Numbers - 396/ HIATUS

Capítulo Três

Aileen abriu os olhos com certa dificuldade, sua mão vagou para seu rosto, cobrindo sua visão da luz e ela se virou de lado no colchão. Seu corpo inteiro doía e ela não lembrava de muita coisa, mas rápidos flashes bombardearam seus pensamentos quando as últimas horas vieram a sua mente.

Estava na sua cama, havia ido dormir muito tarde e quando retirou os óculos de leitura e guardou o livro na gaveta de sua escrivaninha ela ouviu sons no corredor de seu andar. Ela morava com uma amiga então jurava que era Harriet chegando do curso noturno, mas quando a maçaneta da porta estourou num baque mudo ela desconfiou que era outro alguém forçando a entrada em sua casa. Foi até o corredor e correu para se trancar no banheiro quando um vulto preto passou por sua cozinha.

Se lembrar do medo, do pânico que sentiu ao ter a porta do banheiro arrombada e dois homens vestidos de preto com armas pesadas a cercando e pressionando um pano contra sua boca a fez sufocar com uma angústia e um aperto forte no peito. Ainda podia sentir seu nariz arder ao inalar a droga e seu corpo fugir de seu controle. Se levantou do colchão, seus olhos não conseguiam focar em algo, mas ela tremeu com as lágrimas voltando aos seus olhos.

Alguém subiu rapidamente na cama e segurou seu rosto, as mãos eram quentes e cobriam toda sua bochecha e além. Quando olhos âmbar amarelados encontraram o azul de sua íris ela o reconheceu imediatamente. Não tinha lembranças claras, mas sabia o que haviam feito, Aileen tocou o pulso dele e as lágrimas vieram mais fortes, enquanto ela tentava olhar ao redor. Não pode ser verdade! 396 aproximou o rosto do dela e chamou sua atenção.

- Olhe apenas pra mim.- ela hesitou, mas o fez, se perdendo nos olhos brilhantes e nos longos e espessos cílios escuros. O polegar dele acariciou sua bochecha e ele se ajeitou na cama, segurando sua cintura e a puxando para se sentar no seu colo, de frente um para o outro, ela gemeu incomodada com a pequena dor em seu interior, mas ele manuseou docemente suas pernas ao redor do quadril dele e a abraçou com força.

A cabeça dela pousava entre o ombro e o pescoço dele, suas lágrimas eram silenciosas e Aileen não retribuiu ao abraço, se sentia estranha, mesmo depois de terem feito sexo, era claro que não estava lá no seu juízo perfeito, mas se lembrava de pedir por aquilo, de pedir por ele e 396 foi muito mais consciente do que ela havia sido.

- O bebê.- ela sussurrou assustada.- Não posso...Não podemos...- ela soluçou assustada que estivesse grávida e lhe tirassem seu bebê para abusar como faziam aos Novas Espécies, como faziam a 396. Ele a abraçou mais forte, acariciando seus cabelos escuros.

- Eu não coloquei minha semente em você.- ele sussurrou e Aileen franziu o cenho, encarando as paredes da cela.

- Eu não me lembro...

- É normal, quando me drogaram eu também não consegui me lembrar de nada do que havia feito...- ele parecia querer dizer mais, mas se calou.

- Falaram que você ia me machucar, ia me matar!- Aileen tomou alguma reação e abraçou a cintura dele, tímida, mas o fez. Ele afundou o nariz em seus cabelos, próximo ao pescoço e a fêmea o apertou mais forte.

- Não faria isso, não há honra em atacar os frágeis, prometo que nunca a machucarei.

- 396...Eu quero ir pra casa...- ela soluçou e afundou o rosto no pescoço dele, mesmo sentada sobre ele, o macho ainda era maior, mais largo e mais alto que ela. Não gostava de chama-lo assim, parecia tão cruel dar a alguém um simples dígito que o denominasse.

Ele queria poder dizer que a levaria para casa, mas não tinha certeza alguma sobre aquilo. Também não queria se apegar a ela, tudo que se importavam era arrancado deles ou usado para manipula-los e se continuassem assim ele logo se veria fazendo de tudo para que não a machucassem. Esperou que a tirassem dele quando ela desmaiou no colchão, então esperou que viessem buscá-la, teve medo de a ter machucado, de a ter matado, mas ele ouviu o coração dela bater e a fêmea ainda respirava, mas eles não vieram tira-la dele.