Uma Noite

Capítulo 5

Jay me levou para seu escritório e começou a explicar todos os detalhes sobre as agências, à primeira vista não parecia um trabalho difícil, mas era melhor prestar atenção para não ter que ficar perguntando repetidamente.

Meus meses de treinamento passaram rapidamente, na indústria do entretenimento não existe um horário, mas o clima tranquilo do prédio fazia o trabalho ficar mais tranquilo. Com o tempo fui aprendendo a lidar com cada um, e os meninos divertidos, por trás das telas conseguiam ser ainda mais animados, loucos, mas ainda assim responsáveis e até mesmo carinhosos. Com o tempo fui me sentindo mais livre para conversar com eles, e até participar das brincadeiras. Apesar disso, com o Jay a história era outra, talvez ter dormido com ele me impedisse de ser mais solta, ou talvez só era medo de não o agradar e acabar sendo demitida novamente.

Apesar do aviso, nos primeiros meses não houveram viagens, nem idas a casa dele, ou tão pouco eu sendo motorista. Mas estava tranquila quanto a isso, manteria meu foco e seria a melhor, e se caso necessário, ficaria só até conseguir um trabalho em outro lugar.

Jay apesar de não parecer, quando se tratava de negócios, era muito centrado, fazia questão que tudo ocorresse bem, para que todos os artistas tivessem condições de fazer um show perfeito, essa era a palavra-chave dele, tudo deveria ser feito com perfeição para que nenhum problema ocorresse. Com o tempo fui me acostumando a ele não brincar tanto quanto parecia nos programas, isso só acontecia quando ele estava com os outros nas áreas de descanso, e algumas poucas vezes no estúdio de gravação.

Em algumas de minhas folgas encontrava com alguns colegas que fiz na minha antiga empresa, era bom sair para beber um pouco e relaxar, não éramos uma equipe muito unida mas depois da minha saída percebi que se devia ao fato de que sempre que decidíamos sair nosso chefe decidia ir junto e deixava a todos desconfortáveis e porque eles tinham medo de falar algo que pudesse prejudicar, afinal de contas, eu ocupava um cargo considerável. Segundo eles eu fazia muita falta, mas infelizmente é assim, quando o lucro cai, alguém deve sair, e eu fui a escolhida.

Também acabei descobrindo que meu chefe teve outro motivo para me demitir, uma sobrinha havia terminado a faculdade e estava em busca de um emprego, e como minha vaga era bem interessante, eles decidiram que seria ela mais útil ao trabalho. Segundo meus ex-companheiros, ela estava longe de ser alguém qualificada, sendo muitas vezes mimada até mesmo no local de trabalho e cometendo muitos erros que acabavam sobrando para minha antiga auxiliar resolver. "Se você soubesse o quanto eu tenho saudades de você, aquela garota é terrível, daqui a pouco vai vender ou assinar algo errado e eu não vou ter capacidade de resolver isso." Eu somente ria, agradecia os elogios e falava para ter paciência com a novata, ela era inexperiente, com o tempo ia pegando o jeito certo de trabalhar, e minha frase era sempre seguida de um duvido muito ou um sem chance, o que me fazia pensar se eu estivesse lá, qual encrenca eu estaria enfrentando.

"Lorena hoje preciso que me leve até minha casa e aproveite para pegar alguns papeis sobre o novo álbum do Sik, depois poderá ir para casa."

"Sim, senhor Park."

Descemos até a garagem, e ele me entregou a chave, quando apertei para destravar uma Mercedes Benz branca apitou, parecia que mesmo não gostando de dirigir ele curtia ter mais de um carro em casa. Entrei no banco do motorista, e ele foi atrás, os olhos focados no celular.

Segui pela avenida e quando estava próxima de virar para ir em direção ao apartamento daquela vez ele me pediu para seguir em diante. Estranhei o comando, mas segui o caminho que ele falou. Logo estávamos entrando por um portão grande, onde uma linda casa se revelava. Quando parei o carro fiquei ainda mais chocada, era algo fino, delicado, de muito bom gosto, parecia que cada detalhe foi muito bem pensado para estar em um lugar muito especifico.

"Está é minha casa, espero que tenha decorado o caminho já que deverá vir aqui mais vezes." Olhei pelo retrovisor, e podia ver o sorriso sacana em seus lábios, ele ainda se lembrava daquela noite, e ter ficado calado até o momento em que eu ia acabar tomando o caminho para o apartamento era só um jeito dele saber se eu também estava me lembrando do ocorrido.

Ele me levou até o escritório de sua casa, seu interior tão perfeito quanto o exterior, como eu disse, a palavra da vida dele era perfeição. Passou algum tempo me explicando tudo que tinha pensado para o álbum do Sik e disse que eu deveria levar algumas propostas para a reunião do dia seguinte.

"Como falei, esse também será um lugar que você frequentará muito, mas saiba que poucas pessoas sabem dessa casa, é um lugar exclusivo para as pessoas mais próximas de mim, não gosto de qualquer um andando por esses corredores. Como você sabe o apartamento é tido como minha casa oficial." Olhei em seus olhos e sabia muito bem o que significava cada uma daquelas palavras. Ele foi até o canto contrário do escritório e voltou trazendo algo.