"Que tal ir pra minha casa amanhã?"

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Acho que estou desaprendendo a falar, me perdi tanto nas coisas que aconteceram que não sei nem o que dizer. Ah, como vocês estão? Eu estou me sentindo bem confusa.

Os meus queridos amigos – leiam essa frase com MUITA ironia, obrigada – resolveram comprar algumas bebidas para eles depois que eu sugeri que dormissem lá em casa, inclusive, amanhã é sexta e feriado então eles querem "aproveitar".

Eu estou sentada sobre a minha cama com meu bom e maravilhoso açaí, e eles estão praticamente bêbados e quase nus aqui. Meu irmão vai fazer um extra por ser feriado e pra tirar uma folga também.

Estou apenas observando a linda vergonha que eles estão passando, tomando meu açaí e ignorando a bagunça que eles fizeram desde a hora que chegaram aqui.

— Ok, pra mim já chega. Vou tomar um banho, não quero acordar com ressaca amanhã. — Victor disse e largou a latinha de cerveja na escrivaninha, indo pra o banheiro com uma toalha que dei a ele.

Lucy subiu na minha cama, ficando por cima do meu corpo, o que me fez recuar um pouco por ela estar bêbada e eu por saber o que poderia acontecer estando sozinhas.

Ela se abaixou até a altura do meu rosto, comigo deitada e ela praticamente de quatro por cima.

Eu conseguia sentir o cheiro da cerveja, e cara, que troço ruim. Coloquei duas colheres de açaí na boca dela só pra amenizar e funcionou. Lucy não parava de olhar para a minha boca e só agora ouvi o som do chuveiro ligado.

— Me diz que eu posso te beijar Rae. — Ela quase implorou, roçando sua boca na minha.

Minha respiração tacou o foda-se e acelerou. Ela mexe comigo, não controlo essas coisas.

Só coloquei minha mão em sua nuca e a puxei para baixo, unindo nossos lábios lentamente. Nossas línguas logo se tocaram com intensidade, e ela trocou as posições, me deixando sentada sobre o seu colo.

Afastou sua boca da minha depois de um curto tempo e eu senti falta, mas um calor subiu derrepente quando começou a espalhar mordidas pelo meu pescoço, é notável que eu perco o controle fácil né? Beleza, não falamos mais disso.

Eu agarrei o cabelo dela com uma das mãos, puxando brevemente e depois apenas apertei, enquanto a mão dela se posicionava na minha cintura.

Preciso dizer que só tenho "experiência" em beijo e que se ela tentar transar comigo vou ter um piripaque/ataque cardíaco? Fora que, Victor ainda está a uma parede de distância.

Lucy me apertou contra ela e me beijou novamente, talvez ela queira tentar algo comigo, ela sabe dos meus medos e entende porque nunca transei, mas sei lá, será que eu estou pensando demais?

Quando notei alguma coisa ao meu redor, Victor estava nos olhando da porta do banheiro, eu quase rebolava em cima de Lucy e ela não parava de apertar várias partes do meu corpo.

— Poderiam ter me chamado, sabe. Só de olhar vocês isso me excitou um pouco. — Me lembrem de não ficar sozinha com eles após beber, agradeço.

— Engraçadinho. — Lucy sorriu, e olhei para os lábios vermelhinhos e levemente inchados da garota. Não, pera... Não vou nem me explicar.

Tentei sair do colo dela mas já sabem, né? Não deixou e me abraçou daquele jeito. Mais uma coisa: nada de usar roupa curta ao lado de uma Lucy bêbada, vou criar uma lista.

Espalhou alguns beijos desde o meu rosto até os meus seios, que ainda estavam cobertos pelo tecido fino da camisa que eu usava, depois ela me deu um selinho e me deixou sobre a cama.

— Vou tomar um banho. Não pegue o que é meu. — A última frase foi apenas para Victor, mas até eu estranhei essa "dominação" comigo.

Meu querido amigo se trocou na minha frente e eu afundei o rosto no travesseiro. Não falamos nada e senti quando ele se sentou ao meu lado, mas continuei do mesmo jeito.

