Passava as fotos apenas para revisar seu trabalho terminado. Mais um casal feliz com o casamento, com o filho que estava por vir. Mas como desejava não ter feito essas fotos, ou que pelo menos aquele marido, pai, homem fosse Park Jimin. Agiu o mais profissional que pode e ao menos sair daquela situação sem mais problemas em sua vida.
Quando o viu sentiu que seus pés perderam o chão. Ele estava lindo, mas triste. Sim, Jungkook sabia que Jimin não estava feliz por não ver o brilho nos olhos, por não ver os sorrisos que atingiam seus olhos, por não ouvir a risada doce e contagiosa. Sentia-se satisfeito por isso e, ao mesmo tempo, melancólico. Sim, ele ainda amava o Park, mas era um amor nostálgico apenas. Algo do passado e nada que quisesse repetir.
Recostou-se na cadeira e com agilidade deu zoom na foto aproximando-se do rosto de Park. Olhos tristes, falsos, mentirosos.
- Não devo me preocupar com você. - Mencionou como se Jimin pudesse ouvi-lo.
Então ele lembrou do sapatinhos que deu de presente. " Jimin adora esses sapatinhos" . Riu soprado da ironia da situação. Sentia pena da mulher por não conhecer o próprio marido e ser tão iludida imaginado que seriam um casal feliz. Torcia para que a ilusão durasse muito tempo para ela.
—Nós queríamos filhos, você se lembra? — Apoiou os braços em frente a tela e encarou a foto computadorizada de Jimin. - Aquela tarde no campus da faculdade em um piquenique na primavera. Foi você quem disse : "Teremos dois" enquanto estava com a boca cheia de frutas e recostava-se em meu peito. — Sorriu com a lembrança. - Como eu era um sonhador com você... Acho que é mais culpa minha por ter sido tão enganado do que sua. - Suspirou voltando a posição normal. - Tenha uma vida feliz, Park.
Se levantou e desligou a tela do computador. Sentia-se bem apesar de tudo. Aquele encontro poderia ser enfim o ponto final entre eles.
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Estava lendo pela terceira vez aqueles papéis. Por mais que sentisse certa insegurança em sua decisão sabia que era apenas medo e então uma pequena excitação o preenchia. Sentimento que não experimentava há muito tempo. Não que sua vida fosse completamente um peso e deprimente, estava feliz pelo filho que estava por vir, mas nada do que vivia a cada minuto foi escolha sua e isso o estava sufocando.
Encontrar Jungkook apenas o fez ver o quanto vem perdendo tempo seguindo o que todos esperam de si e nunca ver o que ele próprio quer. Por esse motivo que pediu para o advogado e seu amigo Seokjin cuidar da papelada para que ele se separasse, mas deixando tudo que possível para Soo-Yun e seu filho.
Sentado em sua mesa olhando aquele escritório com janelas sem visão para rua, sentia o frio que o cercava. Algo dentro de si queria espalhar os papéis, derrubar o computador e a mesa no chão, jogar a cadeira na parede e gritar com todas as suas forças até poder libertar aquela dor de ser algo falso, de fingir, do artificial, da imagem, até livrar-se de si mesmo. Sabia que desabaria em tristeza e solidão assim que parasse de sentir raiva de sua imagem.
Pegou seu celular procurando o número de Soo-Yun, notando que os últimos meses era a única pessoa para quem ligava. Entrou tanto no papel de bom marido que mal notou o quanto fazia mal para ambos. Iniciou a chamada antes que sua mente desse mais voltas.
— Oi meu amor! — Ouviu a voz alegre da doce mulher.
— Bom dia! — Sorriu brevemente. - Como está?
— Me sinto bem, desculpe não ter o acompanhado no café essa manhã.
— Tudo bem. — Fechou os olhos se preparando para seguir sua vida conforme suas escolhas. - Já está com seus pais?
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Utópico
Teen FictionVocê não a ama, pare de mentir com essas palavras. Deus sabe que eu tento me sentir feliz por você mesmo que eu não consiga entender Você me vê de pé, mas eu estou morrendo no chão .Eu e meu coração, nós vamos conseguir superar Se a felicidade é ela...