Quatro

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"Se eu sabia que acabara de conhecer o bruxo das Trevas mais perigoso de todos os tempos? Não, eu não fazia ideia de que ele iria crescer e se tornar o que é."

- Albus Dumbledore


Tom Riddle.

Ele estava deitado na cama, com uma perna dobrada e a outra tocando o chão, em uma pose despretensiosa e tranquila. Ele baixou o livro e encarou os dois perturbadores da sua ordem e Harry se viu preso nos olhos esverdeados de Tom. Não era nada como os vermelhos que lhe assombravam.

Harry já o tinha visto várias vezes, mas aquilo eram lembranças apenas. Ali ele estava cara a cara com o homem que destruiria sua vida e não sabia o que deveria sentir, mas não era aquele entorpecimento que parecia querer fazê-lo dobrar os joelhos.

— Este é Harry Hunter, ele chegou hoje aqui. — Martha explicava, ela parou de falar esperando que Tom dissesse algo, mas ele apenas continuava olhando para os dois. — Vocês vão frequentar a mesma escola, então pensamos que ele poderia ficar aqui.

Aquilo pareceu atrair a atenção dele e como a senhora Cole fez, ele olhou de verdade para Harry.

— É claro, Martha. Pode deixa-lo comigo.

A mulher deu um suspiro de alívio e saiu do quarto, provavelmente querendo evitar que Tom mudasse de ideia.

Mas Harry continuava parado no mesmo lugar, ainda olhando para o outro ocupante sem saber o que ele deveria fazer ali. Ele passou tantos dias pensando naquilo, ele iria empunhar sua varinha e diria o feitiço. Veria a luz verde tomar forma e atingir o corpo de seu inimigo. Então tudo estaria acabado.

Tom largou o livro e se levantou. Ele era um tanto mais alto que Harry e tão magro quanto, mas ele tinha esse tom rosado no rosto mostrando que tinha alguma saúde naquele corpo.

— Pais mortos ou você foi abandonado? — Ele perguntou sem nenhuma reserva.

— Mortos. Bombardeio.

— Trouxas?

— Pai bruxo, mãe trouxa.

— Você não está em Hogwarts. — Aquilo não era uma pergunta.

— Meu pai resolveu me educar em casa, eles me queriam por perto.

Talvez ele soubesse como aquela sentença alcançaria Tom e por isso a disse mesmo assim, mas seu efeito durou apenas um segundo e logo tinha um sorriso venenoso nos lábios bem formados do sonserino.

— O que eles querem não faz mais a menor diferença, não é?

Harry arregalou os olhos chocado. Tudo bem que Elliot e Sarah não existiam e eles não tinham morrido, mas Tom não sabia disso, ele apenas foi cruel porque podia ser, mas então uma voz muito parecia com Hermione disse que ele, Harry, também tinha sido cruel.

Tom voltou para sua cama e seu livro e passou a ignorar Harry. Este se encaminhou para a outra cama do lugar, colocou a mala em um canto e ficou deitado, sua mente indo a diversas direções muito rápido. O tecido da colcha era áspero e o colchão era fino o fazendo sentir as molas por todo o corpo estendido e aquele pensamento que tinha tido quando conheceu o orfanato pela primeira vez, ainda na lembrança de Dumbledore, voltou. Aquele era um lugar sombrio para se crescer.

Eles estavam em junho e a temperatura do lado de fora era boa, mas ele não tinha visto nenhum aquecedor nos lugares onde tinha ido, não havia um naquele quarto e nem mesmo uma lareira. Como eles faziam quando era inverno e estava tão frio que eles poderiam ver sua respiração? Aqueles lençóis finos não deveriam ser de qualquer ajuda.

Come to the pastWhere stories live. Discover now