Com direito a café

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Pisco algumas vezes para poder acostumar com a claridade que entra no meu quarto e minha cabeça começa a latejar. Suspiro, lembro da última bebida e arrepio por inteiro. Talvez a mistura de seu Valdo tenha sido uma péssima ideia, mas pensando bem... Nem tanto, pois se não fosse por causa dela não havia conhecido o GD. Franzo o cenho, a onde ele estaria? Olho para minhas roupas, são diferente das que usava ontem, meus cabelos bem úmidos confirmam que Melissa tinha me dado banho para que melhorasse da bebedeira de ontem...? Estranho, pois a última coisa que me lembro de ter visto antes de apagar, era dos olhos assustados de Gael. Sigo até a cozinha na intenção de tomar um remédio para essa dor de cabeça infernal, olho no relógio da sala que marcam as duas horas da tarde e, antes de continuar o caminho, grito de susto ao ver o homem que me fez fazer loucuras ontem dormindo tranquilamente no meu sofá. Ele levanta atordoado e seus olhos me encaram aliviados.

- Que susto, preta! - fala com a mão sobre o peito nu.

Flashes de nossos momentos juntos na noite passada aparecem da minha mente. No baile, na moto, nadando de madrugada e até o meu desmaio, porém, depois não sabia o que tinha acontecido... Será que ele tentou algo?

- O que você está fazendo aqui? - pergunto brava e puxo a blusa que uso mais para baixo, para tampar minhas coxas.

- Tu desmaiou quando estávamos na porta do seu prédio, lembra? - explica. - Não podia te deixar passando mal sozinha e muito menos dormir naquele estado.

- Mas, porque não ligou para Melissa? - solto com raiva e ele franze o cenho.

- Antes de decidir se subia ou não, liguei para ela, mas só dava fora de área - consegui ver que ele estava sendo sincero - E, antes que tu me pergunte como consegui o número dela, o porteiro me passou, porque tu colocou ela para casos de emergência lá na portaria.

Verdade! Lembro até o motivo de ter colocado o número de Melissa como emergência caso eu precisasse de ajuda. Como ela é a única pessoa que confio aqui no Rio, decidi colocar o dela e, para não deixar minha mãe louca em Belo Horizonte, pensei que seria melhor não pôr o de Dona Fernanda. E, depois dessa situação toda, percebo que essa ideia fez sentido. Minha mãe pegaria o primeiro avião para cá, caso recebesse uma ligação de um homem desconhecido falando que eu estava desmaiada de tanto ter bebido.

- Nós transamos? - pergunto sem mais delongas.

- Agora entendi o motivo de estar brava e compreendo. - fala calmo - Nunca tocaria em tu desacordada ou fora de si, Antonieta! Te dei banho com as roupas que tava e não troquei as peças de baixo. - olho para o sutiã e calcinha que são os mesmos de ontem.

- Não irei pedir desculpas pela minha atitude! - falo ríspida e ele concorda.

- Tu tá certa, cara - fala calçando o tênis - Eu ficaria da mesma forma sendo homem... Imagina para tu que é mulher. Compreendo perfeitamente a atitude, mas eu não toquei em tu. - confirma mais uma vez e eu sorrio de lado.

- Tenho que mandar mensagem para Melissa - dou um tapa na testa lembrando.

- Ela ligou mais cedo para mim e eu avisei o que tinha acontecido - ele mostra a ligação e depois o áudio que ela tinha enviado.

"Muito obrigada, Gael! Mais tarde passo ai e quando ela acordar mostra esse áudio para ela. Tu sabe o porque que desmaiou, né Antonieta! Sempre que sai esquece de comer e bebe que nem vaca quando tá com sede. Tu vai se ver comigo!"

Gargalho com o que ela tinha dito e Gael faz o mesmo. Encaro-o e sinto um alívio, pois sabia que suas palavras tinham sido sinceras e verdadeiras. Caminho e entro na cozinha, ele para de frente para mim, mas com uma bancada branca entre nós.

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