Capítulo 06 - Sombras da Solidão

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A noite fria caía sobre Marselha, envolvendo a cidade em um manto de solidão e melancolia. Mavi caminhava pela praia, seus passos deixando marcas efêmeras na areia úmida. O mar agitado rugia ao longe, suas ondas quebrando com força contra as rochas.

Seis meses haviam se passado desde a morte de sua mãe, um período marcado pela dor e pela busca incessante por respostas. Mas as pistas pareciam se esquivar dela, escapando como areia fina entre os dedos.

Mavi: (em pensamento, olhando o horizonte escuro) "Por que tudo é tão difícil, mãe? Por que você teve que me deixar assim?"

A brisa gelada cortava seu rosto, mas era o vazio em seu peito que doía mais. Era como se um pedaço dela tivesse sido arrancado para sempre naquele dia fatídico. Mavi se sentia abandonada no mundo, perdida em um labirinto de emoções turbulentas.

As lembranças de sua mãe eram como fotografias em preto e branco, vívidas e dolorosas. Ela se recordava dos momentos felizes juntas, das risadas compartilhadas e dos segredos sussurrados ao vento. Agora, tudo o que restava eram perguntas não respondidas e um vazio que parecia insuperável.

Mavi: (fechando os olhos, sentindo as lágrimas se misturarem ao vento) "Eu não sei se consigo continuar, mãe. A dor é demais."

O pensamento de acabar com sua dor ali, naquele momento solitário e gelado, cruzou sua mente como uma sombra fugaz. Ela olhou para as águas escuras do mar, hipnotizada pela sua imensidão e pela promessa silenciosa de paz.

Enquanto isso, ao longe, Luc a observava com preocupação. Ele a seguira discretamente, preocupado com o estado emocional de Mavi. Sua missão era protegê-la a todo custo, e a expressão dela naquela noite fria lhe dava um mau pressentimento.

Luc: (em pensamento, escondido entre as sombras) "Por favor, Mavi, não faça nada imprudente."

Mavi deu alguns passos hesitantes em direção à água. O frio cortante não parecia incomodá-la mais do que a dor em seu coração. Ela fechou os olhos, deixando que as lágrimas se misturassem à brisa salgada do mar. Num impulso de desespero, ela se lançou nas águas geladas, desejando que a dor desaparecesse.

Luc viu o momento em que ela se jogou e, sem hesitar, correu em direção à praia. O vento frio e o mar agitado não o deteriam. Ele mergulhou nas águas turbulentas, nadando com todas as suas forças para alcançar Mavi.

Luc: (lutando contra as ondas, gritando) "Mavi! Segure firme! Estou chegando!"

Mavi, sentindo o frio penetrar até seus ossos, começou a se debater. A vida que ela tentara abandonar agora se agarrava a ela com força. Luc conseguiu alcançá-la, puxando-a para a superfície e nadando de volta à praia com dificuldade.

Finalmente, de volta à areia, Luc carregou Mavi para fora da água. Ela estava tremendo, meio consciente, enquanto ele a envolvia em seus braços para aquecê-la.

Luc: (ofegante, mas firme) "Mavi, por favor, fique comigo. Vai ficar tudo bem."

Os olhos de Mavi abriram-se lentamente, focando em Luc. A compreensão de que ele a salvara começou a se formar em sua mente. Ela se sentia fraca, mas o calor dos braços de Luc a trazia de volta à realidade.

Mavi: (sussurrando, com lágrimas nos olhos) "Luc... eu..."

Luc: (acariciando seu rosto, tentando confortá-la) "Está tudo bem, Mavi. Estou aqui. Não vou deixar nada acontecer com você."

Eles ficaram ali, na praia gelada, enquanto a noite continuava seu curso. Luc sabia que o caminho à frente ainda seria difícil, mas estava decidido a estar ao lado de Mavi, protegendo-a de todos os perigos – inclusive daqueles que ela mesma poderia representar para si.



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