Prólogo

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Alcancei minha bolsa dentro do meu armário e a joguei sobre o ombro. 

- Vejo você em casa - acenei para Lorelai quando passei pela porta da pequena livraria onde nós duas trabalhávamos. 

Era quase seis e meia da tarde. Meu turno havia acabado há pouco e o dela apenas começara. Caminhando por entre as ruas lotadas, puxei meu celular do bolso traseiro e verifiquei se havia alguma mensagem ou e-mail precisando de resposta. Como sempre, não havia nada. É certo que a faculdade de medicina prejudica a sua vida social, mas aquilo já era ridículo. Eu estava em Londres há cinco meses e meus únicos amigos eram minha colega de quarto - que também era minha colega de trabalho - e o namorado dela. 

Patético. Eu sei.

Torci os lábios em uma careta de desagrado e guardei novamente meu celular. 
Quando levantei a cabeça, avistei uma Starbucks a poucos metros. Acelerei o passo e logo estava dentro daquele ambiente familiar. Minutos depois saía com um copo de café na mão. Tomei alguns goles e meu humor melhorou alguns graus. Desci para o metrô, andei duas estações e depois voltei para a rua. Agora só mais uns quinze minutos de caminhada e eu estaria em casa para mais uma super divertida noite de sexta-feira mergulhada em um dos meus livros sobre anatomia humana. 

Patético. Eu sei. 

Meu celular apitou o sinal de mensagem de texto. Puxei o celular e destravei a tela. "Não se esqueça de comprar leite" era o que dizia. Revirei os olhos e beberiquei um pouco do meu café. Estava digitando a resposta para Lorelai quando um grito estridente de puro pânico assustou todos ao redor. Levantei a cabeça por reflexo. Duas mulheres do outro lado da pista de automóveis olhavam horrorizadas para uma menininha que disparava em direção a elas. Uma das mulheres, em um ato de desespero, fez menção de tentar alcançar a garotinha. A mulher, contudo,nunca chagaria a tempo de evitar uma tragédia - havia seis faixas de carros a toda velocidade separando as duas. Arregalei os olhos. 

Senti o copo de café e meu celular escaparem por entre meus dedos. E, no segundo seguinte, eu estava correndo em direção à garota e para dentro do trânsito furioso de Londres. 

Hit by DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora