Tudo Aconteceu

139 8 2
                                    


 A escolha do lugar foi perfeita. Passo os olhos ao redor, o tanto de gente sorrindo, bebendo e dançando confirma que a noite vai ser ótima! Gael não tem a intenção de surpreender, mas sempre acaba fazendo isso todas as vezes que nos vemos. Arcos da Lapa. Um dos primeiros lugares que visitei quando mudei. Tantas histórias ao lado de Melissa e das pessoas que trabalhavam na revista antigamente, esses arcos me fazem lembrar. Sempre vínhamos para cá na imensa vontade de esquecer que no dia seguinte várias pautas, matérias e entrevistas nos esperavam cedo. É incrível a energia que o bairro da Lapa tem, realmente faz jus em ser a principal região mais boêmia do Rio. As barraquinhas de drink, cerveja, churrasquinho continuam aqui desde a primeira vez que vim.

O que parecia ser um grupo de pagode está posicionado entre um dos arcos e conseguia ouvir perfeitamente "Me apaixonei pela pessoa errada" do Exaltasamba ecoar por toda parte.

- Só pode ser coisa do destino, uai! Acabo de chegar e essa música tocando - falo alto e fecho a boca em seguida.

   Olho para Gael e suspiro aliviada ao vê-lo ocupado terminando de arrumar a moto onde estacionou. Felizmente, não ouviu o que tinha dito.

- Coé, mermão - ele fala para um conhecido e sorrio sem graça.

- Tu sumiu, cara! Como tá geral lá na Maré?

- Na medida do possível, Pedrin - sorri de lado - Tu tá ligado que lá é um dia de cada vez, mas por enquanto só na paz.

- Papo reto, mermão - responde rindo e seus olhos caem em mim - Que falta de educação a minha. Pedrin e tu, gata?

O apelido. Sei que devo parar de lembrar de Edgar toda vez que escuto essa palavra, mas às vezes, quero dizer, na maioria das vezes a voz dele me chamando assim ecoa em meus ouvidos. Que merda!

- Antonieta, mas pode me chamar de Nita - falo e recebo um beijinho em cada bochecha.

- Então, ele, tu deixa te chamar de Nita de primeira!- fala fingindo estar bravo e eu gargalho.

- Deixa de ser bobo, sô!

- Quem tem manha com as gatas sou eu né, mané.

- Ah, mas tu pode tirar o olho dessa aqui! - beija o topo da minha cabeça e passa o braço envolta da minha cintura.

- Tá me tirando, Gael? Tu sabe que mulher de amigo meu é camarada.

Não fazia ideia do que responder, já que a resposta me pegou em cheio. Coração acelerado, pernas bambas e um leve aperto entre as pernas são as coisas que estou tentando controlar agora. Tão natural o que disse ao amigo, como se tivéssemos algo ou que pretendemos ter... Consigo notar só pelo jeito que está perto de mim, que não tem receio de mostrar que está comigo seja por muito tempo ou só naquela noite. Toda vez que saímos juntos sou tratada de um jeito que nunca fui por outros, muito menos por Edgar.

- Tu não existe, cara - solta rindo e como fica lindo sorrindo, as covinhas sempre amostra.

- Porra, ta de tiração! - olho para onde os olhos de Pedrin fixam e franzo o cenho - Minha irmã não tem jeito não! Vou resolver aquela parada ali e encontro vocês depois.

Despede de nós dois e me deixa sem entender. A mulher loira, com certeza deve ser a irmã dele por serem bastante parecidos, está a uns dez metros de distância conversando, ou melhor, discutindo com uma mulher de cabelos pretos e muito lisos que não me é estranha... Arregalo os olhos e pego Gael pelo braço, a última coisa que eu preciso agora é de encontrar com a ex louca de Melissa.

- Qual foi, preta? Tá tudo bem? - pergunta sem entender

- Aquela com quem a irmã do seu amigo está brigando é Amanda. Não quero ver esse daí nem pintada de ouro, tá doido!

Mais Um AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora