Nada de carros, carruagens, motos ou qualquer jeito extravagante de se locomover até o almoço o que foi um alívio. Ivy por algum motivo estava quieta. Eu sabia que deveria perguntar o que houve mas o silêncio era agradável l
O sol ensolarado do sul do país agora já dava espaço para um clima mais nublado. Havia funcionários de diferentes cores de uniforme todos parecendo extremamente ocupados.
- Por que você está cheirando igual ao Leandro? - Pergunta ela assim que entramos no edifício.
Não respondo, e reprimi a vontade de perguntar como ela sabia qual era seu cheiro. Ao invés disso vou até a recepcionista que nos leva a uma mesa livre.
— Aconteceu alguma coisa? — Pergunta a garota após me observar.
— Nada de relevante — Falo sorrindo.
Obviamente ela não acreditou, apenas retribuiu com um sorriso falso e fraco. A comida que pedimos chegou poucos instantes depois ajudando a disfarçar aquele clima. Confirmei umas três vezes com o garçom a ausência de pato no meu almoço, ainda estava traumatizado por ontem.
Não conhecia muito daquela garota a minha frente, a apenas algumas horas era mais uma desconhecida mas lá estava ela, almoçando comigo.
- Por que esse lugar está deserto? - Pergunto ao ver que havia várias mesas vazias ao nosso redor.
- Você vê alguma semelhança entre as pessoas que estão aqui? - Pergunta ela raspando a colher no pote de sorvete- São todos bolsistas, os pagantes ou almoçam nós alojamentos ou saem para comer.
Era realmente ridículo.
- Acho que vou deitar - Respondo após Ivy sugerir de irmos a área de recriação, que eu não fazia ideia de onde fosse.
Ela não parecia triste, aliás havia certo alívio em sua face.
- Se quiser posso te acompanhar - Fala ela dando de ombros - Portanto que você não desligue as câmeras do apartamento enquanto eu estiver lá.
Como dizer "não" sem parecer rude?
Não havia como.
— Okay mas você vai ter que me contar tudo o que eu preciso saber sobre essa escola e como ela funciona. Combinado? .
— Têm sorvete?
Sorrio.
Havia muita coisa a serem feitas, Ivy não era tão ruim assim após o quarto pote de sorvete. Assistimos alguns filmes depois dela escrever em questão de minutos o que ela apelidou "guia prático de como sobreviver a ANPL".
Foi divertido ter alguém para rir e até chorar com filmes bobos, fazia muito tempo que não fazia algo do tipo, mas alí estava eu, havia conseguido.
Por volta das seis me despedi dela até passei meu número para conversamos depois, mas garanti a ela que não atrapalharia suas duas horas de estudo a noite "essenciais" segundo ela.
Uma chuva fraca caindo do lado de fora foi o último convite para me deitar, meu primeiro dia em uma escola nova, não foi como imaginei para ser sincero esperava que fosse bem pior, muito pior.
Sento na mesa do jantar e pego o pequeno caderno, seu título era feito com um miúda e pequena letra " Manual de sobrevivência"
Começo a ler, era bem detalhado até mesmo definia os sobrenomes com maior destaque além do que é claro as regras da escola de forma simplificada o que era um alívio total já que a escrita do manual original é totalmente pesada. Anoto em uma parte em branca, que se provou difícil de achar, para agradecer o favor de Ivy.
Paro de ler ao chegar na parte recheada de glitter rosa, a onde ela tinha achado tanto?
Me olho no espelho, ainda estava com o uniforme do colégio, meu rosto por sua vez parecia estranhamente maquiado? Eu deixei ela me maquiar?
Espero a banheira se encher, ajusto o som para uma música bem leve e logo entro naquele pequeno paraíso de bolhas.
Eu deveria me sentir culpado? Tudo que eu fiz foi para chegar aqui nesse momento, claro que havia outras coisas a serem feitas mas o principal já tinha sido conquistado.
Ainda não conseguia acreditar.
Adormeço.
O som da porta sendo fechada com força me fez acordar.
Leandro estava a poucos centímetros do meu rosto com os olhos arregalados fixados em meu rosto. Seu semblante era de pânico sobre mim, a banheira estava com uma cor vermelha e suas mãos quentes e ásperas pousavam em meus ombros me sacudindo.
Ele tremia
- Leandro calma, calma!! - Falo após ele abaixar a cabeça e começar a chorar.
O lamento silencioso continuou, estava átomo.
Havia um silêncio ensurdecedor até mesmo a música havia parado, quanto tempo eu estava aqui observando o garoto chorar sobre mim?
Com minha mão trêmula encosto minha palma sobre seu queixo recém barbeado. Ele levanta a cabeça e por alguns segundos havia paz em seus olhos até um sentimento de confusão e vergonha aparecer.
Ele saí sem dizer nada. O que tinha acabado de acontecer alí?
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o bolsista
Teen FictionSeu coração parou ao ver o grande prédio a sua frente, o medo preencheu seu coração tão rápido quanto a ansiedade até então apresentada. Estava com medo, não sabia se seria forte o bastante para enfrentar a "Academia de novos prodígios do Brasil" ou...