Prelúdio: O produto do pecado

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"Seu coração tornou-se orgulhoso
por causa da sua beleza,
e você corrompeu a sua sabedoria
por causa do seu esplendor.
Por isso eu o atirei à terra;
fiz de você um espetáculo
para os reis. Por meio dos seus muitos pecados
e do seu comércio desonesto
você profanou os seus santuários.
Por isso fiz sair de você um fogo,
que o consumiu,
e reduzi você a cinzas no chão,
à vista de todos
os que estavam observando."

— Ezequiel 28:17-18

Distante da Terra, mais longe do que o Sol VY Canis Majoris, à 4.892 anos-luz do planeta dos seres humanos, havia uma dimensão paradisíaca, onde tudo e todos eram seres perfeitos e gloriosos. Era o lugar em que todos os sujeitos terrários desejavam morar após a sua morte, conhecido como o Paraíso.

Entre uma massa de nuvens, rechonchudas e fofas, igual os algodões doces que os humanos infanto-juvenis adoravam comer, os seus pequenos fragmentos deslizavam sobre uma pele branca, semelhante ao porcelanato, lisa e brilhante e suas longas e grandes asas, em um mesclado de branco e cristal, balançavam harmoniosamente e eram tão belas quanto as estrelas que o ser celestial gostava de contemplar.

Este ser se chamava Park Jimin.

Seus cabelos macios e loiros caíam sobre a sua testa e seus olhos eram tão azuis quanto a cor do céu em uma bela manhã. O balançar suave das suas asas balançava as folhas douradas de uma árvore atrás de si, tão cheia de vida. O aroma amadeirado se espalhava pelo ar puro deixando-a mais natural e florestal, Jimin adorava aquela atmosfera.

Estava no Jardim do Conhecimento, o favorito do Jimin, um local onde sempre permanecia quando o dia passava para a noite, e os humanos caíam em um abismo inconsciente para as suas rotinas do dia seguinte, para olhar as estrelas e a lua.

Não era à toa que era chamado de anjo da Noite e das Estrelas.

O vento balançava as suas vestes brancas e confortáveis, e o som angelical de harpa soava adentrando e saindo pelas fendas entre as nuvens, ricocheteando as paredes invisíveis que dava para o Lago da Esperança, produzindo um estupendo eco. Elas eram manuseadas pelas mãos habilidosas de outro anjo da música próximo a si. Sentada em uma fonte de ouro, a sua irmã deslizava seus dedos de maneira leve pelas cordas da grande harpa igualmente de ouro, pousada em seu colo. Os seus cílios acariciavam as suas bochechas e os seus cabelos caíam onduladamente pelos seus ombros. Atrás de si, os brinco-de-princesa¹ deixava as suas asas cândidas com os sutis tons rosados mais chamativos e belos.

De vez em quando, a jovem deixava um lindo sorriso aparecer em seus lábios a cada vez que reproduzia uma nota alta da harpa. Jimin apreciava a sua irmã Jennie entregue de alma e coração à música, que exalava uma calmaria contagiante a todos os seus outros irmãos do céu. Deu um sorriso e voltou o olhar para o céu que escurecia e dava brecha para os pontos brilhantes mais lindos que o Trono já fizera em toda a sua eternidade.

Sentiu a ansiedade tomar conta do seu corpo. Pretendia fazer 300 mil estrelas até o amanhecer, já que perdera muitos delas para supernovas, e até para os buracos negros quando mais densos. Ouviu a música parar e a voz doce do anjo da Música em sua direção.

— Irmão, tu sabes o que é amor? – Perguntou curiosamente, atraindo a atenção do anjo da noite, que estalara a sua língua.

— Claro que sim, é o amor que sentimos ao Trono – falou obviamente tentando disfarçar seu nervosismo.

— Eu sei, irmão, o que eu estou a dizer é outro tipo de amor... Tu sabes qual é? – Largou a sua harpa ao seu lado, sobre a pedra de cerâmica esbranquiçada da fonte. O ouro do instrumento musical brilhava e destacava-se diante de todo aquele claro.

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⏰ Última atualização: Jul 28, 2020 ⏰

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