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Lee Yoobin olhou mais uma vez a cruz em cima da mesa da recepção. Com um sorriso de satisfação, por finalmente poder sair do lugar que chamou de inferno durante anos, passou pela porta de vidro reforçado. Pisou na calçada e pode ver sua única amiga, Kim Minji, com um grande sorriso nos lábios. 

— Que bom que finalmente saiu. Estava com saudades — disse Minji tirando o óculos escuro de seu rosto e o colocando no bolso da sua camisa social branca.

— Também estava com saudades, Minji. Depois de anos finalmente vou poder viver minha vida. Obrigado por deixar-me ficar na sua casa — disse Yoobin fazendo uma leve reverência em agradecimento.

— Eu tenho um quarto sobrando e sinto-me sozinha lá de qualquer forma. 

— De qualquer forma, obrigada.

— Dê-me sua mala.

Minji rapidamente pegou a pequena mala de mão da mais nova e colocou no banco de trás do seu carro. As duas entraram no carro e rumaram até a nova casa de Yoobin. Mesmo sentindo curiosa para o rumo da sua nova vida, ainda tinha medo do que poderia acontecer. Deixou sua mente ser tomada pelos seus novos pensamentos de forte insegurança.

As duas ficaram no elevador em silêncio. Minji não sabia o que dizer, queria saber o que aconteceu nesse tempo que ficaram separadas, mas não queria ser invasiva e acabar deixando-a ainda pior. Yoobin estava com muitos pensamentos desorganizados, não conseguia ao menos concentrar-se em dar atenção a sua amiga.

Calmamente Minji abriu a porta do apartamento e deixou que a mais nova entrar. Ela olhou todos os detalhes minimalistas da decoração, os livros todo juntos numa pequena estante de madeira branca, o espaço grande e espaçoso, muito diferente de seu quarto naquele hospital.

— Sinta-se em casa, afinal é isso que é — disse Minji pegando a mala da mão da mais nova, que tinha insistido em carregar.

— Obrigado, Minji — respondeu Yoobin sem tirar os olhos da decoração.

— Posso mostrar seu novo quarto?

— Claro...

Minji caminhou a frente, sendo seguida pela mais nova. O novo quarto da mais nova ficava em frente ao seu, que era perfeito para as duas poderem conversar durante as madrugadas que com certeza não conseguiriam dormir. 

— Aqui é o seu novo quarto... Espero que goste.

— Incrível... No hospital eu dividia com outra menina, era apertado e gelado, solitário...

— Agora você não está mais sozinha... Estou aqui, Yoobin. 

— Obrigada...

— Tomou seu remédio hoje?

— Não... Sempre fico lerda, para baixo...

— Mas não pode deixar de tomar... Eu pego para ti.

Minji saiu e trouxe a caixa de remédios que Yoobin tanto queria evitar, mas mesmo assim tomou-os a contra gosto. Após poucos minutos o remédio já parecia fazer efeito, seu corpo parecia uma pedra muito difícil de carregar, seu cérebro parecia um antigo computador que demorava séculos para carregar algum dado, suas pálpebras pareciam imãs que insistiam em ficar juntas... Realmente os remédios já começaram a fazer efeito.

Ela queria voltar a sociedade com calma. Aproveitar um tempo com Minji, entender como as coisas vão, mas não podia fazer isso. Não podia sobrecarregar a amiga, precisava ajuda-la e começar do zero de uma vez.

Mesmo meio grogue decidiu ir em busca de um emprego, porem apenas tinha experiência e curso em culinária. Apenas não sabia como iria conseguir trabalhar em um lugar tão estressante no estado que encontrava-se. Porem era apenas o que tinha para o momento. Precisou usar o computador de Minji, com ela ao seu lado, para fazer um currículo para entregar nos diversos estabelecimentos.

— Obrigado pela ajuda, mas agora vou entregar alguns deles — disse Yoobin pegando a pequena pilha com seu currículo.

— Espera... Coma algo, não comeu desde que chegou — disse Minji tirando os papeis de sua mão e colocando em cima da mesa novamente.

— Tudo bem... Mas não estou com fome...

— Que pena, porque vai comer.

Minji pegou o braço da mais nova e arrastou-a em direção a cozinha. Mesmo a contra gosto a mais nova comeu tudo que foi empurrado para si, de fato não tinha fome, a preocupação era grande. Recomeçar sua vida não seria fácil, mas agora era apenas o que restava.

— Já vou ir distribuir meus currículos, deseje-me sorte —  disse Yoobin guardando o prato, já limpo, que usou para comer.

— Não esqueça os currículos na mesa — disse Minji apontando para as folhas em cima da mesa de jantar. — Boa sorte.

— Obrigado... Não precisa esperar por mim.

— Claro...

Yoobin saiu correndo com as folhas na mão. Naquele dia caminhou pela cidade distribuindo seus currículos pelos mais diversos restaurantes, pelo menos até não aguentar mais em pé. Não esperava conseguir um trabalho tão cedo, mas não podia deixar de tentar. A vida passava e ela tinha que tentar acompanhar.

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