O Cálice Imortal de Shezmu [The Chosen: Season 2] ❀ Camren

❀ Capítulo 16: Ouroboros

◇ ⃟🌼

Los Angeles, Califórnia
Fevereiro, 2021
— Camila

   De volta ao seu apartamento, Camila pensou em abordar Dinah naquela noite mesmo, assim que ela chegou do instituto, mas acabou desistindo. Sabia que não seria fácil conversar sobre aquilo com ela, qualquer pessoa iria pensar que estava maluca.

   Mesmo assim, no fundo sentia que aquilo não poderia ser tão complicado – afinal, tanto ela quanto Dinah estavam envolvidas naquela investigação sobre o sarcófago da princesa e aquelas pedras, então com certeza deviam ter passado por diversas situações que colocaram à prova suas crenças e estudos, mesmo que não se lembrassem.

   Tinha ainda mais convicção disso agora, depois de entender melhor sobre a princesa Laurenebti e saber que Lauren era sua reencarnação. O quão louco tudo isso era?

   Ainda precisava entender melhor onde exatamente ela mesma se encaixava naquela história – se não estavam ligadas pelo fato de Camila ser uma das arqueólogas responsáveis pelo achado e estudo do sarcófago, então o quê?

   E pensando melhor no cenário todo, Camila entendeu que realmente não poderia ser apenas isso. Aquela ligação que possuía com Lauren, o que verdadeiramente sentia quando estava com ela… Era algo mais. Algo muito mais profundo, uma conexão de almas. Talvez… Estivesse ligada à ela no passado, de uma forma amorosa? De todas as teorias que criou, essa era o que fazia mais sentido, devido ao modo como se sentia em relação à ela.

   O único problema era que tudo que leu a respeito de Laurenebti estava sempre voltado para o seu ato de assassinato, realmente a mídia fez sua fama de vilã e herege ao longo dos séculos, e apenas aquilo permaneceu.

   Não tinha qualquer conhecimento a respeito de sua vida como princesa de Gizé, sobre quem ela foi, as coisas boas que fez ou até mesmo as pessoas com as quais poderia ter se envolvido. Isso ainda era um mistério.

   Talvez Ally estivesse certa, talvez voltar ao Egito poderia ser uma ótima forma de resgatar aquelas memórias e muito provavelmente isso traria algumas respostas.

   Camila então esperou até o dia seguinte, já que Dinah estaria de folga do instituto. Ela tinha um compromisso com a família em Santa Ana, na parte da manhã, mas garantiu que estaria de volta por volta de duas horas da tarde.

   – Eu quero que ela te veja. – Camila explicava à Allyssun, em seu quarto, enquanto a jinni andava de um lado para o outro.

   – Me ver?

   – Sim.

   – Como? Assim, nessa forma? – Gesticulou para o próprio corpo.

   – É… Acho que seria menos impactante. Depois que ela entender melhor, talvez você possa mostrar sua verdadeira forma à ela. Mas acho melhor começarmos devagar.

   Ally suspirou. Encolheu os ombros em um sinal de “tanto faz”.

   – Se você acha que vai ser melhor. Mas precisa ter cuidado na hora de explicar tudo à ela, ok? Não é uma “notícia” fácil de digerir.

   – Sim, eu entendo. Mas Dinah é uma estudiosa como eu, Ally. Ela conhece muito bem a mitologia árabe, conhece a história da sua espécie. Eu sei que é diferente; uma coisa é você ler a respeito de tudo isso e achar que não passam de histórias, outra é você estar diante de um jinni de verdade. Mas se soubermos conversar com calma, ela vai absorver bem tudo isso.

   – Hum… Não sei, não. Ela me parece meio histérica.

   Camila segurou o riso.

   – A Dinah é… Única. Ela tem um jeito meio espalhafatoso de lidar com as coisas, mas no fundo ela é uma boa entendedora. Dê a ela o benefício da dúvida, pelo menos.