Oito

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"Quando conheci o jovem Sr. Riddle, ele era um menino tranquilo, embora brilhante, comprometido em se tornar um bruxo de primeira linha. Não muito diferente de outros que eu conheço. Não muito diferente de você. Se o monstro existisse, ele seria enterrado profundamente."

- Horacio Slughorn



"Não muito diferente de você".

Como Harry pode pensar em algo assim? Ele não era nada como Tom Riddle, ele nunca seria e mesmo assim, quando teve a chance, quando o tinha na sua frente, sem defesa ele não proferiu o feitiço. Ele achou que conseguiria mata-lo quando o momento chegasse, que conseguia dar fim naquilo. Mas quem ele estava querendo enganar? Jorge sabia já, ele tentou avisá-lo, mas Harry foi tolo demais para ouvi-lo.

Ele não era capaz de matar alguém.

Tom estava caído no chão desacordado, a força do feitiço de Harry o tinha arremessado para o outro lado da sala e feito um estrago no piso de madeira. Agora ele recitava o feitiço como se fosse um cântico, como vira Snape fazer um dia, ele viu os cortes irem se fechando e alguma cor voltar ao rosto de Thomas.

A senhora chorava no chão encostada na parede com as mãos cobrindo o rosto em estado completo de pânico. Harry não poderia se importar com ela, não quando tinha Thomas morrendo ali embaixo das suas mãos. Só encerrou o feitiço quando viu o peito dele voltar a subir e descer e sua respiração se manter estável, então Harry caiu no chão deixando as lágrimas escorrerem por seu rosto.

— Me desculpe. Eu não...

O homem abriu os olhos, mas não se moveu.

— Eu não sabia...

— Eu sei, eu sei. — Harry limpou o rosto e o ajudou a levantar. — O senhor deveria tomar uma poção restauradora de sangue, mas demora muito e duvido que tenha os ingredientes aqui.

— Ele está... Morto?

Harry olhou para o garoto caído.

— Não. — Harry desviou o olhar. — O senhor deve pegar sua família e ir embora. Ir para longe, para um lugar onde ele nunca irá encontra-lo. Eu pensei... Pensei que se viesse as coisas seriam diferentes, que ele pudesse ouvi-lo...

Ele deixou o homem em uma cadeira e se aproximou da mulher no chão. Se possível ela se encolheu ainda mais.

— Eu não irei lhe fazer mal, mas a senhora não pode lembrar que viemos aqui. — Ele apontou a varinha para o rosto dela e a viu fechar os olhos. — Obliviate.

Harry fez a mesma coisa com o homem, limpou a toalha suja de sangue e arrumou o estrago que seu feitiço fez no chão. Tom ainda estava desmaiado, os estilhaços de madeira tinham machucado seu rosto, pescoço e mãos, Harry só precisaria dizer o feitiço e pronto. Só isso. Ele ainda apontou a varinha, mas sua boca estava selada como que por feitiço.

— Você não vai apagar minha memória?

Harry se virou.

— Não, o senhor precisa saber o perigo que corre, precisa saber de quem está fugindo.

— Eu não entendo...

Harry soltou uma risada histérica, tão diferente dele mesmo.

— Como poderia entender? Como você poderia entender pelo que Tom passou vivendo nessa casa? Sabe o que é viver em um Orfanato pobre com mais crianças do que comida? O que é ser brutalizado e ameaçado e a noite tremer de frio e sentir o estômago doer de fome? Dor e ódio, é a única coisa que Tom Riddle conhece, é o que o move, foi o que o trouxe aqui e é por isso que ele iria mata-lo.

Come to the pastWhere stories live. Discover now