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Bianca

Já era mais de uma e meia da manhã enquanto eu tentava ligar para a dona de um buffet. Eu tentei ligar mais cedo, mas ela me disse que só teria tempo para falar comigo num intervalo entre as festas que tinha para hoje. E lá estava eu, falando com ela no meio da festa, discutindo sobre a possibilidade dos funcionários irem para o Brasil.

- Brasil? Você está maluca? - Ela gritou do outro lado da linha.

- Minerva, você vai faturar mais do que nunca na vida, é o casamento de Rafaella Kalimann - Disse, insistindo naquela possibilidade.

Já era o quinto buffet que eu ligava e que rejeitava a proposta de um casamento no Brasil. Nenhum deles gostava da ideia de ter que transportar tanto material e tanta gente para outro país e a maioria também estava com a agenda cheia. O que eu realmente não entendia. Como assim não tinha como encaixar Rafaella Kalimann? Aquele ia ser o casamento da década!

- Poderia ser o casamento do Príncipe Harry e mesmo assim eu não aceitaria. - Ela disse com firmeza e eu bufei. - Me desculpe, mas não tem como fazer isso em menos de três meses, ainda mais com essa quantidade de convidados!

Respirei fundo e fechei os olhos. Por que eu fui sugerir um casamento no Brasil? Será que a Ivy não muda de ideia? Não, óbvio que não, até porque ela me contratou pra isso, para fazer tudo de acordo com que ela quisesse para que seu casamento fosse absolutamente impecável. E ainda tem a porra dos convidados. Duzentos convidados!

Como eu vou achar um buffet em menos de três meses que atenda duzentos convidados?

- Ok, Minerva. Muito obrigada. - Disse finalizando a ligação.

Mais um buffet que eu risco do meu bloquinho. Respirei fundo e aproveitei para ler as outras coisas que eu ainda deveria fazer. Eu tinha que sair com Rafaella para que ela pudesse escolher o modelo dos convites, o carro para levá-la até a igreja e encomendar seu vestido. Eu mesma tinha marcado uma hora com Vera Wang. Não me pergunte como, mas eu consegui. E tratei com ela sobre todas as necessidades da senhorita Kalimann e algumas ideias do seu  estilo. Ela me disse que era só aparecer lá e que ela adoraria oferecer seus melhores vestidos para Rafaella. Isso me fez dar cambalhotas de felicidade, afinal, era menos uma preocupação na minha cabeça.

Eu já tinha várias ideias e sugestões para o local do casamento. Um dos meus colegas de trabalho fez um casamento em Fernando de Noronha ano passado, e ele me deu uma lista cheia de recomendações e telefones úteis, que me ajudariam muito nisso. Liguei para todas as casas de festa, e todas tinham vaga. Agora era só mostrar tudo para Ivy e Rafaella e assim saber qual elas escolheriam.

Ivy havia me dito que Jorge Scherer já estava encarregado de cobrir todo o casamento. E que ele e Rafaella eram amigos há anos. O que foi um completo alívio para mim, afinal, procurar um fotógrafo seria outro desafio naquelas circunstâncias.

Tive que providenciar todos os documentos de Rafaella e Ivy para o casamento no civil. Eu não tinha conversado com elas para saber como ficaria o nome de casada de cada uma, quem ficaria com o sobrenome de quem e eu preciso fazer isso antes de arrumarbqualquer coisa no cartório. Enfim, tinha sido uma semana completamente corrida. Aquele era, sem sombra de dúvidas, o trabalho mais complicado e estressante que eu já tive em toda a minha vida.

Pensar no tanto de dinheiro que eu iria ganhar, ajudava e muito, mas não aliviava muito o peso das minhas obrigações. Eu não estava dormindo e nem comendo direito, eu tinha tanta coisa para fazer e pensar que eu até esquecia de fazer essas coisas. Mas eu não podia reclamar porque eu precisava trabalhar, porque só assim eu consigo desviar minha mente da minha vida pessoal.

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