Capítulo 11

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Vitor Martins

Se tinha uma parada que me deixava louco, é quando me passavam a perna, e convenhamos, tem que ter muita coragem.

Esses muleques aqui que eu boto no comando de um bagulho, são cria desde novinho, conheço de tempão, e isso é uma puta traição.

Chegamos na boca 07 e eu desço da moto e Matheus vem logo atrás. Tinha uns menó comprando uns bagulho, e eu só tava esperando eles saírem

— Cadê o R7? — Pergunto pra um dos vapor

— Tô aqui patrão — Ele sai do escritório — Que tá pegando?

— O que tá pegando? Eu que te pergunto comédia — Me aproximo dele e vejo ele dar uma passo pra trás

— Tem nada não patrão — Ele gagueja e bate com as costas na parede

— Tu já tá ligado que se tem um bagulho que me deixa puto, é traição né — Pergunto e ele assente rápido

— Ninguem te traiu aqui não patrão, tá tudo no esquema

— Tá tudo no esquema? Cadê a porra dos meus 3 mil? Pegasse pros teus esquema foi? — Ele arregala os olhos e balança a cabeça negando

— Peguei nada não, pode conferir

— Ah eu já conferi, e só vou dizer uma última vez — Me viro para os outros menó que tava junto

— Ninguém me passa a perna tá ligado — Digo e eles assente rápido

— Seja homem e fala logo — Matheus fala se aproximando e ele abaixa a cabeça admitindo

— Que sirva de lição — Dou um tiro na cabeça dele — Limpem essa bagunça

Subo na moto e espero Matheus voltar, ele estava falando com um dos vapor que iria assumir a boca

— Po o R7 era cria, mó ideia errada desses menozinho — Ele diz subindo na moto

— A gente da muita liberdade, é bonzinho demais... Dá nisso aí — Ligo a moto e subo o morro indo pra boca que nois ficava

Existem regras aqui, e regras no meu morro, são compridas. Homem não bate em mulher, zero moral pra covardia. Estupro é castração na hora mesmo, no seco, e depois tiro na cabeça. Traição é sem vez, e briga no meio do povo principalmente ideia errada na frente de criança, sem papo.

Gaspar comandava isso aqui com toda a vontade que ele tinha, e eu jurei proteger com a minha. Esse morro, essa comunidade é a minha vida, e eu dou a minha por ela.

Chegamos na boca e entro no escritório. Vejo Isabella e Victoria sentadas na mesa olhando os papéis da contabilidade

Era uma sensação estranha ver ela aqui, principalmente mexendo com os bagulho do morro.

Ela sempre soube que meu maior desejo era virar dono, mas eu dizia pra mim que quando isso acontecesse, não a deixaria chegar perto. Meu medo de perde lá para esse mundo era enorme.

— O que a princesa pensa que tá fazendo aqui? — Matheus pergunta se aproximando dela

— Eu vim ajudar, não entendo como a Vick não tem dor de cabeça com tanto número — Ela diz e a mesma logo ri

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