thirty-eight

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Já faz um tempo que eu não vejo meu pai, provavelmente ele deve ter ido me ver no hospital, é claro se o seu trabalho lhe deu um dia de folga.

Meu pai trata seu trabalho como o bem mais precioso que lhe pertence, eu não estou reclamando, porque é gratificante ver alguém dedicando sua vida em algo que ela goste. Mais o meu pai leva esse quesito muito a sério, as vezes ele esquece como é ter uma família.

Quando eu me assumi ser gay para os meus pais, minha mãe disse: "você demorou tanto para contar, achei que esse dia não ia chegar, muito bem filho!", meu pai apenas disse: "a vida é sua afinal", eu nunca acreditei em suas palavras, para mim é como se ele nunca tivesse aceitado e isso me afeta de alguma maneira.

Nós não eramos próximos e depois do que eu disse, meu pai se afastou de uma forma indescritível, no começo eu o via quase todos os dias, depois só pela noite, 3 dias na semana, e quando me dei conta eu mal o via por um dia completo em todo o mês.

Assim que chegamos no aeroporto o painel brilhava dizendo os vôos e o avião do meu pai já tinha pousado. Minha mãe e eu fomos direto para o portão de desembarque para encontra-lo e lá estava ele, com uma mala marrom em suas mãos, mais perdido do que uma criança sem sua mãe no shopping.

- Amor! Aqui! - Minha mãe gritava em meio a multidão. Meu pai ainda não tinha nos visto. - Querido! Estamos aqui! - Ela sorria ficando nas pontas dos pés para ser notada. Meu pai sorriu e começou a andar, só que ele estava indo em outra direção. E lá... Estava uma mulher com um bebê no colo e ele à abraçou. Minha mãe estava imóvel tentando entender a cena, assim como eu. Então meu pai a beijou, beijou como se apenas eles dois estivessem lá. Mamãe saiu o mais rápido que ela conseguiu, eu fui atrás dela, mas eu sei que nada do que eu disser vai mudar o que ela viu.

recovery // l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora