Capítulo 1

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   Os ponteiros do relógio beiravam a meia noite. Eu estava deitado em minha cama, ouvindo a melodia noturna da cidade entrar pela janela estreita do quarto. Observava os prédios altos e luminosos em busca de algo maior e mais acolhedor no horizonte, que estava coberto por nuvens que se destacavam entre a escuridão, devido a luz da lua que refletia por de trás delas.

  As noites solitárias não me incomadavam como antes, no entanto, a angústia havia tirado meu sono - e assim - movia meus pensamentos mais sombrios à dominarem minha paz.

  Sair de casa era uma opção - assim como ficar e esperar a noite terminar. Poderia rezar para acalmar minhas frustrações, mas não saberia por onde começar. Acabei perdendo meu tempo aprendendo a adorar as futilidades do mundo.

  Tomei a decisão de Sair noite à fora sem rumo, apenas queria caminhar até cansar, por mais que mentisse para mim mesmo, no fundo eu sabia minha real intenção. Caminhei por ruas desertas, atravessei nos cemáforos em sinais de atenção - e vez ou outra - era surpreendido por algum carro que espantava momentâneamente a sensação de estar só.

  Ao passar próximo à uma lixeira, um cachorro surgiu por de trás dela; era de uma raça pequena, com pelos ralos de cor preta e com pequenas partes amarelas próximo ao focinho. Demonstrou entusiasmo ao mexer o pequeno "toco" que havia sobrado do seu pequeno rabo.

  Não entendia sua alegria, já que eu nunca o tinha visto antes e nem trazia qualquer alimento comigo. Ele se aproximou das minhas pernas para farejar. Em um ato caridoso acariciei sua cabeça e voltei à caminhar, mas o pobre cãozinho passou a me seguir, tentei espantá-lo com batidas de pé ao chão e segui em frente.

  Havia uma ponte que ligava uma cidade à outra - abaixo dela passava um rio poluído que atravessa boa parte do estado. O cheiro de esgoto era forte, demorou um certo tempo para acostumar minhas narinas. Aquele lugar sem vida era ponto turísticos para os suicidas, pessoas que assim como eu, se julgavam abortos mal sucedidos.

  Para mim o fim da linha havia chegado.

Olhe Para Baixo Da Ponte [Conto]Onde histórias criam vida. Descubra agora