Nos relatos de seus cidadãos, descendo o olhar para a parte mais profunda do mar, era impossível saber-se com a tecnologia desse período o que poderia habitar ali. Por consequência, restava à aquela população rudimentar apenas imaginar e criar mitos sobre o desconhecido. Mais a superfície, esse cenário mudava radicalmente. Em pleno século XVIII, a Inglaterra enfrentava um momento bastante caótico em relação com o grande fluxo de piratas os quais roubavam sem dó nem piedade tudo o que encontravam de valor independentemente se isso lhes causasse um conflito armado.
E no meio de toda essa fama, um capitão destacava-se pela sua maldade e principalmente pela sua devastadora ganância. Seu nome era Edward Teach, mais conhecido pelas correntezas marítimas como Barba Negra, o qual pelos próprios relatos de seus colegas corsários, possuía a mais negra alma e o mais obscuro coração de qualquer outro pirata que já navegou pelos sete mares, semeando medo até mesmo nos mais bravos corações, ele era sem dúvidas um nome temido por todos os navegantes da época.
Seu navio era conhecido pelos quatro cantos da Inglaterra, o Vingança da Rainha Ana, simbolizando claramente uma referencia à Guerra da Sucessão Espanhola na qual Edward serviu na Marinha Real. Decorado com ossos e caveiras de seus inimigos mortos, vagava pelos mares trazendo morte e destruição por onde passava. Barba Negra também possuía poderes místicos, sendo perito em magia negra e portador de artefatos mágicos, como a Espada que usava para exercer comando a outros navios, Tendo o costume de manter cada um deles capturados em uma garrafa, mantendo desse modo uma verdadeira coleção em sua cabine.
Todavia, como para todos, a idade estava chegando e com ela as dores e o cansaço se revelaram como mudanças sutis mas constantes que a velhice representa para si. E foi aí que nossa história começou, quando o temível capitão decidiu que a sua próxima aquisição seria a localização da fonte da juventude, um tema bastante discutido entre os aldeões do pequeno vilarejo de Burford e de acordo com essas mesmas falas, o primeiro passo seria conseguir uma lágrima de tristeza legítima da ninfa das águas, uma sereia. No entanto essa não será uma tarefa fácil visto que ele não é o único em busca de uma dessas encantadoras criaturas marítimas.
Na parte mais escura do mar, foi descrita pelo sábio em seus manuscritos datados a cerca de 360 a.C, como sendo uma verdadeira "metrópole", com tecnologias extremamente avançadas para aquela época. Ainda de acordo com o célebre filósofo, Atlântida estava localizada em uma ilha a 9,6 mil anos a.C, sendo extinta após afundar completamente no oceano em apenas um dia e a única pista que se tinha eram de suas próprias palavras ao fim do documento: Em frente à "boca" que vocês gregos chamam de Os Pilares de Héracles, havia uma ilha maior que a Líbia e a Ásia juntas e para sua localização iluminar, atentamente deves olhar''.
E exatamente nessa localidade escondida, erguia-se tão famoso reino. Com uma arquitetura impressionante era um deleite a todos os olhares. Construções feitas com pedras vulcânicas, calcários e outras diversidades de rochas coloridas ou de tons de gris, compunham enormes edificações com uma leveza e graça nunca antes vistas. Um lugar onde meio humanos e seres marinhos conviviam em paz, com um relacionamento de Protocooperação, onde um protegia o outro dos possíveis inimigos.
Especialmente nesse dia, Atlântida estava ainda mais agitada do que o normal dado que com o aniversário da rainha Serena, deveriam ser feitos todos os preparativos para a comemoração do quinquagésimo aniversário da espirituosa monarca, o que fez com que o castelo estivesse em seu esplendor, recebendo dos mais variados produtos e enfeites, com o objetivo de tornar essa data ainda mais memorável. Por outro lado, a jovem e independente princesa não estava tão animada para a ocasião como todos os moradores do grande fluxo civilizatório.
Sendo filha das duas pessoas mais influentes de seu mundo, a sua presença era uma das mais aguardadas e toda a pressão de estar extremamente perfeita e adequada até a hora da comemoração, colocavam os seus nervos a flor da pele. Sendo verdadeiramente brincalhona e extrovertida, seu jeitinho próprio não era o ideal de comportamento, além de que teria que passar por longas e duras horas sentada a uma mesa sendo apenas um reflexo do que todos esperavam, não do que queria realmente refletir.
Desesperada por fugir das damas de companhia, Anya nadou o mais rápido possível pelos corredores do palácio com a intenção de despistar o grupo de senhoras cheias de enfeites e vestidos da sua direção. Por uma eventualidade do destino, as anciãs passaram em sua frente sem notá-la visto que seu corpo estava escondido em um pequeno espaço entre o grande relógio de carvalho e a parede branca com detalhes em dourado. Sem perder mais tempo, a jovem moça continuou com o seu nado frenético até o seu refúgio naquela imensidão tão familiar, a biblioteca real. Abrigando uma coleção com mais de sessenta e cinco mil livros e outros tantos manuscritos, o cômodo comporta mais de trezentos anos de história de sua família em tantos anos no poder.
Ela por si tratava-se de um local onde o chão era de um luxuoso coral trançado em cores escuras como o vermelho, o preto e o cinza. O teto, possuía um conceito mais aberto onde que por meio dos vitrais era possível observar as criaturas marinhas nadando livremente sobre sua cabeça e a atração principal, prateleiras e mais prateleiras de história desde os conflitos que a sua nação enfrentou ao seu tema favorito, os humanos. Quando tinha por volta de seis anos, fora pela primeira vez a essa sala e foi ai que em meio a tantas opções, um livro de couro marrom com uma fivela chamou a sua atenção, um livro o qual possui em suas páginas amareladas o assunto mais polêmico de seu reino, os seres humanos.
Descritos como criaturas arrogantes, egoístas e mortíferas, causavam raiva ou temor em toda a população dessa localidade. Seus antepassados, a mais ou menos duzentos anos atrás, foram descobertos por humanos que com toda a sua ganância, os caçaram para obter seus dons. Cada sereia ou tritão, nascia com algo que o tornava diferente, seja pela capacidade de curar ferimentos a uma voz hipnotizante que sem esforços, conseguiria atrair a quem quisesse com apenas alguns murmúrios.
Infelizmente, nesse conflito quem saiu vitorioso foram os de cima que após massacrar o seu povo, com suas facas e armas primitivas que ainda possuíam mais poder do que os seres místicos, o que os levou a nunca mencionarem os moradores da terra e a viverem confinados apenas em sua metrópole, mas a princesa não possuía as mesmas opiniões. Acreditava que nem todo o ser vivo era ruim e gostaria desde o mais profundo de seu âmago, tirar as suas próprias conclusões sobre estes e não deixar-se influenciar por algo que nem sequer vira com seus olhos.
Suas divagações foram interrompidas ao ouvir o banque da porta da biblioteca contra a parede pela forma brusca como fora aberta.
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Tears of the sea
FanfictionEm águas misteriosas de correntezas assustadoras, além do que os olhos humanos podem sequer imaginar, ergue-se majestosamente o tão famoso reino de Atlantis. Anya é a princesa de tão misteriosa terra. Sempre curiosa e independente, ouviu falar sobr...