02: um recomeço.

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"Se dizer eu te amo fosse uma promessa
Você a quebraria, se fosse honesto?
Diga ao espelho o que você sabe que ela já ouviu
Eu não quero mais ser você"
IDWBYA , Billie Ellish.

ALISON BROOKS

Eu ainda conseguia ouvir a voz dele, mesmo estando a quilômetros de distância, suas palavras estavam presas em mim. Eu ainda podia ouvir seu grito enfurecido direcionado para mim, suas palavras afiadas, onde ele jurava por Deus que eu iria me arrepender. E o que eu fiz? Fugi. Fugi de tudo que me lembrava ele. Mas eu ainda ouvia tudo. Eu não me esqueceria tão cedo, eu sabia que não.

— Chegamos, moça — a voz do motorista, abafada pela chuva, chamou a minha atenção.

Por um momento, olhei em volta. Nova Iorque. Depois de três horas dentro de um avião, de ficar quase uma hora atrás da minha mala e de ter enfrentando o trânsito da cidade, eu tinha finalmente chegado.

Eu sentia meu corpo implorando por um bom banho e descanso.

Descendo do táxi e agradecendo ao motorista, olhei para o edifício a minha frente. Uma cor marrom desgastada preenchia as paredes, eu observava as pessoas entrando e saindo, sem coragem para entrar. Segundo mamãe, era aqui que Travis estava morando atualmente. Mesmo com o frio da cidade, eu sentia minhas mãos suarem.

O que era bobeira. Aliás, qual o problema de visitar meu irmão caçula? Tirando o fato de que ele não sabia que eu estava aqui ou talvez, só talvez, pelo fato de que nosso último contato foi anos atrás, estava tudo bem, certo?

Respirando fundo, atravessei a porta e fui em direção aos elevadores. Eu podia sentir meu coração doendo e minha respiração acelerada. Olhei para o celular em minha mão, checando o número de seu apartamento. E antes que eu pudesse responder alguma mensagem, a tela ficou preta.

Ótimo. Eu não fazia ideia de onde o carregador estava.

Ok, Alison, agora não é a melhor hora para você simplesmente surtar.

Eu estava com medo. Com medo de que ele não me deixasse ficar e simplesmente batesse a porta na minha cara. Bom, eu não o culparia. Se eu e Travis somos distantes hoje em dia, a culpa é exclusivamente minha.

Eu, melhor que ninguém, sabia disso. Mas eu estava desesperada, precisava de um lugar onde ele nunca me encontrasse.

Com passos de bebê, eu me aproximava cada vez mais do apartamento dele. Antes de bater na porta, passei minha mão úmida pelo jeans gasto e, então, ouvi um clique da porta se abrindo. Atrás dela havia meu irmão, com uma xícara de café na mão, e na outra havia uma pasta cheia de papéis. Claramente, ele estava saindo e com pressa, pelo olhar em seu rosto.

O mesmo olhar que mudou quando ele me reconheceu, depois de longos segundos. Por um momento, ele não tinha me reconhecido.

Travis olhava para mim com espanto e surpresa, sua testa estava franzida e sua boca meio aberta. Nós ficamos longos segundos sem falar nada, só olhando um para o outro.

Ele estava tão mudado. Quando éramos adolescentes, Travis costumava ser um garoto magrelo que usava óculos. Ele nunca foi do tipo popular, mas tinha o seu grupo de amigos. Travis não se parecia com aquele menino mais, ele estava alto. Estava mais forte, com um cabelo bagunçado e barba.

— Eu posso entrar? — Dei um passo a frente, olhando em volta. Minha garganta estava seca pelas horas sem colocar nada na boca, fazendo com que minha voz tenha saído mais rouca que o normal.

Por um momento, eu não tive certeza se ele tinha me ouvido, mas então, Travis, sem dizer nada, deu um passo para trás, me dando espaço para entrar em seu apartamento.

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2020 ⏰

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