Pior do que você possa imaginar

Prólogo

A minha vida inteira foi planejada. Todos os passos que eu deveria tomar foram estrategicamente calculados, e minuciosamente executados. Eu tinha um objetivo final e iria passar por cima de qualquer coisa para conquistá-lo.

Qual era esse objetivo? Bom, eu queria fazer o certo.

Batalhei por muitos anos para ser alguém dentro da polícia federal. Foram incontáveis dias trabalhando até muito após o meu horário e sendo humilhado por superiores, mas sempre acreditei que com meu esforço eu seria capaz de mudar alguma coisa nesse mundo de merda.

Meu trabalho era a coisa mais importante na minha vida, por ele sacrifiquei mais coisas do que seria plausível no ponto de vista da maioria das pessoas.

Quando aquele projeto caiu em minhas mãos, eu realmente achei que seria minha chance de fazer a diferença. Que todo meu trabalho seria recompensado.

Eu achei que seria fácil.

Ser centrado sempre foi uma das minhas melhores características, eu fazia o que era necessário para concluir o meu trabalho, mas ela foi capaz de fazer até mesmo isso escorrer pelas minhas mãos.

Eu estava lá para acabar com um esquema de tráfico, não poderia dar sequer um passo em falso ou acabaria morto. Isso nunca havia sido um problema para mim, mas com ela eu sentia como se estivesse em uma corda bamba, sempre perto de cair.

O que me deixava com mais medo é que se fosse com ela, eu aceitaria cair. E o faria sorrindo.

Eu fui preso na pior das armadilhas. Um amor ardente e desesperado. Eu fui preso por ela e quando percebi já nem queria mais a chave das minhas grades.

Ela fodeu com a minha cabeça. Eu adorei cada segundo, e continuava pedindo mais.

Estava convicto de que mesmo no meio daquela confusão, eu poderia encontrar uma forma de seguir com meus princípios e objetivos.

Mas como diria Nietzsche,

"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade, do que as mentiras."