Bonnie - Adeus

329 26 0
                                    

Mais uma aula, fascinante sobre como os átomos se comportam na presença um dos outros e como as reações se formam, desperdiçada. Como que esses alunos não conseguem ver que a tabela foi modelada e remodelada para ser algo intuitivo e torna a nossa vida mais fácil. O nox de cada elemento é quase palpável quando entendemos a teoria por trás de tudo, porém eles não dão moral e reclamam no dia da prova que química é difícil. E lá estava ela com um sorriso sarcástico a líder da gangue, a que só observa e sempre leva a culpa, pois o pai é poderoso e ninguém a enfrenta. Os amigos idiotas dela aproveitam como podem para se livrarem de qualquer tipo de punição por seus atos. A professora para e encara a sala, vejo que todos se viram em minha direção esperando algo. Comecei a ficar incomodada, sei que se durasse mais um pouco eu estaria vermelha e não sairia nenhuma palavra da minha boca.

— Você não entendeu a pergunta? — Anna me encarava em dúvida, normalmente eu sempre respondia suas perguntas, sou uma das únicas alunas que responde algo em química.

— Pode repetir a pergunta, por favor? — Falei um pouco baixo, sento na primeira carteira da parede próxima a mesa da professora ela iria escutar e obviamente viu que eu olhava os alunos que atrapalhavam toda a aula.

— Claro — sorriu simpática — você poderia falar como fazer uma pilha de Daniell de acordo com a minha explicação?

— Explico sim — falei pegando uma folha de papel e comecei a desenhar enquanto eu falava, não tinha como eu explicar algo olhando para a sala ou indo ao quadro. Anna sabia muito bem que não gosto de responder essas perguntas, mas não custa responder sendo que ninguém iria fazê-lo — nós temos dois frascos com sulfatos, uma ponte salina e um fio os ligando. Em um ponte nós temos cobre e na outra.

Minha frase foi interrompida por um enorme barulho vindo do fundo da sala de aula, como se uma carteira tivesse caído ao chão. A sala inteira começou a rir e pela primeira vez vi Anna ficar realmente nervosa, ela sempre foi paciente. Encarei também o grupo que sempre trazia problema e vi algo que nunca pensei, a carteira realmente tinha ido ao chão e a pessoa que tinha caído junto estava com o seu braço torcido. Em um ímpeto só pensei em uma coisa, não mexam nele, quando todos perceberam a gravidade do que tinha acontecido pararam de rir e tentaram levantar o melhor jogador do time de basquete da escola.

— Não mexam nele! — Anna gritou, para surpresa de todos. — Eu não creio que você conseguiram fazer está proeza de quebrar o braço dele antes de um jogo, parabéns aos envolvidos. Não me importo que são protegidos desta vez vocês terão problemas, se não eles a sala toda.

Ninguém disse mais nada, todos paralisados com o primeiro surto desta professora. Ela acompanhou a turma desde o primeiro ano do ensino médio e somente agora no último ano ela alterou a voz e ainda ameaçou toda a turma.

— Mas ele caiu sozinho professora — Marceline falou calmamente olhando para o colega estirado ao chão — não pode punir a sala toda.

Ela respirou fundo várias vezes antes de falar algo, antes que conseguisse formular uma frase chegou a auxiliar pedagógica na porta da sala e olhou com um olhar espantado para o garoto que ainda estava no chão. Ele se ajeitou melhor e estava deitado, apenas tinha retirado a carteira de cima do braço dele, não podia mexer para não ter mais fraturas. Mal teve tempo de falar algo ela saiu para ligar para a ambulância e para a enfermeira da escola. Anna se manteve quieta até retirarem o rapaz do local, talvez ele tivesse somente deslocado, retiraram ele do local com maior cuidado possível com o braço. Quando a ambulância chegasse levariam ele para tirar o raio-x e tomar as devidas providências.

— Eis o que vou fazer — sentenciou assim que fecham a porta, seu tom era sinistro — amanhã todas as carteiras terão seus nomes, todos os professores terão cópias do mapa de sala, caso algum aluno troque de lugar ele terá uma penalidade na nota final e se não resolver teremos que tomar uma nova providencia.

On your sideOnde histórias criam vida. Descubra agora