⏤ 𝗖𝗮𝗽í𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭

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- 1 real de pão francês e 1 real de pão de coco. - Falei para a mulher ajeitando o dinheiro em moedas nas minhas mãos para não perder.

Eu odeio andar com moedas.

- O quê? - Ela se ergue virando um pouco o rosto.

Bufo revirando os olhos.

- Eu disse 1 real de pão franc...

- Eu não estou te ouvindo! - A mulher exclama e eu me pergunto se ela tem algum problema auditivo.

- 1 REAL DE PÃO FRANCÊS E 1 REAL DE PÃO DE COCO! - Grito e a mulher me olha com os olhos arregalados e as pessoas da fila atrás de mim também. - Entendeu agora?!

Ela bufa indo pegar a sacola e isso responde por si só.

É. Parece que vou ver um monte de pão com formas tortas e o pão de coco com pouco doce de coco em cima. Mas eu vou fazer o quê? Já tem 6 anos que moro nesse bairro e vou todas as manhãs comprar pão aqui, e sempre peço as mesmas coisas. Era de se esperar que a pessoa que me atendesse durante esses 6 anos, já tenha decorado meu pedido. Mas parece que além dessa mulher não decorar meu pedido com 6 anos de treinamento, ela ainda fingi que não me ouve. E não vai ter no mundo quem me convença que essa mulher não finge que não está ouvindo de propósito, porque está sim! Quem já se viu alguém não ouvir uma pessoa que está no máximo a 30 centímetros de distância de você?

- Já vou! - Ouço a voz que eu conheço e olho para cima vendo a mulher que estava segurando meu pedido deixar a sacola no balcão e ir para Nárnia.

Parece que ela realmente ficou brava. Agora vou ter que esperar uma eternidade e ainda por cima com um velho resmungando como suas cadeiras estão doendo atrás de mim.

- Essa merda não vai andar não ó.. Bichinha? - Sinto o velho atrás de mim cutucar meu ombro e finjo que não é comigo enquanto mexo no meu celular. - Ei! Você aí! A fila já está andando? Eu quero mijar! - Ouço sua voz falhada pela idade e reviro os olhos aceitando que não vou ter paz essa manhã.

Me viro para trás com um sorriso educado.

- A moça saiu, mas já volta. Depois de mim logo é o senhor, então você vai poder... Mijar. - Falei a última frase vendo o rosto enrugado do velho ficar em uma expressão que não consigo explicar se ele está bravo, ou fazendo o seu xixi aqui mesmo.

Ai meu Deus... Tudo o que eu não presciso, é ter pães deformados com pouco doce de coco e ainda um velho mijento atrás de mim.

- Não! - O velho exclama me assustando um pouco. - Eu quero... Eu quero... - Fechei os olhos como se ele fosse uma bomba através de explodir. Talvez ele fosse, explodiria de mijo. - EU QUERO CAFÉ!!! QUERO CAFÉ!!!

Fiquei pasma com a situação e sem querer quando ele gritou dei um pulo derrubando todas as moedas de 5 centavos no chão. E é por isso, que eu não gosto de andar com moedas.

- Pai, por favor, aqui não! - Um adulto surgiu segurando fraco o braço do velho que tinha seu queixo muito erguido por falta de dentes.

Logo o velho foi se acalmando.

- Desculpe. - O velho resmungou e seu possível filho saiu carregando ele pelo mercado.

É muita coisa para um dia só. Ainda tem as benditas moedas. Olho para o chão e elas estão todas espalhadas, parece minha coluna depois quando eu for catar todas elas.

Me agachei colocando meu celular cuidadosamente virado com a tela para o chão, bem longe de pés humanos, enquanto resmungava um palavrão começando a catar as moedas. Já tinha catado quase todas, mas ainda faltava uma bendita moeda de 50 centavos que eu tinha reservado para comprar balas, mas estáva debaixo do balcão. E eu teria que ficar de quatro bem empinada para poder pegar, lembrando que é no meio de um mercado.

Eis a questão: Minhas balas ou bunda empinada no meio de um mercado com câmeras me gravando.

Mas minhas vermes que denominei de Jãovaldas falaram mais alto e outra que iria ser bem rapidinho.

Isso tudo acontecendo e nem um sinal da droga da mulher com meu pão. Eu devia ter pegado a sacola e sair correndo. Eram pães deformados mesmo.

Me agachei hesitantemente. Estava quase lá... 3 centímetros... 2 centímetros... 1 centíme..

- Oi!

Bati minha cabeça no balcão por causa do susto e logo me levantei rápido desejando que ninguém tivesse visto isso. Era uma mulher na faixa de 40 anos sorrindo para mim, mas seus olhos pareciam estar confusos enquanto me olhava.

Liga não. Se eu fosse ela, também não quereria ser eu.

- Moça, seu pedido. - Ela apontou para atrás do balcão e vi a mulher segurando minha sacola com um sorrisinho debochado enquanto eu fechava meus olhos de pura raiva.

Literalmente joguei as moedas e me virei me agachando para pegar meu celular. Saí da fila e me sentei em uma mesinha que tinha por perto para acalmar os nervos. Hoje o dia estava puxado, isso que era de manhã! Abri a sacola e minha teoria de pães deformados e com pouco doce de coco havia se concluído. Olhei de longe para a atendente e ela me olhou de canto de olho sorrindo. Desgracenta!

Bufei olhando que horas se fazia e já se passava meia-hora que eu estava tentando comprar pão. Minha mãe deve estar achando que eu fui raptada.

- É melhor eu ir. - Resmunguei para mim mesma.

Mas antes de ir, peguei o celular e virei ele para o lado da capinha transparente e vi o photo card que tanto amava do Jungkook.

Aí! Um dia eu vou ver esse delícia! Pensei acariciando a foto como sempre faço pegando o impulso de levantar.

- Oi! - Ouvi alguém exclamar para mim e levei um leve susto. Era a mulher que havia feito eu bater a cabeça no balcão. Mas não queria ser rude com ela, pois a mesma não tinha intenção. E além de tudo me olhava com um sorriso carinhoso e acolhedor. - Eu estáva vendo você lá na fila e parece que você estáva em apuros. - Deu uma pequena gargalhada, e eu sorri envergonhada. - Eu vinha ver se você estáva bem, mas vi você acariciando a foto no seu celular... - Ótimo, ela vai achar que eu sou louca! - Esse menino é lindo! É seu namorado?

Ela está achando que o Jungkook é meu namorado? Hmm...

𝐏𝐇𝐎𝐓𝐎 𝐂𝐀𝐑𝐃, Jeon Jungkook (editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora