Capítulo 2
Todos aqueles dias que iam e vinham,
mal sabia eu que eram vida.
Taehyung se encontrava a dois passos de matar Namjoon.
Não apenas havia o conselheiro errado o dia em que os grãos seriam entregues, ele também esqueceu de avisar que o senhor Min faria uma visita.
Mas o rei não se importava. Sentado na varanda de seu castelo de inverno, observando a neve que caía sobre os frágeis galhos da velha árvore, ele apenas conseguia pensar na singela caixa que lhe fora entregue pela manhã. Seu conteúdo poderia variar desde um adorno trabalhado em ouro até um doce envenenado. Novamente, o rei não se importava com isso.
Talvez dentro encontrasse uma mecha de cabelo.
A tradição era clara: para declarar guerra, um soberano deveria cortar seu rabo-de-cavalo e enviá-lo àquele que desejasse derrotar em batalha. Portanto, quanto mais longo o cabelo de um líder, mais respeitado ele seria.
Em toda a sua vida, Kim Taehyung não havia cortado o cabelo. Obviamente, essa regra só se aplica à alfas. Betas podem escolher se querem segui-la e ômegas não podem deixar os fios ultrapassarem a altura do ombro.
Cansado de tanto suspense, o alfa optou por abrir o objeto de uma vez por todas e grande foi sua surpresa ao encontrar apenas um papel em branco. Não havia nada escrito nele. Suspirou e alisou o cabelo com a mão livre, cansado.
Veja, ele não era o epítome de misterioso, mas de fato tinha seus segredos, tal como qualquer um naquele palácio. E olhando para o objeto em suas mãos, não teve dúvidas de qual seria seu destino: caminhando para dentro do pátio e se aproximando da fogueira no centro, ateou fogo ao que muito dizia.
Observando toda a cena, a figura silenciosa ostentava uma expressão dura. Enquanto as cinzas se espalharam no vento e o segredo foi queimado, ele só fazia sentir pena. Pena do alfa que, tão jovem, tivera a face de um rei marcada em si a ferro e fogo. Tivera a inocência arrancada e juventude roubada.
Tal qual manda a tradição.
.
— Não sabia que tinha por boas maneiras chegar sem aviso, senhor Min. — O rei alfinetou. Yoongi apenas riu.
— Se ainda não conhece o comportamento de seus nobres, talvez devesse estudar um pouco mais, vossa majestade. É nos detalhes que mora o perigo. Nenhuma traição é planejada abertamente. — O loiro divagou enquanto caminhavam pelo palácio.
Taehyung permaneceu em silêncio, memórias de dias que não voltariam inundando sua mente. Será mesmo que o perigo está nos detalhes ou seria melhor dizer que está nas pessoas? Não necessariamente, conclui. Basta uma palavra mal dita para que irmãos decidam se matar. Um único olhar para que dali nasça uma rivalidade. E uma única carta pode derrubar um império, mas uma mentira basta para reerguê-lo.
Roma não foi construída em um dia, mas caiu em um.
— Não temo traidores, senhor Min, mas me preocupo com a razão por trás de suas traições.
Yoongi foi surpreendido pela resposta. Sabia que o rei era inteligente - ele chegou até o trono, a despeito de ser um camponês - mas não pensou que fosse tão compreensivo. Muitos líderes apenas executavam aqueles que se revoltavam sem se perguntar porquê o fizeram. Um sorriso singelo adornou os lábios do mais velho. Não precisam se preocupar, pensou, ele se tornou o homem que vocês sonharam.
— Eles teriam orgulho de você, pirralho. Lembre-se disso.
O nobre se foi antes que fosse repreendido pelo apelido, deixando para trás um alfa perturbado. Levando as mãos à cabeça, Taehyung não sabia o que fazer, lembrando-se de alguém que há muito pensou ter esquecido.
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Em nome do Rei | kth+jjk
Storie d'amoreABO/Taekook Jungkook era um ômega que vivia em Seul, como ajudante de arqueólogos. Num estranho acidente, o Jeon é levado para um reino do passado, onde conhece um misterioso rei alfa de olhos dourados e voz profunda. Talvez ele devesse ter prestad...