▪︎Amor Secreto ▪︎

Capítulo 2

Alfonso Herrera estava deitado em cima do teclado de seu notebook, com os óculos tortos no rosto em sono profundo. Era um homem de 1,80, bem definido, cabelos escuros e barba bem feita. Era um jornalista investigativo, que vinha há mais de dois anos, investigando a ligação do governo mexicano com o russo. Naquela noite, tinha estado em seu apartamento a noite toda, observando a movimentação do prédio vizinho, um hotel simples do outro lado da rua. Tinha visto Victor Lange entrar em seu quarto com uma morena e depois de uns quinze minutos a morena ir embora sozinha. Antes de adormecer Alfonso tentava achar alguma pista daquela mulher, não era do feitio de Lange deixar uma mulher sair de seu apartamento tão fácil assim. O jornalista tinha presenciado o magnata espancar cada uma das mulheres que tentaram fugir dele. Por que aquela em particular tinha saído tão facilmente? Às seis da manhã seu celular começou a tocar incansavelmente até que assustado, o rapaz acordou.
- Alô? Herrera falando – coçou os olhos e esticou o pescoço, tinha dormido na pior posição possível, sentia dores por toda a coluna.
- É o Christian. O que você viu da sua janela essa noite? – o rapaz tinha a voz exasperada.
- Nada demais, por que?
- Ele ta morto, Herrera. Lange foi assassinado ontem a noite dentro do apartamento dele. Acabamos de receber a ligação da camareira do hotel. Estou indo pra lá – Christian era chefe de perícia criminal de New York e de vez em quando ajudava Alfonso com algumas informações.
- Assassinado? Me ligue quando tiver mais informações. – Alfonso desligou o celular e correu para sua janela pra tentar ver algo. Nada parecia diferente, a não ser a porta aberta e vários hóspedes curiosos que passavam por lá. A única explicação que ele encontrava era a morena misteriosa. Tinha que ter sido ela. Mas quem é ela?
Um segundo depois, Alfonso Herrera estava desacordado no chão de seu apartamento. Dulce cobria a cabeça dele com um pano e os outros agentes recolhiam seus aparelhos eletrônicos. Ele não escutou ninguém entrar em seu apartamento, até ver o reflexo de uma mulher atrás dele pelo vidro, mas já era tarde demais, Dulce já tinha o atingido com a seringa com tranquilizante. 
- Levem tudo e sejam discretos – Determinou antes de fechar as cortinas.
A equipe de busca voltou para a sede trazendo o jornalista desacordado e todos os seus eletrônicos que foram deixados na sala de tecnologia. Dulce se dirigiu ao treinamento de luta após amarrar o rapaz na cadeira de uma sala de interrogação. Chegando ao ambiente do treinamento, encontrou Anahí e Christopher treinando juntos.
- Onde esteve? – Christopher tentava derrubar Anahí, mas essa deu um mortal pra trás se desvencilhando dos braços do rapaz.
- Em missão. Precisei sequestrar o jornalista que viu Anahí saindo do quarto do nosso alvo ontem.
- Eu fui vista? – Anahí se distraiu e Christopher aproveitou o momento para derruba-la.
- Não é grande coisa, a janela é afastada e você estava sob disfarce. Dificilmente ele te reconhecerá. – Dulce deu os ombros com simplicidade. A identidade dos agentes era trancada a sete chaves. Eles não sabiam nem o próprio sobrenome.
Aplicando uma cotovelada no queixo de Christopher, Anahí conseguiu se levantar e agora depositava o pé na nuca do rapaz, enquanto segurava seus braços.
- Desiste, sabe que hoje eu levei a melhor – Anahí respirava com dificuldade pelo esforço de segurar aquele homem gigante no chão.
Christopher bateu o pé três vezes no tablado, aceitando a derrota. Dulce estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar.
- Vamos, é hora das vacinas – Os três saíram juntos em direção à ala médica. Todos os dias, os agentes recebiam uma dose de vitaminas para ajudar no desempenho.
Pelo corredor, Anahí pode ouvir os gritos. Ao se aproximar da sala de interrogatório, viu um homem em desespero enquanto outros agentes queimavam sua pele com ferro em brasa. Era claramente uma tentativa de extrair informações, ela mesma tinha feito aquilo diversas vezes. Sem se abater pelos gritos de desespero, os três seguiram seu caminho.
Alfonso sentia a dor atingir seu pico mais alto a cada vez que o ferro em brasa era encostado em sua pele. Sentia sua garganta doer dos gritos e seu estômago embrulhar. Quando achou que a dor fosse fazê-lo desmaiar, viu um mar de cabelos cor de ouro virando e seguindo caminho, não pode ver o rosto de quem assistia a sua sessão de tortura, mas algo naqueles cabelos fez com que ele se arrepiasse.
Charles entrou na sala de interrogatório trazendo uma pasta de cor parda e um charuto. Sentou na mesa de frente pra Alfonso
- Boa tarde, sr. Herrera. Peço desculpas pela forma brutal que resgatamos você, mas a ocasião é um tanto quanto delicada. O que você sabe sobre Lange?
- Vocês me sequestram, me dopam, me torturam e ainda acham que darei qualquer informação sobre meu trabalho? Vão se foder! Me queime pelo tempo que desejar, mas o que eu sei sobre o Lange, morre comigo. – Alfonso tremia e cuspindo na mesa ele olhou nos olhos do homem. 
- É aí que o senhor se engana, Herrera. Minha equipe está nesse momento recuperando todos os seus arquivos, cedo ou tarde descobriremos tudo. Mas tem algo que só você pode me dizer: o que viu na noite do assassinato de Lange?
- Lange contratou alguma puta pra foder com ele e depois ela foi embora.
- Quem era essa puta? – Charles encostou na cadeira, tragando o charuto.
- Se eu soubesse quem era, também teria contratado, é a mulher mais gostosa que eu já vi.
- Pois bem, espero que goste do ambiente, porque ele será seus aposentou pelos próximos dias. – Charles levantou e acenou para o agente atras de Alfonso que cortou as fitas que prendiam o homem. – O senhor ficará nessa sala até resolver colaborar um pouco, sr. Herrera. Até logo. – Dando um trago longo no charuto, o homem saiu da sala acompanhado pelo agente, deixando Alfonso sozinho.
- Merda! – Alfonso deitou no chão, procurando não se mexer. Ficar ali no chão frio amenizava um pouco a dor das queimaduras. Não sabia o que faria, nem porque tinham o raptado, mas sabia que se não pensasse em algo logo, sua vida estaria em perigo.