Lily

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Chapter 2

Narrador

Yuri dorme tranquilamente, sozinha em sua cama de solteiro. A janela fechada, porém as cortinas amarradas à madeira lateral, permitindo que as estrelas sejam observadas e seu brilho invada o escuro quarto.

Um som se faz presente em meio ao silêncio, porém Yuri permanece adormecida. Logo outro idêntico, que acaba por acordar a garota. Notificações.

Jo Yuri

Uma notificação se faz presente em meu celular, e seu barulho me desperta. Por que não ativei o modo silencioso? Terei de pagar o preço. Tudo está escuro, fora pequenos pontos aleatórios, os quais são iluminados pelo rarefeito brilho que invade o quarto pela janela. 

A tela do celular ainda está ligada. Abro meus olhos lentamente, e uma sensação sonífera tenta atacar meu corpo querendo que eu deixe meu celular de lado e apenas vá dormir, mas ignoro-a.

Com a mão direta, ainda sem enxergar direito, pego meu celular e o trago para perto de mim. O brilho excessivo vindo do aparelho invade meus olhos, fazendo com que eu fecho-os imediatamente. Ao menos me acordou por completo.

Noto o horário na tela de bloqueio, são 23:17. Por que eu receberia uma notificação a esse horário? Logo abaixo de tais informações, a perturbação de meu sono se faz presente: uma mensagem de um número desconhecido. Não é recomendado conversar com números desconhecidos, contudo... e se for alguém querendo me contatar em relação à entrevistas de trabalho, um amigo tenha se acidentado, ou minha avó esteja passando mal? São tantas possibilidades que faz com que vala a pena responder para apaziguar os pensamentos inoportunos.


Número Desconhecido

- Olá — 23:14
- Desculpa pelo horário... — 23:16


Você
23:18 — Olá. Sem problemas. 

O remetente ainda se encontra online, como se estivesse esperando ansiosamente por minha resposta, ou apenas conversando com outra pessoa.

Número Desconhecido
- Ah, desculpa, esqueci de algo importante. — 23:19
- Aqui é a Yena, a garota que estava acompanhando sua vó. — 23:19

Clico no número dela, salvando seu contato. Por que Yena estaria me mandando uma mensagem a essa hora? Será que algo aconteceu com minha avó? Como ela conseguiu meu número? Chaeyeon deu à ela meu contato? Ou minha avó?  Ai...

Você
23:20 — Ah, hey Yena.

Yena
- É muito estranho eu estar te mandando uma mensagem a esse horário? — 23:20

Você
23:20 — Nem tanto quanto você pensa que seja. 

Yena
- Ufa. Bem, acredito que você queira saber como consegui seu número. — 23:21

Você
23:21 — Uma das coisas que quero saber. 

Yena
- Sua avó me disse que não dormiria se eu não conversasse com você. — 23:22
- Então pensei que você não gostaria de saber que ela passou a noite em claro, além de que não seria bom para sua avó. — 23:22

Seria isso a verdade ou uma desculpa? Pouco me importa, apenas o fato de que ela está, teoricamente, pensando no meu bem e de minha vó - principalmente  de minha vó - me deixa aliviada.

Você
23:23 — Pensou e acertou. 
23:23 — Por sinal, ela está bem? 

Yena
- Tão bem quanto quando você a viu hoje mais cedo. — 23:23

Ufa.

- Então... como foi seu dia? — 23:24
- Desculpa, não sou boa com conversas noturnas pelo celular, kkkk. — 23:24

Você
23:24 — Você não está sozinha, kkk. 
23:25 — Meu dia foi bom. E o seu? 

Yena
- Meu dia foi bom também. Sua avó é uma ótima companhia. — 23:25

De fato, minha vó tem essa capacidade, energia que alegra todos a sua volta. Sinto o mesmo vindo de Yena. Ela não mandou mensagem por cerca de 6 minutos, e eu não soube como seguir puxando assunto. Ambas permanecemos online, pude perceber o quanto a barra escrito "digitando..." aparecia, mas logo sumia, como se ela estivesse pensando no que escrever. 

Yena
- Qual sua flor favorita? — 23:31

Você
23:31 — Lírios. 

Yena

- Bom saber, Lírio — 23:31

Você
23:32 — Eu Lírio? 

Yena
- Sim, Lírio. — 23:31
- De novo, desculpa te mandar uma mensagem a essa hora. — 23:32
- Sua avó vai ir dormir agora, te mandou um boa noite. — 23:32

Você
23:32 — Ah, mande boa noite para ela também.
23:33 — Você vai também? 

Algo dentro de mim quer que eu continue conversando com ela, por mais que não estejamos conseguindo desenvolver bem o dialogo. Parece que algo nos prende.

Yena
- Depende. — 23:33
- Você quer que eu vá? — 23:33

Mas que tipo de pergunta é essa? Yena, Yena, Yena...


Você
23:33 — Não, quero que fique. 
23:34 — Me mandou uma mensagem a essa hora, vai ter que me aturar. 

Yena
- Aturar é um verbo muito forte. — 23:34
- Mas eu gosto dele. Vou te "aturar". — 23:34
- Apenas 1 minuto, tenho que sair do quarto da sua avó, ou ela me mata amanhã. — 23:35

É, ela está correta, minha vó vai querer o pescoço dela se ela ficar lá. Aturar é um verbo forte.


E assim continuamos conversando, aquilo que era tão desengonçado e sem rumo, tomou um bem interessante. Ela me contou um pouco sobre tudo, até as coisas que menos me interessam, porém ela, de alguma forma, faz com que tenha graça, com que te cative.

Sem notar, minha sonolência havia escapado, e minha próxima 1 hora acabou sendo em frente ao celular, digitando enquanto sorrindo pelo jeito de Yena se expressar. Ela se soltou rapidamente após sair do quarto da minha avó, quase como se minha avó estivesse a pressionando a algo... ou ela apenas se sentiu desconfortável em meio a todo o contexto.

Eu, em contrapartida, levei um tempo para me "ambientar", mas não pense que foi tão longo. A aura de Yena se mostra até por mensagens, que te cativam assim que a primeira de muitas barreiras é quebrada.

Você
00:32 — Desculpa cortar todo o momento, mas... tenho que ir. 
00:33 — Tenho uma entrevista de emprego hoje. 

Yena

- Ah, tudo bem! — 00:33
- Se lembre: se eles te fizerem perguntas estupidamente bestas, tente responder sem rir. — 00:33
- Eu sei que é difícil, mas funciona. — 00:33
- Parece que eles só ligam para essas perguntas... — 00:34

Você
00:34 — Pode deixar, kkk. 
00:34 — Só mais uma coisa. Qual a sua flor favorita? 

Por que não terminar a conversa parecida com o início?


Yena
- Sabe, Yuri, eu não conhecia nada de flores até o dia de ontem. — 00:35
- Mas a que mais me encanta é aquela que canta e não sabe. — 00:35

Você

00:35 — Canta e não sabe? 

Yena

- Sim. Ela canta e não sabe, é uma pena, pois seu canto é tão lindo. — 00:35
- Gostou da poesia improvisada? — 00:35

Você
00:36 — Choi Yena, a poetisa que improvisa.

Yena
- Nem sempre. — 00:36
- Bem, boa noite, Lírio. — 00:36

Você
00:37 — Boa noite, poetisa. 

Ela ficou off-line antes de mim. Coloco meu celular na mesinha ao lado da minha cama, encaro o teto.

- Que canta, mas não sabe... — Digo em voz alta. Estendo minha mão em direção ao teto, abrindo os dedos e logo os fechando com força, como se tentasse pegar algo no ar.  — Yena, assim você me deixa curiosa...



Garden Of Glass | YulyenOnde histórias criam vida. Descubra agora