Josh...

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.*pode conter gatilho*
*coloquem, se puderem, som de chuva no fone*

Any On

Eu sempre fui fã da chuva. O que tem de especial? Poxa... realmente não sei. Isso é estranho, certo? Amar algo que não se pode entender. Mas, pensa comigo. A chuva é um dos fenômenos mais lindos da natureza. Claro, se tornou algo meio que ignorado, pode acontecer qualquer dia e a qualquer hora, até mesmo atrapalhar nossos planos. Que chato. É aí que está! A beleza dela existe onde todo mundo ignora e...

- Any- Ouvi minha mãe atrapalhar meus pensamentos- Sonhando acordada de novo? Vim te chamar. O almoço está pronto. Você precisa comer um pouco.

- Pode ir. Chego lá daqui a pouco- Respondi cabisbaixa

Continuava com os olhos focados na janela por onde via o mar agitado. Estava chovendo como nunca antes. Parecia que o céu estava caindo do lado de fora. E isso não me trazia boas lembranças...

Três crianças na beira da praia, escondidos dos pais, num dia como esse, a chuva na mesma intensidade e o mar mais agitado ainda. Nunca daria certo mesmo.

Fazem cinco anos, mas mesmo assim eu preciso ir ao psicólogo todos os finais de semana.

Eu simplesmente não consigo. Todas as vezes que fecho os olhos o meu quarto inunda e eu vejo o Josh pedir por socorro.

Eu e meu maldito amor pelo mar. Teria sido tudo diferente. É culpa minha.

- Any- Minha mãe bateu na porta para me chamar atenção- Eu sei no que está pensando. E de uma vez por todas, eu te peço, você precisa superar isso. Eu não aguento mais te ver desse jeito. Agora desça, estamos te esperando para comer.

- Certo- Ignorei o papo sobre meu trauma e saí do quarto

- Filha! Você não vai acreditar- Meu pai parecia animado enquanto colocava um garfo com macarrão na boca- As pranchas novas chegaram hoje. São lindas. Você vai amar. São sua cara.

Prancha, surfe, mar, água, Josh...
Tudo invadia minha mente de uma vez. Sem piedade.

- Pai, não tente me convencer, por favor- Pedi

- Já fazem anos, filha- Ele segurou meu braço quando eu sentei- Eu sinto falta de te ver nas ondas.

Suspirei olhando o prato na minha frente. Minha irmã deu um grito e meus pais se assustaram por causa do trovão. Eu apenas ri.

- É só um som- Expliquei- Não vai te fazer nada, Belinha.

- Mesmo assim é horrível- Ela se sentou ao meu lado com a mão no peito

Almoçamos com calma. De vez enquando a luz dos raios e o barulho dos trovões faziam meus pais e minha irmã se assustarem. Eu ignorava tanto eles quanto meus pensamentos.

Depois de comer ajudei minha mãe com a cozinha e voltei para o quarto. Meu celular tocou e eu pensei em fingir que não vi. Mas era a Sabina, então atendi.

- Any?!- Chamou- Está tudo bem, não está?

- Sim, estou bem- Respondi- Obrigada por se preocupar.

- Eu sei como você fica em dias de chuva- Ela suspirou- Nada mais justo do que ao menos ligar.

- Eu amo a chuva, você sabe disso- Ri de leve

- Você ama a chuva, mas ela não te traz boas memórias e.... vamos trocar de assunto, ok? A Joalin está animadíssima com as pranchas novas. Vamos passar na sua casa amanhã, pode ser? Assim podemos escolher uma para treinar.

Brave Sea - Noany Onde histórias criam vida. Descubra agora