Capítulo 3

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Passava as fotos apenas para revisar seu trabalho terminado. Mais um casal feliz com o casamento, com o filho que estava por vir. Mas como desejava não ter feito essas fotos, ou que pelo menos aquele marido, pai, homem fosse Park Jimin. Agiu o mais profissional que pode e ao menos sair daquela situação sem mais problemas em sua vida.

Quando o viu sentiu que seus pés perderam o chão. Ele estava lindo, mas triste. Sim, Jungkook sabia que Jimin não estava feliz por não ver o brilho nos olhos, por não ver os sorrisos que atingiam seus olhos, por não ouvir a risada doce e contagiosa. Sentia-se satisfeito por isso e, ao mesmo tempo, melancólico. Sim, ele ainda amava o Park, mas era um amor nostálgico apenas. Algo do passado e nada que quisesse repetir.

Recostou-se na cadeira e com agilidade deu zoom na foto aproximando-se do rosto de Park. Olhos tristes, falsos, mentirosos.

- Não devo me preocupar com você. - Mencionou como se Jimin pudesse ouvi-lo.

Então ele lembrou do sapatinhos que deu de presente. " Jimin adora esses sapatinhos" . Riu soprado da ironia da situação. Sentia pena da mulher por não conhecer o próprio marido e ser tão iludida imaginado que seriam um casal feliz. Torcia para que a ilusão durasse muito tempo para ela.

—Nós queríamos filhos, você se lembra? — Apoiou os braços em frente a tela e encarou a foto computadorizada de Jimin. - Aquela tarde no campus da faculdade em um piquenique na primavera. Foi você quem disse : "Teremos dois" enquanto estava com a boca cheia de frutas e recostava-se em meu peito. — Sorriu com a lembrança. - Como eu era um sonhador com você... Acho que é mais culpa minha por ter sido tão enganado do que sua. - Suspirou voltando a posição normal. - Tenha uma vida feliz, Park.

Se levantou e desligou a tela do computador. Sentia-se bem apesar de tudo. Aquele encontro poderia ser enfim o ponto final entre eles.

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Estava lendo pela terceira vez aqueles papéis. Por mais que sentisse certa insegurança em sua decisão sabia que era apenas medo e então uma pequena excitação o preenchia. Sentimento que não experimentava há muito tempo. Não que sua vida fosse completamente um peso e deprimente, estava feliz pelo filho que estava por vir, mas nada do que vivia a cada minuto foi escolha sua e isso o estava sufocando.

Encontrar Jungkook apenas o fez ver o quanto vem perdendo tempo seguindo o que todos esperam de si e nunca ver o que ele próprio quer. Por esse motivo que pediu para o advogado e seu amigo Seokjin cuidar da papelada para que ele se separasse, mas deixando tudo que possível para Soo-Yun e seu filho.

Sentado em sua mesa olhando aquele escritório com janelas sem visão para rua, sentia o frio que o cercava. Algo dentro de si queria espalhar os papéis, derrubar o computador e a mesa no chão, jogar a cadeira na parede e gritar com todas as suas forças até poder libertar aquela dor de ser algo falso, de fingir, do artificial, da imagem, até livrar-se de si mesmo. Sabia que desabaria em tristeza e solidão assim que parasse de sentir raiva de sua imagem.

Pegou seu celular procurando o número de Soo-Yun, notando que os últimos meses era a única pessoa para quem ligava. Entrou tanto no papel de bom marido que mal notou o quanto fazia mal para ambos. Iniciou a chamada antes que sua mente desse mais voltas.

— Oi meu amor! — Ouviu a voz alegre da doce mulher.

— Bom dia! — Sorriu brevemente. - Como está?

— Me sinto bem, desculpe não ter o acompanhado no café essa manhã.

— Tudo bem. — Fechou os olhos se preparando para seguir sua vida conforme suas escolhas. - Já está com seus pais?

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⏰ Última atualização: Jun 29, 2020 ⏰

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