Mamãe

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Já tenho 15 anos e estou começando a compreender a vida, pelo menos eu acho. Fico imaginando, uma vez ou outra, o quão difícil deve ser para você ter que carregar tudo nas costas; ou melhor, como deve ser difícil ser você. Já tentou o amor três vezes e as três não foram o que os sonhos, os livros, os filmes disseram que seriam. Abandonada, divorciada ou o que era para ser apenas uma noite resultou em cinco filhos sem figura paterna fixa. Trabalhar por quase um dia todo deve ser muito exaustivo, trabalhar para nos dar o que comer, trabalhar para termos um abrigo, trabalhar para realizar nosso futuro e, infelizmente, trabalhar para satisfazer-nos de nossos desejos sem muitas vezes receber gratidão, nem um simples "Obrigada".
Quando criança e pré-adolescente, eu não entendia porquê você era brava, estressada, queria manter tudo sempre organizado e limpo, o porquê de você nunca querer conversar e nunca demonstrava sentimento algum a nós, nem a mim. Eu não conseguia entender o porquê de você ser séria demais. Esse ano eu encontrei um livro em sua gaveta, o que me deixou mais curiosa já que a senhora não aparentava gostar de ler. Eu estava até achando engraçado e fofo o seu namorado te insentivar a enfrentar aquilo que te impede de ser feliz e que, ao mesmo tempo, te influenciasse a ler. Mas aí, no meio dessa curta risada, eu li o título. "Ansiedade, o que é e como evitá-la". Juro que não sabia mais o que era chão depois de perdê-lo. Minha mãe era anciosa? Por que eu não sabia disso?
   Claro que em primeiro momento eu estava paralisada, a informação ainda não havia sido processada.

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