7° capítulo

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Ouvi uma voz familiar soar ao meu lado mas pelo sono não fui capaz de entender oque estava dizendo. Abri preguiçosamente meus olhos vendo Kim Taehyung com seus olhos em mim. Ele sorria grande que eu até duvidei que era o mesmo Taehyung doce dos vídeos, ele era radicalmente bipolar.

-- Acorda Yun! Você tem consulta! Estou te chamando a quase 10 minutos! Já são 12:20 Yun! -- ele sussurrou, pude ouvir o som baixo do buli, me sentei na cama e o olhei de forma inexpressiva.

-- Consulta? Como eu não sabia disso?

-- Eu também não sabia, mas parece que alguém marcou uma pra você, Yun-ah! -- ele disse com um sorriso insistente.

Ele pegou a cadeira de rodas e me colocou na mesma me guiando pela cozinha me colocando junto a mesa se sentando ao meu lado. Ele me olhava estranhamente e eu elevei o queixo pro mesmo.

-- Você está conseguindo mexer levemente os dedos... Você pode estar melhorando rápido e quem sabe...

-- Sem criar expectativas Têtê, vamos esperar, aliás, eu sempre consegui mexer um pouco, mas nunca passou disso! -- digo com a boca cheia e ele deu de ombros.

Kim Taehyung disse que precisava passar em um mercado para comprar comida, pois ele não havia tomado café e ficou comigo a noite toda, oque deu nele de vir pra cá de madrugada, e como eu não o vi chegar? O prédio tem vários seguranças, e Têtê disse que entrou sem avisar nenhum deles, até pensei que eles poderiam achar que fosse ladrão, mas ele disse que essa minha teoria estava fora de cogitação. Eu não acho.

Ele sorriu pra mim enquanto tirava a cadeira de rodas, a animação que ele estava era até preocupante. Ele me colocou na minha cadeira e me puxou para dentro do supermercado.

-- Eu posso fazer isso sozinha, sabia? -- me referi ao fato de que ele estava me empurrando.

-- Me deixe cuidar de você, Seang! -- revirei os olhos mesmo que ele não pudesse ver.

A verdade é que eu não vinha em um supermercado ou algo público a um tempo, desde que descobri a síndrome, eu sempre pedia por celular ou algo assim. Eu tinha vergonha pelo fato de estar de cadeira de rodas, era estranho e difícil lidar com os olhares reprimindo-me por motivos nenhum.

Entramos e aqueles olhares devoradores me encontravam de maneira inesperada. Eu já me senti rejeitada e o pior, eu também estava me rejeitando, querendo ou não. Negando ou não, eu estava e tinha vergonha do que a falta de sorte me transformou. Em uma pessoa dependente.

Meus olhos lacrimejaram e eu senti um nó na garganta. Kim se afastou um pouco da cadeira indo até os salgados. E eu não conseguia segurar as lágrimas. Era difícil lidar com o fato de você ser dependente, e de ser diferente e eu odiava esse fato.

-- Ei, está tudo bem? -- o meu melhor amigo de abaixou apoiando seus braços em minhas pernas me olhando nitidamente preocupado.

-- Você... Você viu como eles me olham? -- Sussurrei baixinho enquanto apertava minhas mãos, segurando a vontade de sumir dali pra qualquer outro lugar que não esteja mas ninguém além de mim, apenas eu -- Eu sou um mostro? Porque me olhar assim?

-- Ei... Quer sair daqui? Eu posso cancelar a consulta se quiser, pode ser? -- eu assenti. O vi limpar serenamente minhas lágrimas e irmos diretamente pro caixa, pagando nossos lanches e me colocou novamente no carro, colocando o meu lanche em meu colo.

-- Obrigada...

Aquilo saiu quase como um sussurro, talvez seja o medo de que minha voz falhe pela sensação de incômodo na garganta. Ele me olhou após entrar no carro e sorriu tão grande que me fez suspirar.

You Have The Best Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora