16: Don't Speak

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Lauren Jauregui's point of view

Quando cheguei na casa de Camila, já era noite e as luzes estavam apagadas. Me aproximei da varanda e colei o a testa no vidro, tentando ver se tinha alguém ali dentro. Olhei ao redor e estiquei minha mão até o vaso de flores e peguei a chave reserva.

Abri a porta e entrei devagar fechando em sequência. A casa estava escura, aparentemente sem a presença dela. Quando cheguei perto do sofá, fui surpreendida por uma chave de braço e o cheiro de Camila me invadiu.

-Ficou louca?. -Rosnei batendo em seu braço e ela me soltou, me fazendo respirar fundo.

-Lauren?. -Ela ligou a luz e então nossos olhos se encontraram. -Ai meu Deus, você não foi presa. -Ela tentou me abraçar e eu me afastei.

-Não graças à você. -Respirei fundo e molhei os lábios negando. -Você não seguiu o plano.

-Eu fiquei desesperada, desculpa. -Ela me encarou evidentemente arrependida, seus olhos desceram para meu pescoço. -O que...O que é isso no seu pescoço?. -Perguntou dando passos para trás e eu à encarei séria.

-Eu sou policial. -Ela franziu a testa e abriu levemente a boca.

-Desde quando você é policial?. -Perguntou ainda se afastando.

-Desde os meus dezenove. -Ela olhou para o chão e depois pra mim.

-Mas você tem...

-Vinte e três. -Ela olhou para cima como se tivesse digerindo as minha palavras e então mordeu o lábio.

-Porra Lauren. -Ela soltou apoiando as mãos na cintura. -Mentiu pra mim esse tempo todo, caralho. -Ela gritou dando passos para frente.

-E enquanto à você?Quis me jogar na cadeia pra salvar a porra da própria pele.

-É diferente, ok?Eu não menti a minha idade, muito menos a minha profissão com você, fui sincera desde o início, me entreguei à você. -Ela estava chateada, muito chateada.

-E daí?Eu também me entreguei à você Camila, eu só menti porque estava disfarçada.

-E agora?Vai fazer o que?Me prender por saber que fui eu que fiz tudo?Matei meus pais, minha tia, o garoto, a Leah. -Joguei os cabelos para trás.

-Na verdade, eu salvei a sua pele mais do que você acredita que eu tenha salvado. -Ela me encarou. -Você não matou seus pais Camz, a sua empregada matou e tentou te matar também. -Ela me encarava.

-Não, eu matei eles, foi eu que matei eles. -Ela gritou apontando para si mesma.

-Não foi você, a sua empregada da época confessou, você está livre desse crime e contra a Rosalinda é óbvio, porque eu e você já sabemos que foi a Dinah e câmeras de segurança da casa onde vocês estavam, já condenou ela.

-Por que tá me falando isso agora?Por que?. -Ela gritou e as lágrimas começaram a molhar o seu rosto. -Por que me deixou fazer o que fiz, pra me dizer isso agora?.

-Foi difícil seguir com isso tanto quanto você, eu era uma policial infiltrada pra prender a Dinah e acabei me envolvendo na história. A morte do garoto vai ser justificada como auto defesa e você responderá um processo pela morte de Leah, mas Dinah quem irá ser condenada.

-Isso não tá certo, você deveria me prender, foi eu que enforquei ela até a morte, foi eu, com as minhas próprias mãos. -Ela gritou.

-Eu sei, mas você estava sendo manipulada por Dinah, seu psicológico estava fraco por tudo que tinha te acontecido e... -Ela avançou em cima de mim e eu desviei do caminho. -O que tá fazendo?Vai me atacar agora?Eu estou tentando te proteger. -Gritei.

-Não fala, eu não quero te ouvir. -Ela gritou vindo novamente para cima de mim e dessa vez o soco acertou em cheio meu rosto. -Você mentiu pra mim. -Ela me empurrou, me fazendo cair no carpete e subiu em cima de mim.

-Para com isso Camila. -Tentei segurar seus braços e ela tentava me enforcar.

-Para, de falar. -Ela rosnou e eu soquei sua barriga, fazendo-a cair para o lado e me afastei rapidamente tossindo.

-Eu estou grávida, você esqueceu?. -Falei fraca e ela me encarou tossindo. -Você quer mesmo continuar com isso?Você quer se curar disso ou quer me matar e ir pra cadeia?.

-Eu te amava Lauren. -Ela disse negando e eu me levantei devagar.

-Eu te amo, por isso estou fazendo tudo pra salvar você. -Me aproximei dela que me encarava com uma cara de choro. -Por favor, para de tentar lutar contra si mesma e deixa eu te ajudar. -Me ajoelhei ao seu lado e ela se encolheu. -Camz. -A abracei e ela começou a chorar, me fazendo respirar fundo e fechar os olhos.

Era óbvio e evidente que Camila não estava bem, tinha sofrido abusos mentais e para sair daquilo iria ser uma luta de longos meses ou talvez anos. Eu estaria aqui para ajudá-la se ela quisesse, mas não poderia confiar cegamente nela agora, ela estava magoada e poderia fazer de tudo pra curar-se disso.

...

Assistia Camila dormir serenamente enquanto limpava o corte em meu rosto graças ao seu soco. Não podia acreditar que ela me bateu e ficou tão furiosa por eu ser policial.

Tudo bem que eu poderia ter contado desde o início, pois confiava nela de olhos fechados. Mas Camila adorava Dinah como se fosse um deus, eu não poderia arriscar toda a missão por causa de um amor.

Por mais que eu à amasse e tivesse vontade de dizer assim que descobri estar grávida, eu não poderia arriscar mesmo, tudo saiu mais ou menos como eu queria que fosse, menos a parte da nossa briga mais cedo.

Molhei os lábios acariciando seu rosto e suspirei levando a mão até minha barriga e pensando no que faria dali pra frente. Camila teria de passar por acompanhamento psicológico pra tratar de todos os traumas que viveu todos esses anos, desde a morte do seus pais.

-Laur. -Ela resmungou me fazendo olha-lá, ela me encarava com uma cara de choro.

-O que foi amor?. -Perguntei acariciando seu braço.

-Eu tive um pesadelo. -Ela murmurou se sentando e eu sorri de lado. -Você ainda está aqui. -Ela me encarou.

-Claro que sim, não vou sair daqui, nunca mais. -Beijei sua mão e ela suspirou ainda me encarando. -O que foi?. -Perguntei baixinho e ela olhou para minha barriga.

-Hum...Qual nome vamos dar para o bebê?. -Guardei as coisas que estava usando para o ferimento e coloquei em cima do criado mudo.

-Eu ainda não pensei em nada. -Falei me aconchegando na cama ao seu lado. -Você já pensou em algo?. -Ela me encarou enquanto brincava com minha blusa.

-Na verdade, se for uma menina...Podemos colocar o nome da minha...Tia?. -Sorri de lado e coloquei algumas mechas atrás da sua orelha.

-É claro amor, é um lindo nome. -Ela assentiu e encostou a cabeça em meu peito e acariciou minha barriga.

-Estou ansiosa para saber o sexo. -Falou baixinho dedilhando ali. -Desculpa por ter te batido mais cedo, eu nunca encostaria um dedo em você dessa maneira, eu estava fora de mim. -Segurei seu rosto e me inclinei juntando nossos lábios.

-Amor, eu sei que você nunca me agrediria, relaxa. -Ela assentiu e eu selei novamente nossos lábios.

-Como se sente namorando alguém mais novo que você?. -Dei risada e maneei com a cabeça.

-Me sinto velha. -Demos risada e eu sorri. -Mas eu te amo, então a idade não importa. -Ela juntou nossos lábios e acariciou minhas costas.

-Eu amo você, demais. -Sorri e voltamos a nos beijar.

Together - Camila Intersexual [Mini Fic]Onde histórias criam vida. Descubra agora