Capítulo 1

173 28 17
                                    


(Se não leu os avisos, volte e leia o item 7)

Jungkook detestava seu trabalho.

Não o levem a mal, mas o salário era ruim e o expediente era exaustivo: trabalhava como ajudante de arqueólogos. Enquanto eles escavavam e procuravam resquícios de espécies esquecidas, Jeon era responsável por anotar tudo que eles fizessem - para fins de pesquisa, era o que diziam.

Naquele fatídico dia que mudaria sua vida para sempre, o  ômega acordou com o barulho do toque de seu celular. Um iPhone 6 com a tela trincada e bateria viciada. Quase um telefone fixo. Na tela, o nome Jimin brilhava enquanto a música take me to church reverberava pelo ambiente no volume máximo.

Levantou ainda sonolento e sem nem saber o próprio nome acabou tropeçando na coberta enquanto tentava alcançar o aparelho. Finalmente atendeu a ligação enquanto coçava os olhos e sentia o estômago roncar de fome. Aproveitou para acender a luz já que a preguiça de abrir a cortina era grande.

— Jimin-ssi? – Sua voz saiu mais rouca do que esperava.

Algo me diz que você acabou de acordar. – O alfa riu. Ele liga a uma hora dessas e espera o quê?, pensou o mais novo – Tô acordando a equipe toda. Parece que acharam alguma coisa naquela caverna que a gente passou perto anteontem. O governo pediu pra eu dar uma olhada.

Olhou para o relógio e suspirou. Seis da manhã de um sábado. Não bastava trabalhar a semana toda, agora tinha que fazer hora extra também? Começou a andar em direção à cozinha. No caminho, tropeçou num plástico de miojo jogado no chão. Meu deus, preciso limpar esse lugar.

— Eles vão pagar a mais por isso, né? Senão nem vou trocar de roupa. – Reclamou enquanto abria os armários marrons procurando pão.

Sim, sim, seu pequeno capitalista, eles vão pagar em dólar. 100 dólares pelo seu sábado. – Jungkook quase derrubou o celular ao ouvir aquilo e seus olhos brilharam como duas galáxias. Sem dúvida, gastaria todo o dinheiro na Steam.

— Por esse tanto eles podem me acordar até três da manhã que eu não reclamo. Vou só trocar de roupa e já vou, hyung.

Desligou o celular e continuou sua saga em busca do pão que parecia não existir. Revirou o armário quase vazio e só achou mais alguns pacotes de miojo. Olhou ao redor de seu minúsculo apartamento de três cômodos, se perguntando onde mais seu café da manhã poderia estar, até que uma lembrança surgiu.

Não havia comprado pão.

Suspirou derrotado e decidiu que iria trocar de roupa e logo em seguida passar pela padaria. No guarda-roupa branco, pegou uma calça jeans velha junto a uma blusa que um dia foi branca - sítios arqueológicos não são exatamente limpos - e vestiu, ao mesmo tempo que juntou todo o equipamento necessário para o dia. A mochila era pesada e ele queria chorar apenas em perceber que a carregaria o dia todo. Lembre-se, são 100 dólares!

Dez minutos depois ele já estava na padaria, apreciando um capuccino com duas fatias do bolo misterioso. A beta dona do estabelecimento, uma gentil senhora chamada Jiah, jurava que era de cenoura.
Mas o bolo era verde.

Não que aquilo importasse muito, o doce era bom de qualquer maneira. Lembrava o de sua avó. Terminou de comer rapidamente porque Jimin detestava atrasos - inclusive descontava de seu salário - e logo já estava em sua moto, percorrendo a estrada traiçoeira que levava à infame montanha. No pé dela, claro, estava a caverna cuja entrada era coberta por uma rocha pesada, tão pesada que estimavam estar ali pelos últimos 700 anos ou mais.

Chegando no local, encontrou Momo, uma arqueóloga japonesa, conversando com dois oficiais do governo. Ela acenou pedindo que ele se aproximasse.

— Bom dia, Jungkookie! Você chegou um pouco atrasado, então perdeu algumas coisas – Ela logo sorriu, dizendo que ele não precisava se preocupar. – A rocha é mesmo muito pesada. Vamos ter que usar explosivos, mas como não podemos danificar o interior da caverna, abriremos um buraco muito pequeno.

— Pelo menos Jimin-hyung vai conseguir entrar – Brincou e logo levou um tapa no ombro. O mais velho estava bem atrás de si.

— Brincadeiras desnecessárias à parte, já está na hora. – Seu tom era sério. – Vamos logo. E você, seu jovem insolente, coloca um boné. O sol tá muito forte.

A rocha se encontrava cercada de agentes do governo que plantavam explosivos apenas no lado esquerdo. Jungkook se perguntou porque o governo estava tão interessado no local da noite pro dia. A caverna era situada numa reserva florestal e estivera ali desde sempre, sem que ninguém demonstrasse interesse. E dado o histórico da área, era improvável que houvesse qualquer mineral de valor.

Será que havia um tesouro ali dentro? Mesmo que a resposta fosse sim, como o governo saberia?

Enquanto sua cabeça queimava com as perguntas - ou seria o sol? -, não reparou que o sinal foi dado e a operação começou. Pó voou para todos os lados enquanto o barulho estrondoso assustou os pássaros que voavam por ali. No entanto, a pedra continuou intacta.
Nada.
Nem um arranhão.

Horas depois, todos tentavam mover ela ao menos um centímetro - sem sucesso.

— Jungkook! – A voz de Jimin o chamou ao longe. O alfa estava há seis horas tentando entrar na caverna, e o sol do meio-dia começava a dar as caras. – Vem ajudar!

O Jeon, que no momento estava distraído passando protetor solar nos braços, levantou-se com preguiça e foi arrastando os pés até a entrada coberta da caverna. Pelo menos ganharia 100 dólares por fazer absolutamente nada. Sua força certamente não seria de grande ajuda - ômegas, naturalmente, não tinham tanta musculatura quanto alfas. E mesmo que tivessem, a força ainda seria menor.

Suas mãos se posicionaram bem no encontro entre a pedra e a caverna enquanto ele observava Momo sentada no chão, fazendo absolutamente nada. Sentiu inveja. Antes que pudesse perguntar porque ela não precisava ajudar, foi interrompido.

— No três! – Um dos agentes gritou. – Um! Dois! e.. três!

O moreno empurrou com tudo que tinha e podia sentir que os outros faziam o mesmo. Seus bíceps flexionaram e sua energia começou a se esvair. Imaginou se aquilo realmente adiantaria. O que eram algumas pessoas perto de explosivos?

Foi naquele momento que ele pôde sentir - alguém empurrando por dentro.

Tudo que Jungkook soube era que a rocha se moveu e, em menos de um segundo, uma mão o puxava para dentro da caverna.

Em nome do Rei | kth+jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora