Cap- 51

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"Normalmente, aquele que mais desconfia, ou já apanhou muito na vida por escolhas menos acertadas em seus procedimentos, ou está avaliando a falta de honestidade dos outros pela sua própria.- Ivan Teorilang"

O dia que ele começou a ser realmente feliz.

Este dia estava gravado em sua memória, com todos os mínimos detalhes que tornaram aquele dia ainda mais especial e importante. Os sorrisos, beijos trocados, carícias e às palavras mais doces que foram proferidas. Tudo, exatamente tudo, estava gravado em sua mente como um filme que ele sempre voltava a assistir sem enjoar. Revivendo cada segundo, podendo sentir tudo que fora sentindo.

Mas naquele momento, a sua preocupação era com o ômega., o mesmo que estava em seu colo, encolhido enquanto apertava seus braços envoltos em sua cintura. Através de seu lobo podia sentir o medo e desespero que vinha do loiro, deixando seu lado superprotetor ainda mais desperto que o normal.

— O que houve, Jinnie?... — Perguntou calmo, deixando um beijo no meio da cabeleireira clara.

— F-foi um pesadelo, N-Nam... A-alguém tinha tentado m-me matar afogado... — Fechou os olhos levemente, podendo ver toda a cena se passar diante de seus olhos. — E-eu pensei que e-era você, mas era o-outra pessoa...

— Quem era, Jinnie?

— Eu não s-sei... Antes que e-eu abrisse meus olhos u-uma mão me empurrou pra debaixo d-da água.

— Isso não vai acontecer. Eu prometo... Eu vou ficar aqui, ao seu lado. Até meus últimos dias nessa vida. É uma promessa.

Depois daquilo, nada mais foi dito. Nada precisava ser dito, palavras não eram necessárias para que cada um soubesse o que sentiam e que tudo era recíproco, inclusive o medo que ainda estava presente em Seokjin.

Enquanto eles estavam abraçados, tentando se calmar com seus cheiros, o felino de pelagem macia e clara estava sentado na janela, observando o casal sobre a cama com seus belos olhos laranjas reluzentes que se destacavam no meio de todo o ambiente escuro.

...

Pirâmide de classe

Os alfas podem ser extremamente dominantes e submissos aos seus ômegas, mas geralmente são vistos como os que sempre ficam no controle, mas, na verdade, não é bem assim.

Os ômegas são a chave principal para a reprodução e a geração de todas as classes, dignos de todo o repeito das outras classes que veem abaixo de si na pirâmide.

Todos os alfas são extremamente submissos aos seus ômegas, principalmente os de classificação feroz. A magnitude dos ômegas lúpus é tanta, que eles conseguem deixar os alfas de joelho. Totalmente á favor de suas vontades.

O ômega feroz é o início de tudo, de todas as classes, sendo o matriarca. O primeiro ômega que existiu, foi um ômega macho; com toques delicados e finos, mas que tinha uma força descomunal, bem diferente da força que vemos em um ômega de classificação inferior, fora da realeza e do gene lupino.

Os estudos comprovam que a força de um ômega feroz é vinte e cinco vezes maior que um alfa de classificação baixa. Um alfa feroz tem a força de trinta vezes maior que um alfa que consideramos 'normal', mas o que surpreende, é que a força do ômega em algumas várias situações podem ir muito além da força de um alfa, sendo que um dos casos que podem ser mais frequentes, é em um surto de raiva, desespero, medo e autodefesa.

Os ômegas lúpus feroz sofrem naturalmente de um transtorno de ira explosiva, fazendo com que se irritem com mais frequência e perca totalmente a razão quando está em um nível absurdo de estresse e raiva acumulada. Se ele acumula muita raiva, ele pode basicamente "explodir" por qualquer coisa, mesmo que não tenha nada ligando á essa situação, e sem mencionar que o acúmulo excessivo de raiva pode ser de diferentes situações e não somente uma. E quando o ômega sofre essa "explosão", qualquer classe, todas sem nenhuma exceção consegue sentir uma parte de tudo e ficam extremamente amedrontados e ameaçados.

Naturalmente, os ômegas têm o psicológico mais forte assim como o corpo e resistência que aumentam quando eles estão em período gestacional, pós-parto ou com algum filhote, mantendo essa força mesmo que ocorra uma possível perda.

Quando ômegas estão na fase de reprodução, ou se reproduziram, seus sentidos ficam mais apurados e sensíveis, ficando ainda mais perceptivo que os alfas. A natureza se adapta quando uma gestação se inicia.

Seus corpos começam a remodelar, mudando quase que completamente algumas partes, dando um que chamamos de "upgrade", melhorando todo seus sistemas imunológicos, autodefesa, percepção, força, recuperação, e entre outros.


...

Os olhos do doutor liam cada pequena frase com maestria e velocidade, prestando toda sua atenção em cada letra escrita em preto que estavam gravadas nas folhas um pouco antigas e com algumas marcas que foram causadas com o tempo.

Um dos dedos delicadamente trassavam uma linha durante a leitura, lhe auxiliando para que não se perdesse. Ele ainda continuava a ler aquele livro, mesmo que uma parte de si, tivesse uma pequena porção de medo escondida no meio de tantas camadas de curiosidade e vontade de saber as tão sonhadas respostas para suas perguntas que nunca eram respondidas.

Esse livro sabia muito mais que vários médicos e professores renomados, e agora, o Wang também possuía conhecimento.

Suas várias horas de estudo estavam lhe gerando resultados bem perceptíveis. Pacientes que os médicos já não tinham mais esperanças, ele conseguiu reverter o quadro, graças aquele livro. Como alguém em sã consciência poderia esconder isso? Esconder uma coisa tão preciosa e que pode salvar milhares de vidas inocentes que apenas buscam uma solução para seus problemas.

Mas se ele era escondido, deveria ter um bom motivo, e ele não sabia qual era. Por isso, decidiu que ficaria calado, iria manter em segredo tudo o que conheceu e descobriu, mantendo todo esse conhecimento entre ele e Mark.

Estava sentado de maneira despojada em sua cadeira, faltava somente cinco minutos para que seu turno acabasse e pudesse ir para casa, podendo finalmente descansar de dois plantões seguidos. Se espreguiçando, ele fez um pequeno barulho com a boca enquanto podia ouvir o barulho de seus ossos estralando.

Fechou o livro e se levantou da cadeira branca, começou a juntar os papéis que continham várias anotações importantes. Quando estavam todos juntos em uma pequena pilha, pegou um classificador transparente e começou a colocar de maneira organizada as folhas sem nenhuma pequena dobradiça ou mancha, que tinha uma bela e bem feita caligrafia, bem diferente de vários outros médicos que escreviam de uma maneira praticamente ilegível.

Na hora de colocar os papéis no classificador, um acabou caindo e ficando no chão, e ele não percebeu.

Quando fechou a pasta, colocou dentro de sua mochila, tirou seu jaleco branco e perfeitamente passado, colocando-o dentro da sacola preta e fechou a mesma, causando um baixo barulho do zíper sendo fechado. Verificou a hora no relógio em seu pulso, vendo que já tinha dado seu horário.

Pegou com apenas um braço a mochila, e a colocou em somente um dos lados do ombro. Desligou as luzes da sala e saiu enquanto mexia de maneira distraída vendo algumas mensagens que não tinha visto antes. Quando ele chegou no corredor que dava à recepção acabou se batendo com a alfa loira, a mesma que tinha derrubado no dia que tinha saído correndo para ver Namjoon e Seokjin quando estavam internados na sala da UTI.

— Você ama se bater em mim, né? Sua queda por mim, é tão grande assim que até cai? — Perguntou de maneira brincalhona, ela estava vindo para ficar no lugar do alfa. — Pena que já tenho uma pretendente, senhor Wang.

— Sinceramente... Eu não posso com você. — Falou rindo. — E quem é essa que conquistou o seu coração, hein?

— Foi uma certa ômega. — Sorriu — Pena que ela não me dá bola.

— É a Jennie de novo? — Falou sorrindo levemente quando trocou o peso do corpo para o pé esquerdo.

— É. Ela nem me dá bola, Jack. Chego toda charmosa com minha aura de alfa pra ela, mas ele olha pra minha cara e sai andando.

— Não posso nem te falar nada. Somente te desejo força, persistência e paciência. — Sorriu de lado.

— Estou precisando mesmo. Porque daqui a pouco eu vou agarrar ela pela aquela cintura fina dela e lhe beijar nem que seja a força. — Finalizou com um balançar levemente da cabeça, como se estivesse concordando da própria fala.

— Isso é assédio viu senhorita? Cuidado, ela pode te denunciar.

— Se ela me denunciar eu também denuncio ela. Denuncio por ter roubado meu coração.

Sorrindo, o alfa mais alto negou com a cabeça e começou a andar, seguindo seu caminho.

— E coloque essa mochila certa, vai ficar parecendo um idoso com problema nessa coluna! — Gritou.

— Sim senhora!

Enquanto o Wang andava sorrindo, continuando a andar para o lado de fora do hospital — o lugar que tinha passado quarenta e oito horas seguidas — um homem de jaleco branco lhe observava de longe. Quando viu que o doutor já tinha sumido de seu campo de visão, passou a língua entre os lábios e começou a andar em direção contrária que o outro doutor tinha seguido.

Passou entre as pessoas vestidas de branco enquanto seguravam algo em suas mãos. Olhava pra frente, vez ou outra olhava para os lados de maneira um pouco desconfiada, com um pouco de medo de que as pessoas olhassem em seus olhos e descobrisse o que estava prestes a fazer.

Quando finalmente chegou onde queria, olhou para o corredor vazio a fim de ver se tinha alguém e entrou na sala "vazia" e escura. Andou até à mesa que estava no centro e ligou o abajur que estava sobre o objeto de vidro. Com as mãos suando levemente, começou a procurar por algo na mesa. As mãos molhadas pelo suor moviam as coisas de maneira ágil, procurando por algo, mas ele parou abruptamente quando ouviu a porta se abrir. Correu para uma parte mais afastada e fingiu olhar pra algo.

— O que está fazendo aqui?

— Éh... Eu estava te procurando...

— Me procurando?

— Sim!

— E posso saber o porquê de você está em minha sala escura com o abajur ligado?

— É que eu estava procurando minha caneta que tinha caído no chão. — Falou quando pode ver um papel que parecia claramente com um de anotações. — Por isso liguei a luz.

Ele olhou em sua volta, fingindo estar mesmo procurando por algo e depois se abaixou pegando o papel no chão e com agilidade tirar uma caneta do bolso do seu jaleco, podendo se aproveitar da escuridão que era sua aliada.

— Achei! — Falou com uma falsa animação mostrando a caneta azul para o doutor que lhe encarava desconfiado.

— E você veio me procurar por que, Lee?

— É que os resultados dos exames chegaram. — Falou a primeira coisa que veio à sua mente, e aquilo era verdade.

— Certo. Era só isso?

— Sim.

— Tudo bem, já pode ir. Obrigado.

— Por nada, senhor Wang. — Sorriu gentil e se virou, mostrando seu verdadeiro sorriso que parecia brilha em perversidade. — Eu que agradeço. — Sussurrou.

— O que disse?

— Nada. Te vejo semana que vem. — Sorriu e acenou antes de sair da sala.

Com certeza tinha alguma coisa estranha ali, mas ele não sabia o que era, e não havia muito o que fazer, então ainda desconfiado, foi até sua mesa, olhando pra ver se não estava faltando nada. Vendo que estava tudo certo, pegou a chave de sua casa que tinha esquecido na gaveta e saiu da sala, agora trancando a porta.

Olhando para os lados enquanto estava parado no corredor, lambeu os lábios, pondo-se a andar, percorrendo todo o trajeto de antes. Quando saiu do lado de fora do hospital, olhou para o céu que estava coberto por nuvens escuras, que não deixavam as estrelas aparecerem. Dando um meio sorriso quando pode sentir pequenas gotas de água contra à pele de seu rosto, juntamente com o vento gelado da madrugada.

Respirou fundo, sentindo o cheiro de terra molhada invadir seus pulmões lhe dando uma breve sensação de calmaria. Andou até o seu carro que estava estacionado em uma parte coberta do estacionamento que tinha na frente do grande prédio branco, não tardando em entrar no veículo, colocando a chave na ignição.

As ruas estavam pouco movimentadas, a chuva tinha aumentado favoravelmente pra si. As gotas grossas da água escorria pelo vidro do retrovisor com velocidade, o tempo estava frio. O vento gélido com a chuva deixava tudo ainda mais frio, as temperaturas já estavam começando a baixar com a chegada próxima de mais um outono, só teriam mais algumas poucas semanas de verão, esse que estava indo embora mais rápido que o previsto.



Estava cada vez mais próximo o fim de mais um ano, e talvez com ele a calmaria que tinha voltado.

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Oi, oi! 🙃

O que acharam do capítulo?

Espero que tenham gostado.

Deixem seu voto e comentário pra me incentivar a escrever mais e ser menos preguiçoso.
(・∀・)❣

Beijos e até a próxima att ( ˘ ³˘)♥

Amo vocês (◍•ᴗ•◍)💜

My love is you - Namjin AboOnde histórias criam vida. Descubra agora