— Você disseram que isso não ia se repetir. — Pois é galera, ele sabe de tudo. Inclusive, já pediu pra participar só que não rolou, a história é longa, me lembre de contar depois.

— Eu não entendi por que ela começou com isso de novo.

— Vamos ver o que acontece dessa vez.

Era surpreendente a forma como meus únicos amigos me odeiam.

Hoje é uma sexta feira, um feriado incrivelmente maravilhoso pra ficar em casa e comer até não aguentar mais, mas o que eles querem? Ir pra praia e me acordar as cinco da manhã. Que vacilo cara.

Ontem dormimos um pouco tarde – no caso, eu e Victor já que a cabelo de fogo capotou na cama – e cá estamos nós, arrumando uma bolsa para ir para a praia e aproveitar um dos poucos dias de sol por aqui.

Convidei Damian e ele vai levar seus amigos também, e agora que parei pra pensar, só vai ter eu e Lucy de meninas nesse rolê, putarolacubaguete, socorro.

Sem surtos hoje, ok? Ok. Isso não vai dar certo, Jesus me defenderay.

Coloquei um biquíni completamente preto e um vestido branco por cima, calcei minha chinela e arrumei o cabelo com os dedos, o que não adiantou muito.

Em menos de uma hora, já estávamos a caminho da praia, os meninos iriam nos encontrar lá e eu tava felizona tomando meu café gelado, ouvindo 'Fire no último volume.

Lucy estava morta no banco de trás, Victor olhava a rua cantando comigo e eu, bem plena como se não quisesse matar os dois.

A praia estava vazia por ser quase sete horas, então teríamos temos para achar um lugar bom. Ficamos perto de um restaurante conhecido e ficamos sentados em uma das mesas, esperando os outros chegarem.

Passei protetor com a ajuda de Lucy e me sentei em uma das cadeiras pra vê se bronzeava, mas eu sempre fico vermelha, é uma verdadeira bosta.

É cedo pra dizer que me arrependo de ter vindo?

Estou bem isolada enquanto tomo água de coco, sentindo minha pele torrar nesse sol. Tava frio ontem, o sol veio na força do ódio.

Os outros estão jogando vôlei e acho melhor eu fazer alguma coisa. Já estava sem o vestido e fui para a água.

Agora são nove horas e está começando a encher de gente por aqui, já falei que odeio multidão né? Ótimo.

Estava um pouco fundo e as ondas mais altas, mergulhei e fiquei uns segundos embaixo, mas logo voltei, jogando o cabelo para trás. Confesso que senti falta de vir aqui.

Voltei para a areia mas parei de andar ainda perto do mar e me sentei, olhando as ondas e sentindo a água fria chegar até mim. Estava sentindo frio por estar molhada, mas é meio lógico que ia sentir frio, Santa burrice. Eu mesma me xingo.

Ouvi alguém sentar ao meu lado e o olhei, com um sorriso tímido.

— Você já está vermelha. Por que não joga com a gente? — Damian perguntou, passando o braço pelos meus ombros e quase nos colando.

— Meu tamanho não favorece, caso não tenha notado. — Ter 1,62 é sofrido.

— Melhor sair do sol um pouco, amanhã provavelmente vai 'despelar.

— Até que não, passei protetor duas vezes e quando chegar em casa vou passar hidratante depois de me lavar, mas vou passar uns dias vermelha.

— Vem, vamos andar um pouco.

Dami – ui, tô bem íntima – me puxou para cima e continuou com o braço nos meus ombros, começando a andar para a parte mais vazia da praia.

Estávamos andando em silêncio e bem perto da água, sentindo o gelado em nossos pés. Meu cabelo estava quase seco e meu corpo também, só o biquíni que estava molhado, ensopado na verdade.

Em um certo momento, o garoto se colocou na minha frente derrepente e olhou fundo nos meus olhos, se é que ele conseguiu já que meu olho estava pequeno pelo sol, mas isso nós relevamos. Passou uma das mãos da minha bochecha e sorriu.

Que tal ir pra minha casa amanhã?

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