Aceitar o amor que merecemos com certeza é muito mais difícil de aceitar: o amor que achamos merecer. Por muito tempo eu me enxerguei como uma pessoa estranha e que jamais tinha conhecido verdadeiramente o amor. Embora, eu tenho conhecimento de ter sido uma criança muito amada por todos a minha volta, uma pessoa muito querida no meu grupo de amigos, uma grande aluna na escola, um orgulho para todos os possíveis responsáveis que eu sempre tive.
Eu passei a minha vida inteira procurando por um amor grande e que queima por dentro, um amor avassalador e consequentemente destruidor. O tipo de amor que a gente vê nos filmes. Oamor que é romantizado por todos os escritos de livros de romance. O amor que toda menina sonha em encontrar um dia. E não podemos esquecer, ele precisa ser eterno.
Isso me fez crescer sendo uma pessoa completamente carente e necessitada de qualquer tipo de emoção que me deixasse sem ar nos pulmões e, que me causasse um grande rebuliço no estômago. O tipo de emoção que faz nosso coração querer sair pela boca e ir rumo ao encontro do coração da pessoa amada.
Esse grande e devastador amor apareceu pra mim de inúmeras formas e eu senti tudo, até a minha última gota. Eu gastei tudo de mim, eu fiquei exausta a cada partida, depois que eu estava completamente seca e vazia de mim. Esse amor veio pra mim, de primeira, em vestes nobres e até montado em um cavalo branco, o tipo perfeito de amor que a gente sempre quis. Pois é, esse amor tinha tudo pra ser o meu amor, o grandioso, maior e mais perfeito amor da minha vida. Mas no fundo, era só mais um amor pequeno revestido de ilusões.
Foi então, que eu comecei a me entregar desesperadamente para o amor, eu ainda não tinha a noção de que tudo não passava de uma grande mentira. Eu passei anos e anos da minha vida fazendo isso, de novo e de novo, me entregando mais uma vez para qualquer tipo de amor que eu achava que era o que eu precisava.
Eu fui lar de muitos amores e a cada chegada eu me sentia cheia de outra pessoa, mas nunca cheia de mim, embora fosse isso que parecia, que eu estava completa e talvez, transbordando. Até que, em toda partida eu me sentia completamente vazia, não fazia sentido algum me sentir daquela maneira se eu estava me sentindo tão cheia de vida, tão completa, tão cheia de mim.
Mas a verdade, é que eu só estava completa antes de almeijar essas chegadas. Eu comecei a tirar partes de mim para poder caber mais de outro alguém. Eu comecei a me moldar pra caber dentro do meu próprio eu, só pra não ter que lidar novamente com tantas partidas por falta de espaço. Mas como diz o ditado: "Você não pode amar por dois". E nós precisamos aprender que não podemos ser lar de dois.
Cada pessoa é um universo, porque somos infinitos em nós mesmos, não cabe mais nada além da nossa imensidão. Não podemos e não devemos achar que precisamos de algo, porque não precisamos. O amor que eu achava que merecia não cabia em mim e, o amor que eu mereço é o único possível, o meu amor por mim. É só esse amor que cabe aqui, nada mais cabe. Os outros amores nos completam como uma nova imensidão feita só para isso, mas não aqui, não onde só cabe a mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Devaneios de uma virginiana, a lua é em gêmeos.
أدب نسائيApenas eu, sendo eu, escrevendo minhas coisas e tentando compilar elas em capítulos de alguma coisa que pode ser chamada de livro. Não tem um tema específico ou uma coisa bem certinha e completamente coerente, apenas os pensamentos nada organizados...