(15) Armação!

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Bakugou fechou a porta de seu quarto com força.

Apenas quando estava fechado dentro do familiar aposento mergulhado na penumbra o loiro deixou a respiração ofegante escapar. O coração disparado ecoava nos ouvidos tornando seus pensamentos bagunçados.

O quê foi isso?!, se questionou Katsuki respirando fundo. Quando fez Deku aplicar a porra da pomada não estava preparado para a reação extrema de seu corpo, aquele fogo que o envolveu logo no primeiro toque da mão áspera contra sua pele. Foi simplesmente aterrorizante, uma bagunça entre estranheza e familiaridade.

Pois de alguma maneira inédita para si mesmo, sentir as mãos calejadas era familiar o suficiente para sentir que podia relaxar, que não havia necessidade de manter a guarda. E isso fez tudo estranho: desde quando Deku era familiar? Desde a infância? Não, eles não se tocavam naquela época. Podiam brincar juntos e até serem considerados amigos, mas nunca teve muita interação física entre eles.

Pelo menos, nenhuma que justificasse o dia de hoje.

Soltando um suspiro de frustração Bakugou foi até a varanda do quarto abrindo a janela por um momento em busca de ar frio. Não adiantava nada remoer esse assunto, afinal qual conclusão chegaria assim? O quê esperava conseguir disso? Se pelo menos tivesse um objetivo!

Seu inconsciente continuava o atormentando, tentando fazer com que  recuperasse uma coisa importante, algo que trazia um misto de ansiedade e sentimentos primitivos. O que deixou escapar? O quê não percebeu?

Cansado, esfregou os olhos rubros com as pontas dos dedos ao mesmo tempo que suas presas latejaram dolorosas. Bakugou levou uma mão ao queixo por reflexo tentando aplacar a agonia da sensação de inchaço nas gengivas.

Outro problema para adicionar a sua lista: suas funções corporais estavam fora de ciclo desde o episódio na cantina. Presas saltando, dilatação dos poros de feromônio, tensão constante... era quase como o período de hut, só que pior. Havia momentos que os sintomas passavam despercebidos e sequer incomodavam para então surgir com força total.

Será que devia pedir por uma intervenção? Seria doloroso, no entanto daria fim a sua agonia.

Talvez precisasse de ajuda, se não tomasse uma atitude e fosse acusado de negligência... Era melhor não levar a situação com leveza.

Antes que o loiro pudesse fechar a janela seu telefone tocou.

Fechando o cenho em contrariedade alcançou o aparelho sem sequer conferir quem chamava.

__ Desembucha __ Bakugou atendeu de maneira peculiar.

__ E aí, brô? Tá podendo falar? __ uma voz alegre soou pelo quarto silencioso.

__Se eu não pudesse não tinha atendido em primeiro lugar __ Bakugou retorquiu com aspereza.

__Que bom, tava ansioso para fazer uma pergunta e acho que você vai servir __ Eijiro não parecia ofendido com a pouca vontade do explosivo.

__ Desembucha __ Katsuki desistiu de desencorajar o ruivo.

__ Como digo "te amo"? __ Kirishima foi direto ao assunto.

Direto demais.

__ Bakugou? __ Kirishima chamou quando o outro lado ficou em silêncio.

__ Caí fora! Não tô interessado! __ Katsuki berrou saindo recuperando a capacidade de falar.

__ Brô, espera... __ Eijiro tentou se justificar.

__ Olha aqui, não sei de onde tirou uma idéia dessas, mas não vai rolar! Pode esquecer! __ Bakugou berrou a última frase com muita ênfase, fazendo o ruivo afastar o celular de perto do ouvido.

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