isso. Mas eu nunca pensei que seria tão enganado e iludido. — Riu de si mesmo sentindo as malditas lágrimas que o acompanhavam há alguns dias. — Eu odeio ter te conhecido, Park. — Apertou suas mãos tentando espremer a raiva que tinha. — Esqueça que eu existo, esqueça que tivemos algo, esqueça e não me procure mais.

— Jungkook... — O nome foi proferido de forma lenta e dolorosa. — Por favor, não. — Se aproximou tocando lentamente o braço do outro, vendo que ele apertou os olhos. — Não me deixe assim. Fique, vamos dar um jeito nisso.

— Jimin. — A voz tremeu fazendo as lágrimas saírem e foi então que olhou nos olhos do outro. — Não serei seu amante, não serei aquele que você esconde, aquele pra quem liga no desespero. Não vou ser um substituto. Não consigo mais fazer isso.

Park congelou com a cena de seu amado chorando e declarando aquelas coisas. Enfim viu o quanto aquilo o magoava, mas não se sentiu culpado. Não queria machucá-lo, nem enganá-lo. Porém Jeon sabia que eles seriam assim, não sabia? Então por que não conseguiu contar do casamento que sua mãe arrumou para si? Por que não enviou o convite a Jeon? Se enganou sempre falando que não faria diferença, que eles se manteriam juntos apesar de tudo. Mas Jimin não parou para pensar direito. Eles não estavam mais no colégio. Aquilo não era uma brincadeira divertida.

— Acho que é suficiente para algumas pessoas se tocarem da merda que fizeram. — Taehyung apareceu apertando o controle do portão e o abrindo. — Jeon, me ligue amanhã. Jimin... vá embora.