five.

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智 🚎.

Jisung bloqueou a tela de seu celular e sorriu, internamente satisfeito.

Era estranho, e ele sabia, mas se sentia feliz por conseguir fazer coisas que sabia que não teria coragem alguma de fazer cara-a-cara com aquele desconhecido — nem que ele arrancasse sua determinação dos ares, sabia que nunca seria capaz de fazê-lo.

Na verdade, ele não havia sentido nada em relação àquele tweet, mas quis respondê-lo apenas para ver como seria a sua reação. Só atrás daquela telinha minúscula com uma conta praticamente irreconhecível Jisung conseguia fazer as coisas sem hesitar. 

Às vezes, em seus devaneios mais sórdidos, o Han imaginava como seria sua vida sem o TDAS, ou transtorno de ansiedade/fobia social. Sim, ele sofre disso e carrega-o como um fardo, onde você perde toda e qualquer capacidade de interação com pessoas desconhecidas ou quando todos os olhares estão voltados a si.

Mas se não fosse por isso, talvez não tivesse conhecido Chaeyoung, pois ela apenas se aproximou de si pois percebia o quanto ele parecia sozinho, e não desistiu mesmo quando Jisung ainda tinha medo de permitir que ela se aproximasse.

Muito menos Felix, que conseguia iluminar seus dias mais estressantes e caóticos apenas com aquele sorriso tão brilhante quanto raios solares ou com uma vasilha cheia de brownies quentinhos que ele preparava. Aqueles dois eram seus bens mais preciosos, não aguentaria perdê-los.

Repousou sua cabeça em uma das mãos, apoiando seu cotovelo na janela do ônibus e observando a movimentação de pessoas apressadas e inquietas, com seus ternos engomados e olhares vazios, enquanto persistiam em observar seus relógios de pulso, impacientes ou frustrados pelo atraso em algum compromisso, digitando euforicamente em seus celulares.

Sentiu pena deles, mas percebeu que talvez fosse inevitável. O ônibus seguiu seu rotineiro trajeto, este que Jisung já conhecia de cor — até permitiu-se sorrir ao sentir o cheiro de pão caseiro que a padaria exalava ao se aproximar dali.

De repente, o castanho se depararou com a figura de Hyunjin em meio à outras pessoas na calçada, que tinha as íris em cor de café atentas a algo em seu celular, enquanto esperava o semáforo esverdear para que pudesse atravessar a rua.

O ônibus de Jisung parou bem ao lado do Hwang, este que continuava encarando seu aparelho celular enquanto sorria de maneira nervosa. Outra figura de cabelos castanhos enroscou um de seus braços ao redor do pescoço do de recentes fios loiros e deu-lhe um mata-leão, arrancando gargalhadas histéricas de Hyunjin, tentando a todo o custo se desfazer do golpe alheio.

Han não sabia muito sobre Lee Minho, apenas de sua fama de apanhador impecável e do garoto de sorriso gatuno. De vez em quando ele escutava-o soltar uma risada no meio da aula, demonstrar seu senso de humor ácido ou soltar uma piscadela gratuita, exibindo seu charme natural, nada mais do que aquilo.

Mas uma coisa era certa: o Hwang e Minho não se desgrudavam, eram quase unha e carne. A faixa de pedestres foi liberada e os dois atravessaram-a, com um Minho segurando no guidão de sua bicicleta arrastando-a consigo, enquanto conversava e tinha um pequeno sorriso preso em seus lábios. Hyunjin? Jisung nem fez questão de reparar no garoto.

Bom, isso até o par de olhos chocolate esbarrarem com os seus quase como se tivesse escutado seus pensamantos. Havia uma distância considerável entre ambos, mas Hyunjin permaneceu encarando-o por longos e intermináveis segundos, até virar seu rosto para frente e continuar seu caminho.

Seu peito estava com uma sensação gelada e se estômago reagia como se estivesse em uma montanha russa. Apenas uma simples troca de olhares fez com que uma avalanche de sensações invadissem o corpo do Han, mas nada com que ele já não estivesse acostumado. Hwang Hyunjin sempre deixava-o daquela forma.

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